737 MAX: acusação de negligência (Matt Mills McKnight/Reuters)
Juliana Estigarribia
Publicado em 25 de setembro de 2020 às 15h51.
Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 18h35.
O conselho da Boeing é acusado de não supervisionar adequadamente as respostas da administração a dois acidentes fatais do 737 MAX e os problemas de segurança do modelo em um processo judicial movido por acionistas, publicou o Wall Street Journal nesta sexta-feira, 25.
De acordo com o jornal americano, o processo, aberto no início deste mês em um tribunal de Delaware, afirma que os reclamantes retratam o conselho como "amplamente passivo". Os diretores também estariam supostamente preocupados apenas com notícias negativas, "deixando de pressionar a gerência sobre problemas específicos de engenharia do 737 MAX.
Com a lei de Delaware, os reclamantes tiveram acesso a mais de 44.000 documentos internos da Boeing.
Um porta-voz da Boeing disse que falta mérito no processo e buscará "arquivá-lo ainda neste ano". Ele acrescentou, segundo a publicação, que antes dos dois acidentes, que resultaram na morte de 346 pessoas, a Boeing "tinha protocolos em vigor que exigiam relatórios de nível de diretoria sobre o 737 MAX e outros tópicos de design, desenvolvimento e segurança".
"A reclamação apresenta uma imagem unilateral e enganosa das atividades da Boeing e de seu conselho durante este período de tempo”, disse o porta-voz.
Os advogados dos acionistas alegam que os diretores negligenciaram as questões de segurança e que o conselho "se concentrou incansavelmente em monitorar e aumentar a produção do MAX" ao longo dos anos, mas "não olhou para dentro e investigou os acidentes duplos".
Na semana passada, um comitê do Congresso dos Estados Unidos concluiu que os dois acidentes com o Boeing 737 MAX foram o “terrível resultado” das falhas da fabricante e da Federal Aviation Administration (FAA).
De acordo com a comissão federal, os acidentes “não foram resultado de uma falha singular, erro técnico ou evento mal administrado, mas sim o terrível resultado de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da administração da Boeing e uma supervisão grosseiramente insuficiente da FAA.”