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Concorrente da Infracommerce e da Vtex, Bravium quer ganhar os holofotes para plano de R$ 2,5 bi

A empresa terminou 2023 com um faturamento de R$ 500 milhões e prevê crescimento de 40% ao longo deste ano

Adelmo Inamura, da Bravium: aquisições podem fornecer acesso a novos mercados, tecnologias complementares ou ampliar a base de clientes (Bravium/Divulgação)

Adelmo Inamura, da Bravium: aquisições podem fornecer acesso a novos mercados, tecnologias complementares ou ampliar a base de clientes (Bravium/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de março de 2024 às 17h30.

Última atualização em 13 de março de 2024 às 18h24.

O mercado de tecnologia é pródigo em criar negócios que movimentam milhões — ou bilhões, caso das big techs. Muitos deles operam distantes do grande público e são desconhecidos mesmo por quem usa os serviços. A Bravium se enquadra neste grupo. Por anos, a empresa adotou uma postura mais acanhada, comportamento que deve deixar de lado para ir em busca de objetivos maiores.

A companhia vive uma nova fase desde o segundo semestre de 2022 quando recebeu um cheque de R$ 100 milhões do venture capital Bridge OneNo ano passado, faturou R$ 500 milhões, crescimento de 25% em relação a 2022. O sarrafo está ainda maior para este ano: avançar para R$ 700 milhões, o equivalente a 40% de alta.

O negócio é daqueles que trabalham por trás das operações, organizando a infraestrutura digital e logística para que os consumidores recebam os produtos no tempo e nas condições adequadas em suas casas. 

Como funciona a empresa

Atua em mercados em que compete com nomes como Infracommerce, na logística e digitalização das empresas, e  Vtex, na criação e integração de plataformas. A partir de uma ferramenta única, oferece serviços como:

  • gestão de e-commerce, 
  • programas de relacionamento, 
  • relacionamento com os clientes
  • galpões para armazenagem de produtos
  • entrega dos produtos

O negócio surgiu em 2007, ainda com o nome de Satelital, para gerir toda a infraestrutura logística, conhecido como fullfilment, para programas de fidelidade de companhias aéreas como Gol e Azul.

Por trás, estão os cofundadores Ricardo Garcias e Marcelo Caligaris a quem se uniu Adelmo Inamura, em 2012. Cofundador da PraValer, de crédito universitário, o executivo tinha acabado de vender a participação na startup e procurava novos desafios quando foi convidado para o negócio.

"Eu sabia dar crédito, montar FIDCs, mas nada de incentivos. Eu vim porque percebi que havia oportunidade", diz Inamura, CEO da Bravium, criada em 2012 com a ambição de transportar o aprendizado para outras indústrias, como empresas de bens de consumo do porte da Ambev, BRF, Havanna e J.Macêdo. 

Os sócios também lançaram a Atrus, em 2021, um full commerce, modelo que vai desde o planejamento até a gestão operacional dos canais digitais e análise de dados. Em 2022, tudo isso virou o grupo Bravium.

O conhecimento no mercado de fidelidade ainda gerou a Orbia, uma join venture com a Bayer em 2019 que se tornou um dos maiores programas de fidelidade para os agricultores no mundo. A empresa detém 15% do negócio, que tem participação da Yara Fertilizantes e do Itaú, empresas que entraram em 2021 no acordo. A operação é apartada e os números de faturamento não entram na conta. 

Desde sempre, o negócio da Bravium rodou com capital próprio e gerando caixa. O aporte da Bridge foi o primeiro e único na história da Bravium e chegou para impulsionar os números da empresa, cujo plano mira o faturamento de R$ 2,5 bilhões até o final de 2028. “O sonho é grande”, afirma Inamura

Um desafio e tanto, considerando que a Infracommerce, hoje a principal referência no setor e empresa com a qual a Bravium compete em alguns mercados, acumulou nos primeiros nove meses de 2023 uma receita líquida de pouco mais de R$ 800 milhões. Os números do ano serão divulgados na próxima semana.

Qual é a nova fase da Bravium

“Nós temos usado esse dinheiro muito para investir em iniciativas que investíamos mais devagar. Temos acelerado os investimentos em tecnologia, principalmente, e trazendo pessoas boas para suportar esse crescimento”, diz Inamura. 

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Os recursos também estão irrigando as áreas comerciais e de marketing, até pouco tempo inexistente. “Antes do aporte, nós nos esforçávamos para não aparecer. Agora, não é que nós queiramos aparecer, mas nós queremos estar bem posicionados e com clientes importantes”, afirma. Nesta toada, a empresa está construindo uma agenda de participação em feiras e eventos.

Os esforços buscam ampliar a cartela de clientes, em torno de 300 atualmente, oriundos, em grande parte, dos setores bancário e de aviação.

Além da gestão de lojas digitais de programas de fidelidade de grandes empresas, como o Mastercard Surpreenda, Livelo e Shopping Tudo Azul, a operação da Bravium tem crescido com serviços de digitalização, criando as estruturas para que os negócios vendam online. 

Um perfil de cliente relevante está em companhias do middle market, um filão que a empresa vê como uma das fronteiras para a expansão.

“A empresas de bens de consumo representam um potencial importante para este crescimento”, diz Inamura. Segundo o profissional, a partir de ferramentas de dados, os algoritmos da Bravium conseguem entregar análises e sugestões de iniciativas para que os clientes aumentem as suas vendas. 

Os caminhos para os R$ 2, 5 bilhões ainda devem passar pela compra de outras empresas. “Essas aquisições podem fornecer acesso a novos mercados, tecnologias complementares ou ampliar a base de clientes, servindo como alavancas estratégicas para expandir os negócios”, afirma.

As conversas ainda não começaram, mas, pelo novo ritmo da empresa, não devem tardar.

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