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Concorrência já afeta balanços de empresas de cartões

São Paulo - Embora a competição total no mercado doméstico de cartões tenha começado apenas no dia 1o deste mês, Cielo e Redecard, as maiores redes de credenciamento do país, devem acusar os efeitos da concorrência mais acirrada já nos resultados do segundo trimestre. De acordo com analistas do setor, as companhias devem experimentar pressões […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - Embora a competição total no mercado doméstico de cartões tenha começado apenas no dia 1o deste mês, Cielo e Redecard, as maiores redes de credenciamento do país, devem acusar os efeitos da concorrência mais acirrada já nos resultados do segundo trimestre.

De acordo com analistas do setor, as companhias devem experimentar pressões nas margens, devido aos esforços para tentar fidelizar lojistas, via gastos maiores com publicidade, promoções e descontos no aluguel das máquinas usadas para processar pagamentos de compras (POS).

"Acreditamos que ambas as companhias reportarão um crescimento significativo das despesas, enquanto preparam suas estruturas para maior competição, comentaram os analistas Carlos Firetti e Rafael Frade, em relatório da Bradesco Corretora.

A projeção da Bradesco Corretora é que os custos operacionais de abril a junho tenham crescido 10 por cento no caso da Cielo, e 12 por cento no da Redecard, em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Desde a chegada ao mercado da terceira competidora no setor, a GetNet em parceria com o Santander Brasil, em abril, as duas gigantes, que reinaram sozinhas por cerca de 15 anos no mercado brasileiro de cartões, vêm intensificando os esforços para se desvincular da imagem de monobandeira.

Logo depois de encerrar o contrato de exclusividade com a Visa, a Cielo (ex-VisaNet), passou a aceitar em sua rede os cartões da MasterCard. Na semana passada, fechou uma parceria para passar a capturar as transações dos cartões de benefício Ticket no setor de alimentação.

Já a Redecard, que por vários anos foi a única credenciadora de Mastercard, passou a ter Visa em seu portfólio. Atualmente, tem parcerias para receber cartões de 19 bandeiras.

O esforço das grandes tem como objetivo não somente impedir a ascensão da GetNet, que chegou ao mercado com atrativos pacotes de isenção de tarifas em parceria com o Santander, mas também estabelecer um relacionamento mais estreito com os lojistas.


A norte-americana First Data, que se apresenta como a maior rede adquirente do mundo, avisou que pretende entrar no setor de cartões no Brasil por meio de parcerias. Especialistas do setor estimam a chegada de mais dois ou três competidores até 2011.

Os lojistas, que sempre reclamaram dos custos cobrados pelo aluguel de POS e das taxas por transação, agora comemoram. Para a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), muitos vão se desfazer de uma das grandes redes, já que não fará mais sentido pagar duas máquinas para fazer o mesmo serviço. Só com aluguel de POS, a entidade estima uma perda de receita para Cielo e Redecard da ordem de 1 bilhão de reais por ano.

Analistas evitam contas, mas enxergam um cenário nebuloso para as grandes. Para Marcelo Telles e Victor Schabbel, do Credit Suisse, os resultado da Redecard do segundo trimestre, que sai na sexta-feira, já deve reportar aumento dos custos. Para a Cielo, líder no Brasil, a expectativa é de perda de market share.

"Os resultados do segundo trimestre devem nos dar uma pista de que a competição é pra valer e que o risco de uma deterioração precoce nos lucros está crescendo", comentaram os analistas do Credit Suisse em relatório desta terça-feira.

Toda essa efervescência ocorre em meio a um período de forte crescimento e de expectativa por uma nova regulamentação do setor. O governo deve enviar até o fim de setembro a proposta de regulamentação das tarifas de cartões.

Segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a base de cartões do Brasil chegava ao redor de 600 milhões de unidades no final de junho, com o faturamento das empresas do segmento crescendo anualmente por volta de 20 por cento.

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