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Conhecida por viagens a lazer, CVC cresce no segmento corporativo

Atuar com os dois públicos garante uma receita mais estável para a CVC, diz o presidente. Receita dobrou nos últimos anos

CVC (CVCB3) (Roberto Tamer/CVC/Divulgação)

CVC (CVCB3) (Roberto Tamer/CVC/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 19 de dezembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 19 de dezembro de 2018 às 06h00.

Conhecida por pacotes para a Disney ou Porto Seguro, a agência de viagens CVC está investindo em um novo segmento, de viagens a trabalho. Com o novo negócio, o faturamento da companhia praticamente dobrou nos últimos anos.

Com reservas de 4,9 bilhões de reais em 2014, a empresa reportou reservas de 10,2 bilhões em 2017. Um terço desse valor veio de viagens corporativas e o valor pode chegar a metade do faturamento.

Nos nove primeiros meses do ano, a empresa chegou a 9,7 bilhões de reais em reservas confirmadas, alta de 30%. Cerca de 5,4 bilhões de reais foram no segmento de lazer, enquanto o corporativo foi responsável por 3,7 bilhões de reais - alta de 5,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo Luiz Eduardo Falco, CEO da CVC Corp, o setor tem muita sinergia com o turismo. "Os fornecedores são os mesmos, só muda um pouco a maneira como fazemos as reservas", afirma.

Muitos hotéis atuam tanto com o público que viaja a trabalho quanto com quem está a passeio, por exemplo. E, se durante o ano a maior parte das viagens é a negócios, durante os meses de férias essa proporção se inverte. Atuar com os dois públicos garante uma receita mais estável para a CVC, diz o presidente.

A diversificação do negócio da CVC deve dar maior estabilidade e resistência contra crises para a companhia. "O turismo de lazer é aquecido em julho e de dezembro até o carnaval. Durante o restante do ano, são as viagens corporativas que sustentam o setor", diz Carlos Prado, presidente do conselho da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas). O segmento corporativo, que sofreu com a crise econômica, está em ritmo de retomada e deve crescer 6% acima da inflação em 2019, de acordo com a associação.

Além de passagens de aviões e reservas de hotéis para quem viaja a trabalho, a empresa expandiu a atuação para outras modalidades. Já vende bilhetes rodoviários como trechos complementares às viagens corporativas aéreas e, em breve, colocará táxi aéreo corporativo no seu sistema de vendas, com preços negociados em escala.

Aquisições

A entrada no segmento corporativo veio em 2015, pela aquisição de uma grande empresa do setor, a RexturAdvance, uma das maiores consolidadoras de bilhetes aéreos do Brasil. Ela atende mais de 5 mil agências de viagens focadas no segmento corporativo. Um ano mais tarde, comprou outra companhia, a Trend, que atua com reservas de hotéis, convenções e eventos.

Também comprou a Submarino Viagens, que era da B2W, a Experimento Intercâmbio Cultural, com foco em cursos no exterior, a Visual Turismo, voltada a lazer, com enfoque em nichos como ecoturismo, viagens de lua de mel e resorts, e a Esferatur, consolidadora de bilhetes aéreos. Essa última foi adquirida em agosto deste ano e aguarda aprovação do órgão regulamentador.

Em setembro, anunciou a aquisição de duas empresas fora do Brasil, com atuações nos canais online, de luxo, corporativo e eventos. São a Biblos e Avantrip, pertencentes ao Grupo Bibam e com plataformas de venda de viagens e programas de fidelidade em canais on-line e o Grupo Olá Transatlântica, com atuação no setor de turismo e marcas conhecidas por meio de três unidades de negócio: a Ola Mayorista de Turismo, Quinceãneras e Transatlántica Viajes y Turismo.

Desde 2015, investiu 1,2 bilhão de reais em aquisições no Brasil e 16 milhões de dólares em aquisições na Argentina. Grande parte dos negócios estão no segmento corporativo.

Apesar dos nomes pouco conhecidos do grande público, as empresas adquiridas são fortes no segmento corporativo. Isso porque a RexturAdvance e a Trend são empresas B2B, ou seja, atendem apenas empresas e não o público final, ao contrário da CVC e da Submarino Viagens. Por enquanto, o foco são as pequenas empresas, atendidas por agências de nicho. Ainda não atende as grandes contas, já que as regras para reservas são mais restritivas.

Com média de duas aquisições por ano, a CVC acredita que continuará buscando oportunidades para crescer e entrar em novos segmentos.

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