Casas feitas com impressora 3D, sem concreto e net zero: o futuro da construção promete assim (Mighty Buildings e EYRC/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 07h30.
Técnica que parecia integrar um futuro distante há poucos anos, a impressão 3D está transformando diversos setores. A construção civil certamente é um dos principais, com essa tecnologia se firmando como importante aliada para enfrentar duas crises globais, habitação e mudanças climáticas.
Projetos baseados nesse modelo se multiplicam pelo mundo. Dubai inaugurou em 2020 o maior edifício erguido por métodos de construção 3D e, até 2030, planeja ter 25% de seus prédios públicos feitos dessa forma. Na Alemanha, o mercado imobiliário já constrói em 3D. Na Holanda, tem gente morando em residências desse tipo desde o ano passado e nos Estados Unidos, fabricantes imprimem moradias em 24 horas.
Globalmente, esse mercado deve registrar um crescimento anual de 100,7% de 2022 a 2030, segundo projeções da consultoria Grand View Research. Os motivos para isso são claros: a técnica garante uma construção mais barata, rápida, sem desperdício de material e com menor emissão de carbono (a produção de cimento é hoje responsável por quase 8% das emissões globais).
O potencial da prototipagem rápida, como também é chamada a técnica, pode ir além. A startup americana Azure Printed Homes, por exemplo, aproveita os ganhos revolucionários obtidos com a tecnologia para criar soluções construtivas ainda mais sustentáveis, aliando impressão 3D com reciclagem.
A empresa imprime residências, estúdios e edículas e, no lugar do concreto, mais de 60% do material usado vêm de plástico reciclado, de um tipo de polímero comum em garrafas plásticas e embalagens de comida. Em cada unidade produzida, é usado o equivalente a 100 mil garrafas descartadas.
O processo, segundo a fabricante, é 70% mais rápido e cerca de 30% mais barato do que os métodos de construção convencionais, além de ambientalmente mais correto.
Também na Califórnia está outra startup de construção que vem trazendo inovações significativas. Há dois meses, a Mighty Buildings entregou a sua primeira casa pré-fabricada com impressora 3D que se qualifica como de energia net zero.
A ideia extrapola o conceito de neutralidade de carbono. Além de anular as emissões do processo de construção durante o ciclo de vida, as residências net zero da empresa são projetadas e construídas para produzir mais energia do que a usada na fabricação e distribuição de suas peças.
Isso é alcançado com mínimo de desperdício na cadeia de suprimentos e nos materiais usados – 99% menos resíduos, segundo a MB –, combinado com a utilização de fontes de energia renováveis pelas casas depois de construídas (elas são equipadas com painéis solares e armazenamento).
Outro destaque é o material usado na construção, uma fórmula exclusiva sem concreto. O composto patenteado, chamado de Light Stone, é termofixo e endurece quando exposto à luz ultravioleta, sendo altamente durável e termicamente estável. Além disso, tem quatro vezes mais resistência à tração e à flexão do que o concreto e pesa 30% menos.
O tempo de construção também é reduzido pela metade, graças ao processo 80% automatizado.
Depois de concluir uma vila inteira com casas neutras em carbono, projeto em andamento no Sul da Califórnia, a ambição é entregar uma construção negativa em CO2 até 2028, 22 anos à frente das metas do setor. E a startup já está dando grandes passos para chegar lá.
“Nosso sistema tem produção de resíduos quase zero e estamos melhorando nossa fórmula proprietária de impressão 3D o tempo todo, introduzindo enchimentos recicláveis, polímeros de base biológica e reciclados e aplicando novas tecnologias para ajudar a tornar nossa fórmula negativa em carbono”, declara a empresa