(Karin Salomão/Site Exame)
Karin Salomão
Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 10h00.
Última atualização em 13 de dezembro de 2017 às 10h24.
São Paulo – Com produtos para casa coloridos e variados, a chegada da Zôdio no Brasil causou frisson entre os apaixonados pela cultura “faça você mesmo” (ou do it yourself, DIY, em inglês).
A empresa, que faz parte do grupo francês Adeo, abriu sua primeira unidade na semana passada, na Marginal Tietê, em São Paulo. Com investimento de 210 milhões de reais, a loja está no mesmo espaço de uma Leroy Merlin, que também faz parte do grupo.
No espaço de 2.500 metros quadrados, há itens para confeitaria, café, louças, roupa de cama e banho, produtos de beleza, artesanato, festas e até para produzir cervejas artesanais.
Já em 2018, o grupo francês prevê trazer sua terceira marca para o Brasil, a Obramax, um atacarejo de materiais de construção para profissionais e pequenos lojistas.
A Adeo é a 4ª maior no mundo no segmento “faça você mesmo” e tem faturamento anual de 21 bilhões de euros. Cerca de 100 mil colaboradores trabalham em 12 países nas 14 marcas diferentes do grupo.
Logo na entrada da nova loja, o consumidor encontra ambientes que lembram os cômodos de uma casa, decorados com itens que podem ser comprados ali.
Objetos reutilizados ou aplicados em outro contexto são comuns na decoração, como bancos usados como armários. A ideia é trazer ideias de projetos que podem ser realizados com os produtos da loja.
O local também promove ateliês periódicos, com oficinas de culinária, decoração e artesanato ministradas por parceiras da loja, muitas delas consumidoras.
A cultura de faça você mesmo é tão forte para a empresa que muitas funcionárias acabam desenvolvendo seus hobbies. Algumas até criam uma microempresa para vender suas criações, como é o caso de Mariana Calvo, da equipe de marketing.
A Zôdio surgiu em 2007, na França. A ideia veio de visitas feitas pelo grupo Adeo às casas de mulheres francesas, que reclamavam que seus móveis e objetos de decoração eram muito semelhantes aos de suas vizinhas e parentes. As visitas, inclusive, são uma prática até hoje.
Na Europa, a Ikea e seu estilo escandinavo dominam a decoração de interiores. Por isso, o grupo Adeo decidiu criar uma nova bandeira, que atendesse a essas consumidoras.
Em qualquer país, há competidores fortes, diz Gauthier Lenglart, diretor geral da Zôdio no Brasil. No Brasil, são a Tok Stok, Camicado e Etna, por exemplo.
“Não vamos competir com as empresas dominantes do mercado, precisamos agregar valor à nossa marca para nos destacarmos”, diz o diretor. “Por isso, vamos nos diferenciar ao trazer o que a consumidora está buscando”.
A Zôdio irá fechar o ano com 24 unidades pelo mundo: na França, Itália e Brasil. Até o fim de 2018, serão 27. O Brasil é o primeiro país fora a Europa a receber uma loja da marca.
O motivo é o sucesso da outra empresa do grupo na região. A Leroy Merlin chegou ao Brasil em 1998 e hoje possui 41 lojas distribuídas em onze estados brasileiros e o Distrito Federal, além de uma loja virtual que atende todos os estados do país.
No mundo, são 407 lojas da marca, com cerca de 78 mil colaboradores. O Brasil é o único país da América a receber a marca.
Quem trouxe a companhia de materiais para reforma foi o próprio Gautier Lenglart. Por já ter experiência com o mercado brasileiro, ele foi escolhido para trazer a Zôdio ao país.
Com mais de 20 mil itens diferentes, a loja tem diversos tipos de coadores de café, kits para cerveja artesanal, lençóis e toalhas de todas as cores, produtos de beleza, velas e aromatizadores, itens de limpeza, louças e objetos de decoração.
Em uma mesma loja, há produtos para fazer chocolates artesanais, decorações de festas infantis e scrapbooking, variedade que a diferencia da concorrência, acredita o diretor.
São 450 fornecedores, muitos deles pequenos produtores, escolhidos a dedo pela companhia. Foram mais de dois anos de pesquisas e contatos para encontrar os parceiros certos, afirma o diretor.
Antes de abrir a primeira loja, a companhia buscou entender a consumidora. Por isso, contratou uma agência de marketing, que já atendia a Leroy Merlin, para um grande projeto: visitar 500 casas de paulistanas.
Com as visitas, buscaram compreender quais eram as necessidades e inspirações dessas pessoas. O foco é no público feminino e no cuidado de casa. “Quase 90% das nossas consumidoras na Europa são mulheres”, diz Lenglart. Entre funcionários, a porcentagem é parecida.
Criaram, então, quatro personas, que representam perfis diferentes, de jovens a mães e microempreendedoras, que vivem de seus artesanatos e criações. As visitas a consumidoras são um trabalho constante, já que necessidades e tendências mudam com o tempo.
Um dos pontos centrais da estratégia da Zôdio é o seu aplicativo. Consumidoras podem postar fotos dos seus projetos, pedir dicas ou buscar inspiração. Essas interações valem pontos no programa de fidelidade, que podem ser trocados por vale-compras, cursos no ateliê ou tempo nas máquinas de costura.
No Brasil, a plataforma virtual irá ganhar uma funcionalidade exclusiva: um marketplace, para artesãs e microempreendedoras venderem seus projetos.
“O Brasil é uma sociedade muito mais conectada que os europeus. A venda direta, por exemplo, é mais forte por aqui, assim como o uso de redes sociais”, explica Lenglart. Por isso, a empresa acredita que é a região ideal para iniciar o seu marketplace.
A loja ainda tem espaços com máquinas de costura, que podem ser usadas por hora, e um ateliê para fazer canecas personalizadas.