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Controle da usina de Belo Monte é colocado à venda por R$ 10 bi

Operação também contará com um banco internacional para tocar as negociações de venda da terceira maior hidrelétrica do mundo

Belo Monte: empreendimento está envolvido na Lava Jato, que investiga pagamento de propina por parte do consórcio construtor da hidrelétrica (Divulgação / Governo)

Belo Monte: empreendimento está envolvido na Lava Jato, que investiga pagamento de propina por parte do consórcio construtor da hidrelétrica (Divulgação / Governo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 10h09.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2017 às 10h31.

A Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, está à venda. Segundo informações obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, as empresas que compõem o bloco de controle da Norte Energia, concessionária que administra a usina, já contrataram o Bradesco BBI para buscar potenciais investidores no Brasil e no exterior.

A operação também contará com um banco internacional para tocar as negociações de venda da terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas da chinesa Three Gorges e de Itaipu Binacional.

O que está à venda é a parte das empresas Neoenergia, Cemig, Light, Vale, Sinobras, J. Malucelli e dos fundos de pensão Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa).

A participação dessas companhias na Norte Energia é de 50,02%. O valor patrimonial de Belo Monte é estimado em R$ 10 bilhões. O projeto, que só será concluído em 2019, ainda exigirá investimentos de, pelo menos, R$ 5 bilhões.

Quando concluída, a hidrelétrica, de 11.233 megawatts (MW) de energia, terá consumido mais de R$ 31 bilhões - o empreendimento começou orçado em R$ 18 bilhões.

Segundo fontes próximas à empresa, para ficar com a usina, os compradores terão de assumir o financiamento concedido ao projeto de cerca de R$ 22 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A hidrelétrica ainda pleiteia mais R$ 2 bilhões do banco estatal para concluir as obras.

Por ora, a participação do Grupo Eletrobrás, de 49,98%, não está à venda. Mas, como a estatal tem o direito de "tag along" (mecanismo que permite ao minoritário vender suas ações pelo preço pago ao controlador), o grupo também poderia vender sua fatia na hidrelétrica, diz uma fonte do setor, caso o valor seja satisfatório.

Chinesas. Antes mesmo da contratação do banco que vai liderar a negociação, algumas chinesas - que são consideradas “candidatas” a qualquer processo de fusão e aquisição no País - já vinham sondando o empreendimento. State Grid e China Three Gorges - que estão há mais tempo no Brasil e abocanharam importantes ativos no setor de energia, como Cesp, CPFL e Duke Energy - já começaram a avaliar a usina. A State Grid, por exemplo, está construindo o linhão que vai distribuir a energia de Belo Monte.

Mas fontes ligadas ao negócio afirmam que, por ser um megaempreendimento, a venda deverá ocorrer para um consórcio. A expectativa é que as negociações sejam acirradas.

O empreendimento está envolvido na Lava Jato, que investiga pagamento de propina por parte do consórcio construtor de Belo Monte, formado por Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e outras cinco empreiteiras menores.

"Há uma enorme preocupação por parte dos investidores que têm negociado ativos de empresas envolvidas na Lava Jato de que o escândalo acabe respingando nos futuros controladores. Se o valor da multa já está estipulado, coloca-se no preço.

Caso contrário, a incerteza é grande", diz um advogado, que prefere não se identificar. Outro entrave é o modelo financeiro adotado em Belo Monte. Analistas que acompanham o projeto afirmam que o retorno do investimento caiu pela metade nos últimos anos por causa das paralisações e multas aplicadas por atraso nas obras.

Procurados pela reportagem, a Norte Energia e Bradesco não comentaram o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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