Castello Branco: ele lembrou que o principal acionista da Petrobras é o Estado, o que significa que a sociedade perdeu recursos com a desvalorização do patrimônio da empresa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de março de 2022 às 18h47.
Última atualização em 25 de março de 2022 às 19h00.
Ex-presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco afirmou nesta sexta-feira, 25, durante transmissão promovida pelo Instituto Millenium, que congelamento de preços "definitivamente" não é uma saída para os combustíveis e lembrou que o Brasil tem "larga experiência" em erros nesse tema, inclusive com a própria Petrobras.
Durante a transmissão, Castello Branco lembrou que a estatal fixou o preço dos combustíveis abaixo do praticado no mercado internacional de 2011 a 2014, resultando em perdas de US$ 40 bilhões para a companhia.
Ele lembrou que o principal acionista da Petrobras é o Estado, o que significa que a sociedade perdeu recursos com a desvalorização do patrimônio da empresa. "A Petrobras perde, a sociedade perde", disse Castello Branco.
O ex-presidente da empresa afirmou, contudo, que existem "mitos" e "fake news" de que os preços dos combustíveis são muito altos no país. Ele disse que existiriam de 80 a 90 países com preços mais elevados em uma amostra de 160 países. E que essa posição se manteria mesmo tratando os preços pelo critério de paridade de poder de compra.
Ele descartou uma "nacionalização" da Petrobras como forma de manter preços baixos. A companhia seria insustentável como sociedade de economia mista, dividindo-se entre os interesses de acionistas privados e da União. Castello Branco acredita que o caminho seria o governo vender ações da Petrobras e torná-la uma corporation ("sem dono"), como a BR Distribuidora.
Para evitar repasses da alta do barril do petróleo para a gasolina nos postos do país, especialistas e o próprio governo estudaram a criação de fundos de estabilização. Castello Branco disse que esses fundos não seriam a melhor destinação para recursos públicos. Ele defende priorizar gastos com segurança e hospitais públicos, por exemplo.
O economista minimizou, porém, a relevância do debate sobre preço dos combustíveis. "Em vez de ficar na conversinha de preços de combustíveis, deveríamos discutir o crescimento econômico, combate à pobreza, produtividade. Isso é o que temos de focar. Perder tempo com discussão de preço de combustíveis é um besteirol", disse ele.