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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - O consumo aquecido em meio ao ambiente econômico favorável e à ampla oferta de crédito tem levado a uma concorrência cada vez mais acirrada no segmento de comércio eletrônico no Brasil.
Embora seja considerado um mercado ainda em fase inicial, dado que a compra pela Internet ainda não representa uma prática comum para muitos brasileiros, o maior poder de compra da população --especialmente da classe C-- vem impulsionando as vendas online.
Conforme pesquisa divulgada na segunda-feira pela consultoria norte-americana Survey Sampling International, 36 por cento dos brasileiros ficaram "altamente satisfeitos" com suas compras online em 2009, perdendo apenas para os norte-americanos, com 47 por cento.
O levantamento apontou que a principal razão para tal satisfação são os preços mais baixos em relação às lojas físicas.
Apoiadas no cenário favorável ao consumo no mercado interno, as lojas virtuais das principais varejistas do país passaram a ganhar peso em suas estratégias de operações. Além disso, grupos que estavam fora desse canal de vendas resolveram marcar presença.
"A entrada de novas empresas no setor é positiva e um movimento necessário para não perder espaço", afirmou o analista Cauê Pinheiro, da SLW, referindo-se ao Carrefour, o último entre os supermercadistas a aderir ao comércio eletrônico.
No início de março, o Carrefour lançou sua plataforma para vendas online no Brasil, com investimento de 50 milhões de reais. O grupo francês espera estar entre os cinco maiores do comércio eletrônico brasileiro até 2011.
O Wal-Mart, por sua vez, tem a meta de crescer "no mínimo 100 por cento" em vendas online neste ano na comparação com 2009. A empresa, que não divulga dados de vendas no Brasil, conta com 50 mil itens disponíveis em sua loja virtual no país, lançada em 2008.
"Vamos lançar cinco novas categorias no site (em 2010), elevando para mais de 100 mil o número de produtos ofertados online", afirmou o diretor de e-commerce do Wal-Mart, Flávio Dias.
O analista da Rafael Cintra, da Link Investimentos, acredita que o setor de comércio eletrônico no Brasil deve crescer 20 por cento ao ano nos próximos cinco anos, puxado principalmente pela venda de computadores.
Concorrência
A entrada de novos players, contudo, minou o terreno para a atual líder no segmento, a B2W, dona de sites de comércio eletrônico como Americanas.com e Submarino.
Entre os analistas consultados pela Reuters a opinião é unânime: a B2W manterá a tendência de crescimento abaixo do mercado por mais algum tempo, enfrentando o risco de perder a liderança no setor.
"O desempenho da B2W nos últimos dois trimestres foi decepcionante, considerando a expansão atual do consumo das famílias no Brasil", assinalou a equipe de análise do HSBC, em relatório recente, acrescentando que a desaceleração das vendas da empresa deve continuar sendo vista nos próximos trimestres.
Em um segmento que conta com ferramentas específicas para pesquisar e comparar preços, o valor dos produtos deixa de ser um diferencial, obrigando as companhias a lançar mão de outros atrativos para o consumidor --e campanhas publicitárias agressivas podem fazer a diferença.
"O site da B2W é mais diversificado que o da Casas Bahia, por exemplo. Mas, se B2W não se mexer, investindo em marketing para aparecer, a tendência é de que perca ainda mais participação de mercado", avaliou o analista Rafael Burquim, da Planner.
No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido da B2W caiu pela metade na comparação com o mesmo intervalo de 2009, pressionado por alta despesa com vendas.
A Nova Pontocom --resultado da união das operações online de Pão de Açúcar, Ponto Frio e Casas Bahia e ainda sem data prevista para ser lançada-- já é apontada como a principal candidata a desbancar a B2W.
"A sinergia é grande no grupo e a Casas Bahia vai entrar com força", disse Burquim, da Planner.
Para ele, em cerca de um ano, a Casas Bahia poderia superar "ou pelo menos encostar em B2W, pelo forte volume de investimento, especialmente em marketing".