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Copastur além das passagens: gigante de R$ 2,5 bilhões quer crescer com eventos, seguros e apps

Empresa familiar nasceu vendendo passagens para executivos. Hoje, tem 12 unidades de negócio e aposta em tecnologia, eventos, educação e uma nova corretora de seguros para seguir crescendo

Edmar Mendoza, CEO da Copastur: “A Copastur sempre foi uma empresa de bastidor. A gente decidiu mostrar mais o que faz, porque o mercado ainda não conhece tudo que oferecemos” (Copastur/Divulgação)

Edmar Mendoza, CEO da Copastur: “A Copastur sempre foi uma empresa de bastidor. A gente decidiu mostrar mais o que faz, porque o mercado ainda não conhece tudo que oferecemos” (Copastur/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de junho de 2025 às 14h46.

O mercado de viagens corporativas no Brasil vive um novo auge, com um detalhe importante: ele está mudando de forma.

Em 2024, o setor bateu recorde histórico, com faturamento de 131 bilhões de reais, e deve crescer mais 3,5% em 2025. Mas junto com a alta nas cifras, vieram novas cobranças: controle de custos, digitalização, descentralização regional e práticas ESG passaram a definir quem sobrevive e quem fica para trás.

É nesse cenário que a Copastur, uma das cinco maiores empresas de viagens corporativas do país, tenta expandir seu modelo de negócios.

O grupo tem uma receita de 2,5 bilhões de reais e agora aposta em um ecossistema próprio, com 12 marcas. A mais recente, recém-anunciada, é uma joint venture com a 8B Seguros, que estreia com expectativa de 800 milhões de reais em prêmios em 2025 e quer atuar em sete segmentos de seguros — de responsabilidade civil a benefícios corporativos.

“A Copastur sempre foi uma empresa de bastidor. A gente decidiu mostrar mais o que faz, porque o mercado ainda não conhece tudo que oferecemos”, afirma o CEO Edmar Mendoza, que assumiu a operação em 2023. “O setor exige cada vez mais soluções integradas, e nossa estratégia é oferecer tudo no mesmo lugar.”

Mas integrar tudo em um mesmo lugar é justamente onde estão os maiores riscos: com concorrência de gigantes como CVC Corp, BeFly e Decolar, o desafio da Copastur é manter agilidade enquanto espalha sua atuação por áreas tão distintas quanto tecnologia, eventos, educação executiva e agora, seguros.

Qual é a história da Copastur

A Copastur nasceu em 1973, atendendo empresas em um modelo direto: vendia passagens, cuidava da logística e oferecia um atendimento mais próximo.

Desde o início, atuou no segmento B2B, sem operar como consolidadora ou backoffice para outras agências. Isso ajudou a construir um portfólio sólido, com mais de 700 contas ativas.

Nos anos 2000, com a entrada da segunda geração, a empresa passou a investir em tecnologia. Uma das primeiras decisões foi internalizar uma central de atendimento e criar soluções próprias para controle de viagens, como políticas, aprovações e centro de custos. Essa estrutura deu origem a um aplicativo que virou a base do ecossistema atual.

Com o tempo, vieram também as parcerias internacionais.

Desde 2010, a Copastur integra a Direct ATPI, uma rede internacional especializada no atendimento de multinacionais com operações complexas em diferentes países. A atuação mais estratégica está no setor de óleo e gás, onde a Copastur cuida da logística de trocas de tripulação em plataformas marítimas e navios — deslocando profissionais de diferentes partes do mundo até locais remotos, com todos os requisitos de documentação, transporte terrestre e aéreo, hospedagem e certificações técnicas.

Esse tipo de operação exige precisão: se o trabalhador que vai entrar não chega, o que está embarcado não pode sair. Em alguns casos, a Copastur organiza desde o voo até o embarque no helicóptero que leva o profissional até a plataforma. Além disso, precisa validar certificados como treinamentos contra incêndio ou cursos de segurança obrigatórios para o embarque.

“Se faltar um documento ou o funcionário atrasar, a plataforma fica com buraco na escala — e a operação toda pode parar”, afirma Edmar.

Hoje, a Direct ATPI — com a Copastur como representante no Brasil — participa de 30% de todas as trocas de tripulação do mundo, segundo o CEO. Essa frente representa cerca de 20% da receita da empresa e opera de forma contínua em países como Guiana, Angola e Estados Unidos, com logística sob demanda em regiões como Caribe, Golfo do México e Ásia.

O modelo evoluiu, mas a complexidade cresceu. Com 12 unidades de negócio em operação, o grupo tenta manter coesão numa estrutura que inclui educação, marketing, vistos, intercâmbio e serviços financeiros — todos com margens e ciclos de venda distintos. Entre os modelos de negócios, a Copastur tem:

  • C+, super app com integração de reservas, mobilidade, atendimento, alertas de risco e IA
  • Aquarela, unidade de eventos e viagens de incentivo
  • Change, plataforma de educação executiva no exterior
  • Goya, braço de turismo de luxo
  • Pass4All, documentação e vistos
  • Buffline, logística para o setor de games e e-sports
  • 8B Seguros, nova corretora full broker
  • Cartão corporativo Copastur, com operação própria de pagamentos

Além disso, a Copastur opera na América Latina com presença no México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Uruguai, atendendo multinacionais que exigem padronização e serviço em mais de um país.

Quais são os desafios pela frente

Apesar do crescimento do setor, o mercado corporativo vive sob pressão. Os clientes exigem mais controle e menos desperdício. Segundo dados do setor, 78% dos gestores priorizam redução de custo em viagens, e a digitalização virou pré-requisito — não diferencial.

Nesse ambiente, consolidar um ecossistema tão amplo exige escala real, integração entre times e foco no que gera margem, o que pode se tornar um desafio conforme o portfólio cresce. A aposta da Copastur é que o Super App C+ funcione como ponto de convergência, e que os dados e inteligência centralizada garantam eficiência operacional.

Mas apps corporativos enfrentam uma barreira natural: resistência à adoção por parte dos próprios viajantes e das áreas de facilities e RH.

Muitas empresas ainda preferem centralizar a operação com agentes, especialmente em viagens mais sensíveis. “A gente tenta oferecer os dois modelos, tanto via app quanto com atendimento humano. Mas nem sempre o cliente se adapta rápido”, diz Edmar.

A Copastur concorre com grupos de grande escala, como a CVC Corp, que atua com marcas como Rextur, Trend e Visual, além da Decolar, que opera no B2B via HotelDO e ViajaNet. Outro player relevante é a BeFly, dona da Flytour e com forte atuação no corporativo.

Essas empresas também investem em tecnologia, integração com SAP e serviços de valor agregado. A vantagem da Copastur, segundo o CEO, está na customização e na operação full service. E no portfólio de produtos que não para de crescer.

O próximo passo é a entrada no setor de seguros, com a 8B.

Qual vai ser o futuro da Copastur

Para 2025, a Copastur planeja crescer com foco em três frentes:

  • Ampliar a atuação na América Latina
  • Consolidar as novas marcas e medir retorno de cada unidade
  • Investir na evolução do app como centro da experiência
Acompanhe tudo sobre:Viagens

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