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Como esta startup já movimentou R$ 1 bilhão ao atender uma das maiores dores das PMEs

Com investidores como Serasa e TOTVS, a PayHop facilita crédito a varejistas e projeta crescimento de três dígitos até 2025

Eduardo Rossi e Arthur Fontana, cofundadores da PayHop: empresa deve atingir os três dígitos em 2025

Eduardo Rossi e Arthur Fontana, cofundadores da PayHop: empresa deve atingir os três dígitos em 2025

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 14h20.

Última atualização em 24 de outubro de 2024 às 17h51.

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Fundada em 2020, a fintech PayHop procura resolver um dos maiores desafios do mercado de crédito no Brasil: a dificuldade de acesso ao crédito para pequenos e médios varejistas. No Brasil, quando um lojista aceita cartões de crédito, ele leva geralmente até 30 dias para receber o valor da venda; em casos de parcelamento, o tempo é ainda maior. Isso cria uma barreira significativa para a expansão de negócios, já que limita o fluxo de caixa e o poder de compra dos varejistas.

A PayHop atua conectando diretamente credores, como bancos e instituições financeiras, a varejistas, utilizando os recebíveis de cartão como garantia real para o crédito. Isso permite que os lojistas de farmácias, postos de gasolina e até mesmo grandes redes de supermercado tenham, por exemplo, maior prazo para pagamento e maiores volumes de estoque, especialmente em períodos sazonais, como Black Friday e Natal.

O mercado de recebíveis de cartão tem expandido desde 2021, quando novas regulamentações do Banco Central (BC) entraram em vigor. Essas mudanças visavam tornar as operações mais transparentes e dar mais flexibilidade para os lojistas, que agora podem escolher qual a proposta mais atrativa entre diversas instituições financeiras. Base39, Flip e o InfinitePay, da CloudWalk, são algumas das milhares de competidoras da PayHop. A Conta Azul, que oferece software de gestão financeira para PMEs, acaba de ser aprovada como instituição de pagamento e planeja oferecer crédito também.

"Identificamos uma lacuna no mercado de recebíveis, principalmente após a regulamentação do BC, que abriu novas oportunidades para o uso criativo desse ativo", diz um dos fundadores, Eduardo Rossi, que acumula mais de 20 anos de experiência no setor financeiro, com passagens por grandes bancos como Itaú e Citibank. Seu sócio, Arthur Fontana, possui mais de 15 anos de experiência no setor de fintechs.

Parceria com o Nubank e novos caminhos

A startup, avaliada em R$ 50 milhões, está presente em todas as etapas do processo de crédito: desde a análise e registro dos recebíveis, até a gestão do contrato e a transferência de valores para o credor. Recentemente, a fintech registrou mais de R$ 1 bilhão em contratos de recebíveis.

Uma das maiores parcerias da fintech é com o banco Nubank. A plataforma da PayHop permite que o unicórnio brasileiro visualize os recebíveis vinculados às maquininhas de cartão dos clientes, além de acompanhar se os valores estão livres ou comprometidos. Isso ajuda o Nubank a conceder crédito com maior segurança e eficiência, como parte da estratégia do banco de oferecer linhas de crédito mais acessíveis ao consumidor.

A Serasa e a TOTVS lideraram a mais recente rodada de investimento da PayHop. O valor não foi revelado. O aporte será utilizado majoritariamente para a entrada no segmento de duplicatas escriturais, que deve passar por uma transformação regulatória nos próximos anos.

As duplicatas escriturais são uma forma de título de crédito, emitido eletronicamente, que representa uma venda a prazo entre empresas e pode ser usado como garantia em operações de crédito. Antes, as duplicatas eram registradas em papel ou em sistemas privados das empresas, o que gerava risco de fraudes e falta de transparência.

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Essa mudança é considerada uma evolução natural, similar ao que aconteceu com os recebíveis de cartão em 2021, e deve ter um impacto significativo na concessão de crédito, especialmente para indústrias e grandes empresas que usam ela como garantia principal​​. "O mercado de duplicatas é maior que o de cartões e pode transformar o acesso ao crédito para indústrias e grandes empresas, que terão mais opções de financiamento e garantias mais seguras", explica Rossi​.

Há também a possibilidade das empresas utilizarem recebíveis para recuperação judicial, um segmento em que o acesso a crédito costuma ser mais restrito. "Já vimos casos em que o uso dos recebíveis como garantia possibilitou a compra de estoques para o Black Friday ou mesmo a continuidade das operações em momentos críticos", afirma Rossi​.

A fintech projeta um crescimento de três dígitos até 2025. Segundo Rossi, o mercado de crédito com recebíveis deve movimentar mais de R$ 4 trilhões em 2024, o que oferece um amplo espaço para a expansão das operações da empresa. "A demanda por crédito é constante e o colateral de cartão é a melhor garantia possível, com risco quase zero", diz.

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