Supermercados: vendas tiveram alta menor do que previsão feita pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) (Reinaldo Canato/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 10h36.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2019 às 10h38.
São Paulo - As vendas dos supermercados cresceram menos do que o previsto. No início de 2018, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) previa aumento de 3% em termos reais no faturamento anual do setor.
Em julho, depois da greve dos caminhoneiros, revisou a projeção para 2,53% de crescimento real. Os dados finais do ano passado revelam que a taxa real foi bem menor, não passando de 2,07%, ligeiramente superior à do primeiro semestre (2%), sempre descontando a inflação.
A Abras atribui essa evolução à greve dos caminhoneiros, que teve um efeito muito mais profundo na economia do que geralmente se pensa, e às incertezas que cercaram o período eleitoral, que teriam afetado a confiança dos consumidores.
Esses fatores certamente influíram, mas se deve levar em conta também que o desemprego continua em patamar ainda elevado, contendo a renda de milhares de famílias, obrigadas a sacrificar até a compra de produtos essenciais. Embora muitos milhares tenham reconquistado suas colocações, os salários pagos, em média, foram reduzidos, em função direta da maior oferta de mão de obra, o que afetou o padrão de consumo das famílias.
Não se pode deixar de considerar ainda que, como mostraram os dados do IBGE, o item Alimentos teve aumento de 40,04% em 2018, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 3,75%. Essa alta afetou o consumo, incluindo o de alguns produtos importantes para a mesa do brasileiro.
Há um dado, citado pela Abras, que confirma esse quadro. No mês de dezembro, as vendas dos supermercados tiveram alta real de 3,93%, como consequência direta de novos empregos criados e do pagamento do 13.º salário, que fortaleceram sensivelmente as vendas no fim de ano.
Apesar da frustração em 2018, a Abras é otimista com relação a 2019, ano para o qual voltou a projetar crescimento real de vendas de 3%. A entidade confia em que, com a posse do novo governo, comprometido com medidas econômicas que sustentem o crescimento, tais como controle de gastos públicos e simplificação tributária, haverá melhora do ambiente de negócios. Isso pode ter impacto positivo nos níveis de emprego e de renda, com efeitos diretos sobre as vendas.