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Greve de caminhoneiros coloca Petrobras e Parente em xeque

Redução do preço do diesel lança dúvidas sobre a força da estatal para resistir a pressões; políticos questionam política de Parente na Petrobras.  

O presidente da Petrobras Pedro Parente (Sergio Moraes/Reuters)

O presidente da Petrobras Pedro Parente (Sergio Moraes/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 24 de maio de 2018 às 11h57.

Última atualização em 24 de maio de 2018 às 12h18.

São Paulo – O presidente da Petrobras Pedro Parente decidiu ontem reduzir em 10% o preço do diesel, como forma de acalmar os ânimos entre os caminhoneiros, em greve há quatro dias. A consequência foi ações despencando na bolsa e a dúvida sobre força da estatal para resistir a pressões do governo.

A medida vale por quinze dias. Depois deste prazo, a empresa já afirmou que retomará sua política de preços, que permite ajustes diários no valor dos combustíveis. Ontem, Parente fez questão de afirmar que a decisão era empresarial, sem interferência do governo.

Porém, a decisão lança dúvidas sobre a independência da estatal para manutenção de sua política de preços, condição imposta por Parente quando assumiu o comando da companhia.

“Mais do que as perdas financeiras, [a redução do preço do diesel] poderia representar uma mudança na abordagem gerencial da atual política de preços”, diz relatório da UBS sobre o tema.

A atual política da Petrobras permite que a estatal ajuste os preços dos combustíveis diariamente, conforme as mudanças no mercado internacional. Criada em meados de 2017, ela veio como resposta a uma prática do governo Dilma Rousseff, que represava os preços dos combustíveis como forma de segurar a inflação.

Apesar de aliviar os custos para o consumidor final, a medida petista gerou perdas importantes à estatal que, somadas às sanções surgidas no âmbito da Operação Lava Jato, trouxeram à Petrobras um longo período de resultados negativos. Foram quatro anos seguidos de prejuízos.

Porém, se de um lado a política de Parente agrada ao mercado, do outro pressiona o consumidor, como mostra a greve dos caminhoneiros. A alta do petróleo no mercado internacional tem levado a aumentos quase diários dos combustíveis na ponta.

Hoje, Parente vive com um pé na estatal e outro na BRF, onde assumiu o comando do conselho de administração no mês passado. A empresa, aliás, foi uma das grandes prejudicadas pela paralisação dos caminhões.

Já há quem diga que a crise com os caminhoneiros pode ser a deixa para o executivo deixar a estatal. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse ao Poder360 que irá convidar Pedro Parente a se explicar no Congresso. O próprio PSDB, partido ao qual Parente é filiado, acredita que o presidente da estatal exagerou no remédio.

Seja qual for o desfecho, o momento é de tensão na Petrobras.

 

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