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Crise é passe livre para cortar custos, diz diretor da GM

Para Carlos Zalenga, ao enfrentar cenários econômicos desafiadores como o atual, empresas ganham "coragem" para fazer ajustes agressivos


	GM: vários funcionários da montadora estão em licença ou lay-off
 (REUTERS/Jeff Kowalsky)

GM: vários funcionários da montadora estão em licença ou lay-off (REUTERS/Jeff Kowalsky)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 8 de maio de 2015 às 10h31.

São Paulo - Para Carlos Zarlenga, diretor financeiro da GM na América Latina, "crise é um passe livre para ser agressivo e atacar custos".

O executivo fez a afirmação durante o CFO Fórum, evento promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) nesta quinta-feira, em São Paulo.

Segundo ele, ao enfrentar cenários econômicos desafiadores como o atual, empresas ganham "coragem" para fazer ajustes agressivos que normalmente não seriam considerados e têm oportunidades de reformular o negócio. 

De fato, a montadora tem feito grandes cortes de custos e reduzido o ritmo de produção no Brasil. Na terça-feira, 325 funcionários da fábrica de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, entraram em licença remunerada por tempo indeterminado.

Na mesma planta, a montagem de alguns modelos caiu de 55 para 38 carros por hora. Além disso, pouco mais de 800 trabalhadores estão em lay-off (com contratos suspensos) até junho e há um plano de demissões voluntárias (PDV) em aberto.

Em outra fábrica, em São José dos Campos, foram suspensos nesta semana os contratos de 325 funcionários (lay-off), por três meses. Eles se somam a outros 473 que já estão nesse mesmo regime e retornam em agosto.

Plano de ação

De acordo com Zarlenga, em  tempos de crise é preciso agir no curto prazo, "não se pode só esperar o crescimento voltar". "Atacando custos, você cria condições para o longo prazo", disse.

"A primeira coisa [para reverter o quadro ruim] é enxergar a crise rápido, não lutar contra a realidade", afirmou.

No primeiro trimestre, a GM anunciou um lucro líquido global de 945 milhões de dólares, um valor abaixo do esperado. O resultado, de acordo com a empresa, foi pressionado pela fraqueza do mercado na América do Sul e Rússia.

Panorama

A crise acertou em cheio não só a GM, mas todo o setor no Brasil. Segundo dados preliminares da Fenabrave, há oito anos não se registrava um abril tão ruim em relação às vendas de veículos no país – 219.300 carros foram vendidos no mês.

A entidade estima ainda que 3.600 funcionários foram demitidos por montadoras de janeiro a abril deste ano. Além disso, com o fechamento de cerca de 250 concessionárias, outros 12.000 teriam sido dispensados.

Até o final do ano, outras 800 lojas devem ser fechadas, conforme prevê a Fenabrave, o que acarretaria a demissão de 40.000 profissionais no ano.

Para Zalenga, da GM, o impacto no segmento tem sido forte devido a uma combinação de fatores. O primeiro é o alto investimento na atividade industrial do país nos últimos cinco anos que, de acordo com ele, corresponde à mesma quantidade de dinheiro empregada nos trinta anos anteriores.

O segundo seria a retração não prevista da indústria (o mercado esperava apenas uma desaceleração do crescimento) e o terceiro, a volatilidade do câmbio. 

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