Liquigás: com a venda da Liquigás, a Petrobras atingiu desde o início de 2015 um total de 11 bilhões de dólares em desinvestimentos (Divulgação)
Reuters
Publicado em 17 de novembro de 2016 às 19h34.
Última atualização em 17 de novembro de 2016 às 21h18.
São Paulo/Rio de Janeiro - A Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou nesta quinta-feira a venda da Liquigás para a Ultragaz, subsidiária da Ultrapar, em negócio de 2,8 bilhões de reais que depende de aval de autoridades antitrustre por elevar fortemente a concentração no mercado de gás de cozinha do país.
A aprovação da venda da Liquigás, que confirma relatos desta quinta-feira de fontes com conhecimento da transação, integra o programa de desinvestimentos da Petrobras, que prevê arrecadar 15,1 bilhões de dólares em 2015 e 2016, como forma de a estatal reduzir seu enorme endividamento.
Com a venda da Liquigás, a Petrobras atingiu desde o início de 2015 um total de 11 bilhões de dólares em desinvestimentos, mas o montante da transação com a Ultrapar só deve entrar no caixa da estatal no fim de 2017, uma vez que o negócio terá que passar por avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse a gerente-executiva de aquisições e desinvestimento da Petrobras, Anelise Quintão Lara.
"Vai ter um período de transição entre a assinatura de contrato e o closing de alguns meses, porque vai passar pelo Cade e imaginamos que o closing vai acontecer no fim de 2017", afirmou a jornalistas, ressaltando que a empresa está confiante de realizar negócios até o fim do ano que atinjam a meta.
Ela disse que a venda da Liquigás ficou dentro da faixa de valor estimada pela Petrobras. A gerente afirmou ainda que eventuais operações decorrentes de concentrações de mercado serão de responsabilidade do grupo comprador da Liquigás.
A empresa, subsidiária integral da Petrobras, atua no engarrafamento, distribuição e venda de gás liquefeito de petróleo (GLP).
A empresa opera em quase todos os Estados do país e conta com 23 centros operativos, 19 depósitos e uma rede de cerca de 4.800 revendedores autorizados, segundo a Petrobras.
Já a Ultragaz, primeira distribuidora de GLP do Brasil, fundada em 1937, atende aproximadamente 11 milhões de domicílios no segmento envasado e 50 mil clientes no segmento granel.
Em meio a preocupações sobre aumento da concentração de mercado, a Ultrapar afirmou que os consumidores serão beneficiados pelo negócio.
"A transação permitirá que a estratégia de diferenciação e a excelência operacional da Ultragaz combinados com ativos e a qualidade da rede de revendas da Liquigás criem importantes ganhos de eficiência, gerando benefícios a consumidores, revendedores, clientes e a toda a sociedade", afirmou.
Analistas do BTG e do Brasil Plural, no entanto, avaliam que o acordo pode sofrer entraves no Cade.
"A aquisição elevaria a fatia de mercado da Ultrapar para 46 por cento", disse o Brasil Plural, em nota a clientes.
A Ultrapar superou dezenas de concorrentes, como a Supergasbrás, subsidiária brasileira da holandesa SHV Holdings, e a turca Argaz.
A Petrobras afirmou que o valor total da venda será corrigido pelo CDI, entre a assinatura e fechamento da operação e estará sujeito a ajustes em razão das variações de capital de giro e da posição da dívida líquida da Liquigás e no fim de 2015 e a data de fechamento da transação.
A dívida bruta da Liquigás em 31 de dezembro de 2015 era de 145 milhões de reais, segundo a nota da Ultrapar.
Segundo a Ultrapar, o seu conselho aprovou também contratarcarta de crédito junto ao Bradesco BBI e ao Bradesco em valor equivalente ao preço a ser pago à Petrobras.
Analistas do BTG Pactual disseram mais cedo que a Petrobras está fazendo a venda "em um múltiplo muito bom, maior do que 10 vezes o Ebitda" da unidade, referindo-se ao indicador de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.