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“Conseguimos ganhar dinheiro com barril a US$ 20”, diz CEO da Petrorio

A petroleira brasileira acaba de anunciar mais uma importante aquisição que deve contribuir para reduzir de forma significativa os custos

Roberto Monteiro, presidente da Petrorio: DNA de aquisições (Petrorio/Divulgação)

Roberto Monteiro, presidente da Petrorio: DNA de aquisições (Petrorio/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 19 de novembro de 2020 às 16h41.

Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 20h12.

A Petrorio está vivendo uma fase positiva, mesmo num cenário de forte pressão sobre os preços do petróleo. A companhia acaba de anunciar novas aquisições, que devem praticamente triplicar a capacidade de produção até o final de 2023. A expectativa é que sinergias levem a uma redução significativa dos custos.

"Somos muito resilientes. Com o barril a 30 dólares, conseguimos ser competitivos. Não é o cenário ideal, mas no limite, com o petróleo a 20 dólares continuamos ganhando dinheiro", afirma Roberto Monteiro, presidente da Petrorio, em entrevista à EXAME.

A petroleira assinou nesta quinta-feira, 19, contrato com a BP Energy para a aquisição das participações de 35,7% no campo de Wahoo e de 60% no Itaipu, com aprovações sujeitas à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O anúncio fez com que as ações da Petrorio subissem até 23% na B3. Em dois anos, a valorização supera 300% e deixou até o Magazine Luiza para trás.

Segundo fato relevante, o campo de Wahoo tem potencial para produzir mais de 140 milhões de barris. A descoberta de óleo ocorreu em 2008 e o teste de formação foi realizado em 2010. Ou seja, ainda não está em produção. Monteiro explica que a transação deve estar concluída até o final do primeiro semestre de 2021. Depois disso, a empresa faz a declaração de comercialidade e começa o plano de desenvolvimento da produção.

A expectativa é que no final de 2023 o campo esteja produzindo cerca de 40.000 barris de óleo equivalente por dia (boe). Hoje, a empresa produz cerca de 29.000. O diferencial desse projeto, segundo a petroleira, é que haverá uma grande sinergia de Wahoo com o campo de Frade, onde a Petrorio já atua. A plataforma de produção (FPSO) de Frade será usada para o novo ativo. "Gastaremos uma fração do que outra empresa desembolsaria para produzir petróleo em Wahoo."

Monteiro alerta, porém, que um dos desafios para esse projeto é a conexão entre os campos, de cerca de 35 quilômetros de distância. "Para uma Petrobras, isso é corriqueiro. Nós nunca fizemos essa distância, mas temos toda a expertise para executar esse projeto", garante.

Ele afirma que a grande vantagem no campo de Wahoo é a expressiva acumulação de petróleo sem risco geológico. Para produzir o óleo adicional, Monteiro revela que o custo será extremamente baixo. Em meados de junho deste ano, o custo de operação após o pagamento de royalties — o chamado lifting cost — da Petrorio girava em torno de 17 dólares por barril. Agora, esse número é de 12,8 dólares.

"A taxa de retorno do negócio é muito alta. Conseguimos ser competitivos com os preços atuais e até mais baixos."

Nesta semana, os preços do petróleo ganharam certo fôlego diante da expectativa de manutenção dos cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas ainda há incertezas acerca da segunda onda de covid-19 no mundo. As cotações giram na casa dos 44 dólares.

"Mesmo com uma segunda onda no mundo todo, estamos cobertos", diz o executivo.

Novas aquisições

Monteiro afirma que a Petrorio não deve parar com as aquisições. "Está no nosso DNA."  Segundo ele, a companhia deve continuar olhando o mercado, com o objetivo de gerar valor.

O executivo ressalta, porém, que um importante desafio será trazer recursos para a companhia. "Conseguimos investir bem, mas não vamos nos endividar demais."

Hoje, o endividamento da Petrorio (medido pela relação dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) está em 1,9 vez. "Não queremos passar de 2,5 vezes, senão estrangulamos a companhia. Podemos fazer mais aquisições, mas para isso precisamos levantar mais recursos."

Neste cenário, ele não descarta um possível aumento de capital. "Isso pode acontecer sim."

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