Copel: "Caso a Engevix se comprometa e demonstre que vai superar os problemas, a alternativa de continuar com eles não está descartada" (Divulgação)
Reuters
Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 17h44.
Última atualização em 11 de janeiro de 2017 às 12h21.
São Paulo - A estatal paranaense Copel, uma das maiores elétricas do Brasil, tem travado uma disputa com a empreiteira Engevix e ameaça romper os contratos de fornecimento assinados com a empresa para a hidrelétrica de Colíder, que está sendo construída no Mato Grosso.
O presidente da unidade de geração e transmissão da Copel, Sérgio Lamy, disse à Reuters que o fornecedor não tem conseguido cumprir o ritmo esperado nas obras, alegando dificuldades financeiras, o que complicou a reta final da construção da usina, orçada em cerca de 2,2 bilhões de reais.
A Engevix, atingida pelos desdobramentos da Lava Jato --operação da Polícia Federal que também processou a construtora-- é a responsável pela entrega de equipamentos auxiliares e por serviços de montagem eletromecânica e construção de uma linha de transmissão associada à usina, que terá 300 megawatts em potência instalada.
"Caso a Engevix se comprometa e demonstre que vai superar os problemas, a alternativa de continuar com eles não está descartada, mas diria que a alternativa de saída deles é muito forte... pretendemos de fato terminar a usina o mais rápido", disse Lamy.
Após ser procurada, a Engevix afirmou que não tem qualquer contrato direto de prestação de serviços para a Copel, mas que participa de um contrato construtor.
"A obra está atrasada em função do fornecimento de turbinas e geradores pela empresa argentina IMPSA, que faz parte do consórcio construtor e está em processo falimentar", disse a Engevix.
Sobre a IMPSA, Lamy afirmou que a Copel está conseguindo contornar atrasos relacionados a esse fornecedor.
Documento do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) cita "problemas com o empreendedor de montagem (Engevix)" da hidrelétrica.
O presidente da Copel GT disse que a empresa pretende concluir as negociações com a Engevix até o próximo mês, para já em fevereiro retomar o ritmo das obras.
A empresa trabalha com um cronograma que prevê a entrada em operação em dezembro deste ano da hidrelétrica.
A data representa atraso de três anos em relação ao prazo original, o final de 2014, e de quase três meses ante a última projeção do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), colegiado de autoridades do governo que acompanha as obras de elétricas.
A última turbina da usina seria acionada em abril de 2018.
A Copel, no entanto, espera minimizar perdas financeiras com esse atraso da usina por meio de recursos junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos quais alega que houve atrasos fora do controle da empresa, como no licenciamento ambiental.
A companhia também espera reduzir impactos com negociações para descontratar parte da energia da usina, autorizadas pelo governo devido à queda do consumo registrada em meio à recessão brasileira, que deixou as distribuidoras de eletricidade com excesso contratação.
Essa sobra de energia por parte das distribuidoras deverá praticamente zerar o espaço para novos investimentos em geração em 2017 e 2018, afirmou à Reuters o presidente da Copel GT.
"Então, nesse horizonte, estamos trabalhando fortemente em nosso posicionamento estratégico para transmissão", disse o executivo.
De acordo com Lamy, a Copel tem estudado projetos para disputar os próximos leilões que irão ofertar a concessão para construção de novas linhas e subestações de transmissão de energia no Brasil.
"Vamos com um bom apetite... nossa participação vai ser relevante", afirmou, sem detalhar.
O executivo disse ainda que a Copel espera se beneficiar de bons preços no mercado spot de eletricidade, ou mercado de curto prazo, uma vez que a empresa possui parte de sua energia descontratada.
Ele lembrou que na semana passada a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aumentou a projeção de preços spot para 2017 devido a chuvas fracas no início do ano.
"A expectativa de preço no curto prazo para 2017 não é ruim, pelo contrário, é boa", disse.
De acordo com Lamy, a Copel já negociou em contratos de longo prazo cerca de 85 por cento da energia disponível para 2017 e entre 60 e 65 por cento do total livre para 2018. Em 2019, a empresa tem entre 40 e 45 por cento da eletricidade já negociada.