Negócios

Contra Heineken e drinks, a troca caseira na Ambev seguirá eficaz?

Cervejaria anunciou na noite de ontem que, após 5 anos no cargo, o presidente Bernardo Paiva passará o bastão para Jean Jereissati Neto

Ambev: cervejaria perdeu 10 pontos percentuais de margem operacional nos últimos cinco anos (Paulo Whitaker/Reuters)

Ambev: cervejaria perdeu 10 pontos percentuais de margem operacional nos últimos cinco anos (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2019 às 07h04.

Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 07h30.

Investidores e analistas acompanharão com atenção a movimentação das ações da Ambev nesta terça-feira (19), após o anúncio na troca do comando da cervejaria, na noite de ontem. A companhia anunciou que, a partir de janeiro, Bernardo Paiva dará lugar ao atual diretor de vendas e marketing, Jean Jereissati Neto.

Bernardo Paiva, engenheiro, está na Ambev há 28 anos e ocupou a presidência por cinco anos. Jereissati Neto é administrador formado pela Fundação Getúlio Vargas e ingressou na Ambev em 2000. Ele já ocupou funções de diretor geral para América Central e Caribe e diretor geral da Ásia e Pacífico Norte na Anheuser-Busch InBev, controladora da Ambev.

A passagem de bastão caseira é uma tradição nos últimos 30 anos da cervejaria.

O desafio de Jereissati vai ser mostrar que a cultura de gestão Ambev ainda é capaz de dar respostas a novos desafios, puxados por mudanças de hábitos no consumo, de um lado, e por novas demandas para recrutar e promover funcionários, de outro.

Conhecida por uma cultura de forte pressão interna, remuneração agressiva e constantes cortes de custos, a Ambev está sendo forçada a mudar.

Internamente, a companhia vem adotando medidas para aumentar a diversidade e a preocupação com indicadores que vão além da eficiência operacional e que premiem, por exemplo, inovação. Comercialmente, o maior desafio é manter a posição dominante num mercado em transformação, mais voltado a cervejas premium que às tradicionais Brahma e Skol.

Em sua última conferência com analistas, em outubro, Paiva afirmou que a força da Ambev, nesta frente, é contar com uma variedade de marcas que inclui Stella Artois, Corona, Colorado e Beck’s para bater de frente com a holandesa Heineken, que já tem no Brasil seu maior mercado global em volume.

Outro desafio é frear o avanço de drinks, que vêm tomando fatias relevantes de mercado na Europa e nos Estados Unidos num cenário que, em menor escala, já é visto também no Brasil.

No terceiro trimestre, a Ambev anunciou recuou de 11,5% no lucro, para 2,5 bilhões de reais, mesmo com um aumento de 8% no faturamento, para 11,9 bilhões de reais. Promoções mais agressivas da concorrência têm levado a quedas na participação de mercado da Ambev, num cenário que deve se manter ao menos no curto prazo.

A companhia prevê que o quarto trimestre continuará desafiador e minimizou as expectativas de aumento no lucro operacional este ano.

Desde a chegada de Paiva, a margem operacional da companhia caiu de 47,8% para 36,9%. O faturamento passou de 38 bilhões de reais em 2014 para 48 bilhões de reais em 2018. O faturamento deve seguir crescendo, mas Jereissati será capaz de devolver a Ambev às margens de cinco anos atrás?

Acompanhe tudo sobre:AmbevEmpresasExame HojeHeineken

Mais de Negócios

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades