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Conselho da Vale aumentou cautela após incidente da Samarco, diz CFO

Após rompimento de barragem em MG, existe preocupação dos conselheiros da empresa com relação a assuntos que tragam mínimo de risco, segundo Luciano Siani

Vale: "Estamos em um momento em que governança, compliance, até porque os negócios estão indo bem, estão com um peso maior até do que a estratégia" (Ricardo Moraes/Reuters)

Vale: "Estamos em um momento em que governança, compliance, até porque os negócios estão indo bem, estão com um peso maior até do que a estratégia" (Ricardo Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de junho de 2018 às 18h09.

São Paulo - O rompimento no final de 2015 de uma barragem da Samarco, empresa na qual a Vale é sócia junto à anglo-australiana BHP Billiton, elevou muito o nível de cautela em análises do Conselho de Administração da mineradora brasileira, disse nesta quarta-feira o diretor financeiro da companhia, Luciano Siani.

Ele comentou ainda, durante um evento em São Paulo, que vê a postura como uma tendência nas empresas brasileiras em geral, após a descoberta de um enorme escândalo de corrupção no país por autoridades na chamada Operação Lava Jato, iniciada ainda em 2014.

"Conselhos são entes que mudam de acordo com o contexto. No caso da Vale, agora é um ente em transição, porque estamos aprendendo a viver com conselheiros independentes, e estamos em uma era em que o compliance tem um peso absurdo", afirmou.

"Depois do que aconteceu com a Samarco, existe um grau de preocupação dos conselheiros, com qualquer assunto que traga um mínimo de risco, extremo. A responsabilidade do conselheiro é muito grande", afirmou Siani.

Em debate durante o Encontro Internacional de Relações com Investidores, o executivo afirmou que o momento complexo do país, que desde 2014 tem visto diversas descobertas de irregularidades em estatais e empresas privadas, como empreiteiras, gera muitas dúvidas e questionamentos dos investidores junto aos conselheiros, que precisam ainda levar em conta em suas decisões até riscos contra seu patrimônio pessoal, devido à severa legislação de muitos países, como os Estados Unidos e o próprio Brasil.

"Existe um tempo desproporcional dos executivos discutindo coisas relativas a compliance e risco em relação à discussão de coisas do negócio", afirmou.

"Nós estamos em um momento em que governança, compliance, até porque os negócios estão indo bem, estão com um peso maior até do que a estratégia, esse é o momento que estamos vivendo hoje", adicionou, referindo-se ao caso específico da Vale.

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