Sergio Furio, da Creditas: crédito consignado pode ser o principal produto da empresa até 2022 (Germano Lüders/Exame)
André Jankavski
Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 19h47.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 20h45.
São Paulo – Mesmo com a economia teimando em não reagir, a fintech Creditas acredita que há bastante espaço para o crédito crescer no curto prazo. Para comprovar essa tese, nesta segunda-feira (17), a fintech especializada em empréstimo com garantia anunciou uma parceira com a gigante brasileira de tecnologia Totvs para impulsionar o seu braço de crédito consignado privado. A meta é que essa área seja a maior da empresa até 2022.
A parceria consiste na utilização do sistema de gestão da Totvs para disponibilizar as soluções de empréstimo consignado da Creditas. A operação, que terá início ainda neste mês, poderá contemplar os cerca de 10 milhões de colaboradores atendidos pelo software da Totvs.
“Queremos acelerar essa oferta de produto de forma simples e ágil. Além disso, é um mercado enorme que tem grande potencial de crescimento”, diz o espanhol Sergio Furio, fundador e presidente da Creditas, a EXAME.
O potencial, é claro, ainda está distante da realidade. Até agora, segundo a Totvs, duas empresas, que totalizam 120 funcionários, aderiram ao produto.
"Mas podemos dizer que o potencial do negócio é gigantesco e a Totvs consegue ajudar muito na melhoria de experiência de contratação", diz Eduardo Neubern, diretor da Totvs Techfin.
O contrato entre a Totvs e a Creditas não tem período determinado e as empresas não divulgaram como serão divididos os lucros. O risco de inadimplência, no entanto, ficará todo para a Creditas.
De fato, o crédito consignado é um nicho e tanto a ser explorado. Segundo dados do Banco Central, a carteira total voltada para o crédito consignado é de 380 bilhões de reais – porém, só 5% desse valor é disponibilizado para a iniciativa privada.
Para aumentar essa fatia, a Creditas aposta nessa aproximação direta com as empresas e também em juros mais amigáveis. Nesta primeira fase, os colaboradores das empresas poderão ter acesso a taxas a partir de 1,29% até 3,49% ao mês e montantes de até 50.000 reais. Os juros serão definidos pela análise de questões como o endividamento do colaborador, cargo e tempo de empresa, além da própria situação financeira da companhia do funcionário.
A contratação também será simplificada: os colaboradores interessados poderão solicitar o benefício por uma conversa com um robô de conversa no WhatsApp. As parcelas de pagamento não ultrapassarão 30% do salário do funcionário e serão descontadas diretamente da folha de pagamento, reduzindo os riscos de inadimplência para a Creditas.
Além disso, aos clientes que aderirem ao empréstimo consignado, a Creditas também oferecerá compras em sua loja própria, a Creditas Store. A empresa fez parcerias com empresas para oferecer produtos como eletrônicos e cursos de intercâmbio sem juros aos tomadores de empréstimos. Uma das iniciativas da Creditas foi vender produtos da Apple: é possível, por exemplo, comprar as versões mais novas do iPhone por 24 vezes sem juros e prestações a partir de 145,80 reais.
A Creditas, que nasceu como uma plataforma de empréstimos com garantias de imóveis e carros, quer ser a estrela do crédito consignado – e até fazer dele o seu principal produto. Para Furio, isso deve ocorrer nos próximos dois anos.
O presidente da fintech não divulga quanto o consignado representa de seu faturamento, mas afirma que a sua carteira cresceu dez vezes desde julho de 2019. Um dos principais motivos para isso foi utilizar parte dos 231 milhões de dólares recebidos pelo fundo japonês Softbank para fazer comprar a startup Creditoo, especializada na área.
“Acreditamos que podemos crescer outras dez vezes até o fim de 2020 e essa parceria com a Totvs pode representar 40% dos volumes”, diz Furio. Para conseguir a outra fatia, a empresa já está conversando com outras empresas que prestam serviços similares aos da Totvs. Agora, basta a economia real também dar a sua contribuição.