Vinicius Marchese, presidente do Crea-SP: “quanto mais eficiente for a fiscalização do Crea-SP, mais protegida a sociedade estará como um todo” (CREA-SP/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 12 de maio de 2023 às 09h00.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 10h37.
Para quem desconhece o impacto do Crea-SP, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo, os números falam por si: mais de 95 mil empresas e 350 mil profissionais estão associados à autarquia. Daí a busca incessante por soluções que deixem o órgão o mais eficiente possível. Para dar um novo salto de gestão, a entidade criou neste ano um programa de inovação aberta voltado para startups.
Falamos do Crea Inova, que visa a contratação de empresas aptas a solucionar oito desafios mapeados pela autarquia. Tudo somado, o programa irá destinar R$ 2,3 milhões para as startups selecionadas. As inscrições vão até o dia 15 de maio. “Queremos trazer mais inovação para o setor público”, diz Vinicius Marchese, que preside a entidade. “Quanto mais eficiente for a fiscalização do Crea-SP, mais protegida a sociedade estará como um todo”.
Elaborado conforme as regras estipuladas pelo marco legal das startups e do empreendedorismo inovador – a Lei Complementar nº 182, de 1º de junho de 2021 –, o Crea Inova tem como propósito número 1 a busca por soluções inovadoras, que trarão benefícios inegáveis para a sociedade.
Mas o programa também almeja estimular a inovação de todas as startups do ecossistema do qual o Crea-SP faz parte. “A participação no Crea Inova poderá fazer muita diferença na trajetória das empresas selecionadas”, observa Marchese. “Buscamos ser uma ponte entre os desafios dos profissionais e as soluções mais inovadoras, e é por isso que temos um banco de startups”.
Os oito desafios mapeados pela autarquia foram agrupados em três grandes temas: otimização de relacionamento; automação e robotização de processos; e fiscalização 4.0.
Em resumo, o primeiro tema clama por soluções que melhorem a experiência dos profissionais e das empresas ligados ao Crea-SP. O que se busca? Maior geração de valor, cultura ágil no desenho dos processos, abordagem de comunicação inovadora, integrada e inteligente, e soluções de analytics.
Um dos desafios ligados à otimização de relacionamento envolve o Crea-SP Capacita. Trata-se de um programa da autarquia que visa contribuir com a atualização e a formação da área tecnológica. Por meio dele, profissionais registrados na entidade e colaboradores têm acesso tanto a palestras quanto a workshops e cursos (de curta duração ou até mesmo de pós-graduação) promovidos em parceria com instituições renomadas.
As opções são oferecidas a preços acessíveis – ou gratuitamente. O que o Crea Inova busca, no entanto, é dar um passo além, utilizando os recursos já existentes do Crea-SP Capacita.
Outro desafio ligado ao mesmo tema: como oferecer uma solução/serviço digital para que as empresas e os profissionais ligados ao órgão fiquem a par de oportunidades profissionais e de negócios de forma ágil e inovadora? E como oferecer algo do tipo respeitando o piso salarial e a valorização profissional das áreas da engenharia do Sistema Confea/Crea?
No que se refere ao tema da automação e robotização de processos, convém registrar que a autarquia já está imersa em uma jornada de transformação digital. Mas a entidade ainda precisa avançar na integração de diversos sistemas. Alguns são desenvolvidos internamente; outros, não. E ainda há processos internos e fluxos de trabalho que seguem sendo realizados e gerenciados de forma manual.
“Como todo órgão público, o Crea-SP se viu, no passado, engessado no seu processo de transformação e inovação por conta de burocracias”, diz Augusto Pantaleão, chefe da Equipe de Inovação da autarquia. “Mas já avançamos muito”. Não à toa, o número de operações de fiscalização subiu de 29 mil, em 2015, para 462 mil em 2022. Em 2022, foi lançado o FiscalizApp, aplicativo desenvolvido internamente para os agentes fiscais que promoveu muito mais agilidade nos procedimentos do conselho.
Para otimizar sua eficiência operacional, o órgão considera crucial vencer o seguinte desafio: automatizar e modernizar o processo de gestão de termos de parceria, fomento, colaboração, acordo de colaboração e transferência de recursos de repasse.
Outro desafio relacionado ao mesmo tema: como otimizar a análise de documentos de todos os profissionais associados? Mais um: como automatizar a gestão de salas e descomplicar e desburocratizar as reservas dos ambientes e espaços compartilhados?
A fiscalização 4.0 envolve três desafios e tanto. O primeiro deles: como gerar insights analíticos relevantes que podem otimizar as operações e melhorar a eficiência do processo de fiscalização? Melhorar a fiscalização no agronegócio por meio da inteligência de dados é o segundo desafio ligado a esse tema.
“Nosso intuito é qualificar e ampliar ainda mais a inteligência de fiscalização, integrando tecnologias aos processos para realizar mais ações e de forma mais eficiente”, destaca Pantaleão.
Por fim, o Crea-SP considera fundamental automatizar a fiscalização das condições do exercício profissional. Como fazer isso? E como automatizar a conferência de outros quesitos, como a chamada Anotação da Responsabilidade Técnica (ART)? As startups que apresentarem as melhores respostas para todas essas perguntas ajudarão a autarquia a aumentar ainda mais o seu impacto.