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Conhecido por filmes de foto, grupo Fujifilm pode atuar contra coronavírus

A droga produzida por subsidiária da Fujifilm ainda precisa passar por uma aprovação governamental para ser usada no tratamento da covid-19

Coronavírus em Wuhan, na China (Feature China / Barcroft Studios / Future Publishing/Getty Images)

Coronavírus em Wuhan, na China (Feature China / Barcroft Studios / Future Publishing/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 20 de março de 2020 às 06h00.

Última atualização em 22 de março de 2020 às 20h11.

Conhecida pelos antigos rolos de filme e papéis para fotografia, a Fujifilm adaptou seu negócio, passou a focar em saúde e é uma das companhias envolvidas na busca por um medicamento contra o novo coronavírus.

O medicamento favipiravir, também conhecido pelo nome comercial Avigan, apresentou testes eficientes no combate ao coronavírus.  Zhang Xinmin, um oficial do ministério de ciência e tecnologia chinês, disse que a droga teve resultados encorajadores em testes clínicos feitos com 340 pacientes em Wuhan e Shenzhen. De acordo com os exames, os pacientes infectados testaram negativo para o vírus cerca de quatro dias depois do início do tratamento.

Esse medicamento foi desenvolvido em 2014 por uma subsidiária da Fujifilm, a Fujifilm Toyama Chemical. Na China, o remédio é fabricado pela Zhejiang Hisun Pharmaceutical, uma das maiores empresas do setor farmacêutico no país, fundada em 1956.

Ainda não há aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso desse produto no Brasil. 

O medicamento é usado no Japão para tratar de outras variedades de gripe. Em 2016, esse mesmo fármaco foi usado como um auxílio emergencial na epidemia de Ebola na Guiné.

A droga ainda precisa passar por uma aprovação governamental para ser usada no tratamento da covid-19, já que foi inicialmente desenvolvida para o tratamento de gripe.

O favipiravir não é o único fármaco sendo estudado para combater o coronavírus. Em pronunciamento nesta quinta-feira, 19, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse que as drogas hidroxicloroquina e remdesivir podem ter bons resultados contra o coronavírus, com base em um estudo feito na China, e pediu velocidade de testes e possível aprovação pela FDA (Food and Drugs Administration), espécie de Anvisa do país.

Da fotografia à medicina

A iniciativa mostra o quanto grupo Fujifilm se transformou desde sua criação, em 1934. Depois dos anos 2000, o grupo Fujifilm passou por uma crise drástica, ao perder seu principal negócio de filmes fotográficos, na medida em que o mercado se digitalizava. Na ocasião, os filmes fotográficos e papéis para impressão de fotos correspondiam a 60% do faturamento da Fujifilm e a dois terços de seu lucro. Em dez anos, o mercado encolheu para um décimo de seu tamanho.

A empresa então criou uma câmera digital e passou a investir em novas unidades de negócio. Atualmente, o grupo Fujifilm atua na saúde humana em prevenção, diagnóstico e tratamento e desenvolve dispositivos médicos intravenosos, sistemas de raio-X, endoscópios, aparelhos de ultrassom e de diagnósticos por imagem. 

O grupo atua ainda nos setores de suplementos nutricionais e cosméticos para o cuidado de pele. 

A divisão de saúde correspondeu a 43% do faturamento total do grupo no ano fiscal finalizado em março de 2019, que foi de 2,4 trilhões de ienes, ou 21,7 bilhões de dólares. Apenas 16% do faturamento veio da divisão de soluções para imagens. 

“A divisão de saúde é o futuro da companhia”, afirmou Mutsuki Tomono, presidente da Fujifilm Brasil em entrevista à Exame em 2017.

A Fujifilm Toyama foi criada como resultado da fusão entre a Fujifilm Pharma e a Toyama Chemical, em 2018. A Toyama Chemicals tem como objetivo desenvolver novos medicamentos radioativos e terapêuticos e aqueles com mecanismos de ação exclusivos, no campo do câncer, doenças e infecções do sistema nervoso central.

Se o medicamento for, de fato, eficaz no tratamento do novo coronavírus, a divisão de saúde da Fujifilm pode ficar ainda maior.

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