Repórter de Negócios
Publicado em 15 de abril de 2024 às 15h18.
Última atualização em 15 de abril de 2024 às 16h33.
Na última semana, o designer mato-grossense Airon Martin viu os acessos ao e-commerce da sua marca, a Misci, explodirem. Em especial, as buscas pela bolsa Bambolê.
O boom aconteceu depois que a apresentadora americana Oprah Winfrey fez compras na loja da grife brasileira no shopping de luxo Cidade Jardim, em São Paulo. Ela comprou três unidades, cada uma pelo valor de R$ 2.280.
Aos 32 anos, Airon Martin desponta como um dos mais promissores empreendedores da moda nacional. A Oprah não é a primeira personalidade a comprar peças da marca criada em 2018 com um investimento de R$ 7 mil.
Dentre a lista de clientes, há desde políticos como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a primeira-dama Janja, à influenciadores digitais como Camila Coutinho.
"Infelizmente carregamos um complexo de vira-lata, e esse é um dos principais motivos de não termos marcas fortes de moda no Brasil. Tenho trabalhado também na educação do consumidor e a resposta tem sido bem positiva", diz Airon Martin.
A jornada empreendedora de Airon começou, como tantas outras, com uma mudança de carreira. Nascido em Sinop, no Mato Grosso, Airon foi criado por sua mãe, avó e tias, com quem aprendeu muito sobre seu processo criativo.
Após um breve período cursando medicina, ele se mudou para São Paulo aos 21 anos para estudar design no Istituto Europeo di Design (IED). Inicialmente focado em mobiliário, Airon seguiu desenhando roupas em paralelo.
"Minha formação é design de produtos e serviços. Passei por direito e medicina. Mas sempre quis trabalhar com criação", diz o empreendedor.
Em 2018, ainda na faculdade, ele lançou a Misci com investimento inicial de R$ 7 mil.
"Fui trabalhando mais posicionamento do que produto, ouvindo clientes e entendendo o que viria ser a Misci. O investimento inicial de R$ 7 mil reais, fruto de um presente de vários amigos e familiares que se juntaram para me dar como presente de formatura", explica.
O nome Misci se refere à palavra miscigenação. Além dos acessórios, que representam 40% das vendas, a proposta da marca é apresentar uma alfaiataria com detalhes no caimento, boas matérias-primas e pagamento justo aos funcionários.
“O meu trabalho é muito educativo com o consumidor. Viajo para vários estados e regiões para levar a minha moda brasileira”, diz Airon Martin.
Marca pequena não significa pouco lucrativa, como mostram os números da Misci. Desde 2020, o empreendedor investe em produtos, tanto em volume como portfólio.
Com tíquete médio de R$ 1,6 mil, o perfil de consumidor de Martin “é quem pode pagar por peças bem-feitas e bem-acabadas”. A loja em Pinheiros e o e-commerce faturavam em 2022 cerca de R$ 400.000 reais por mês.
O crescimento da marca foi gradual e orgânico. Com três lojas em São Paulo e parcerias estratégicas, como a com a Heineken, a Misci conseguiu estruturar sua posição no mercado, o que resultou num crescimento de 250% ao ano nos últimos dois anos.
A recente entrada em showrooms em Nova York e parcerias com grandes marketplaces, como a Farfetch, são passos importantes em direção ao plano de exportação. "Quanto mais regional, mais global. Essa é minha principal estratégia", diz.