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Conflito familiar pode alterar desenho societário da CSN

Briga interna se dá na Vicunha, que controla a CSN e outros negócios da família Steinbruch

CSN: valor de mercado da companhia fechou ontem em R$ 14,697 bilhões (Bia Parreiras/EXAME/Exame)

CSN: valor de mercado da companhia fechou ontem em R$ 14,697 bilhões (Bia Parreiras/EXAME/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 08h54.

São Paulo - Os herdeiros da família Steinbruch, dona da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), devem dar início a uma longa disputa societária que poderá mudar o desenho acionário de uma das maiores siderúrgicas do País.

A briga se dá na Vicunha, que controla a CSN e outros negócios da família. Os irmãos Benjamin, Ricardo e Elisabeth Steinbruch - representados pela holding Rio Purus - entraram em rota de colisão com os primos Clarice e Léo Steinbruch, da CFL Participações, segundo apurou o Estado.

Benjamin Steinbruch, com o apoio dos irmãos, quer destituir os primos do bloco de controle da Vicunha Steel S/A, controladora indireta da CSN, e não estaria mais disposto a reconhecer o acordo de acionistas do grupo, que está em vigor desde 1994.

A siderúrgica dos Steinbruch tem como principal acionista a Vicunha Aços, que detém 50,3% do capital votante da CSN. Por sua vez, a Vicunha Aços é 100% controlada pela Vicunha Steel, que tem dois sócios: a Rio Purus, com 60%, e a CFL, com os 40% restantes.

Os dois ramos da família são os maiores acionistas da siderúrgica e da Vicunha Têxtil. São donos também de diversos imóveis e do Banco Fibra. Os conflitos entre as duas alas da família, agora escancarados, vêm de longa data.

Foi na assembleia geral extraordinária do dia 9 de janeiro que os Steinbruch se desentenderam de vez. "Benjamin disse não reconhecer mais o acordo de acionistas do grupo e não aceitou as indicações para o conselho feitas por Clarice", disse Ricardo Tepedino, da Tepedino Advogados, que representa a CFL. "Tentamos um acordo e estamos estudando quais medidas tomaremos para contestar essa posição."

Na assembleia, a CFL registrou em ata, à qual o Estado teve acesso, que Clarice não renunciou ao cargo, como diz a Rio Purus, e relatou "ato de truculência" da sócia.

Discórdia

O conglomerado, que inclui a CSN e a Vicunha, foi criado nos anos 1960 pelos irmãos Mendel (pai de Benjamin, Ricardo e Elisabeth), que faleceu em 1993, e Eliezer (pai de Clarice e Léo). Os Steinbruch foram sócios do empresário Jacks Rabinovich, que se desfez de sua participação em 2005.

Os desentendimentos entre os atuais herdeiros dos Steinbruch ganharam força com a morte de Eliezer, em 2008. O acordo de acionistas da família Steinbruch foi firmado em 1994, após a morte de Mendel.

Mesmo com fatias societárias diferentes, os herdeiros da família Steinbruch teriam o mesmo peso nas decisões dos negócios. Mas, segundo fontes, Benjamin costuma centralizar as principais decisões da companhia.

Nos últimos anos, os primos tentaram dar início a um processo de desmembramento das empresas. Os filhos de Eliezer, segundo fontes, estariam dispostos a sair dos negócios, mas há impasse sobre quanto valeria hoje sua participação.

O valor de mercado da CSN fechou ontem em R$ 14,697 bilhões. A fatia da CFL na CSN valeria quase R$ 3 bilhões, fora participações diretas da holding no negócio.

Procurados, a CSN e a advogada Luciana Ryan, do escritório Mattos Filho, que assessora a Rio Purus, não comentaram. O advogado Luiz Corvo, que assessora os Steinbruch, também não se manifestou.

O Estado procurou o advogado especialista em disputa societária Modesto Carvalhosa, que trabalhou para a Rio Purus, mas ele também não quis dar entrevista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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