E-commerce (Emilija Manevska/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 18h54.
Enquanto muitas varejistas se vangloriaram de entregar produtos em 48 horas nesta Black Friday, a realidade foi um pouco mais dura para boa parte das compras.
O prazo médio prometido pelas empresas para entregar produtos comprados na última sexta-feira, dia 29 (data que marca a Black Friday no mundo) foi de 18 dias. No fim de semana, quando ainda vigoravam promoções, a média foi de 19 dias.
Os dados são da empresa de inteligência de comércio eletrônico Compre&Confie, que monitora mais de 80% de todas as compras feitas na internet brasileira.
As informações levantadas pela empresa dizem respeito ao prazo prometido pelas varejistas para entregar o produto, e não necessariamente ao prazo em que o produto é de entregue. Assim, é comum que uma empresa prometa entregar em até duas semanas, por exemplo, mas consiga entregar em dois dias.
Ainda assim, houve uma alta do prazo médio de entrega na Black Friday em relação aos dias comuns. A média de 18 dias é maior do que a média brasileira do primeiro semestre, que foi de 13 dias e caiu para 11 dias em setembro e outubro, segundo a Compre&Confie.
Mas ainda é impossível dizer se essa alta se concretizou. Como na Black Friday há um grande volume de pedidos, as empresas preferem, por via das dúvidas, prometer um prazo mais longo que o comum para não receberem reclamações, explica André Dias, diretor da Compre&Confie. "Cria uma surpresa positiva no cliente se o produto chega antes do previsto, e ainda evita reclamações caso demore um pouco mais, já que ainda estava dentro do prazo", diz.
A Black Friday 2019 teve 3,87 bilhões de reais em vendas na sexta-feira e no sábado, alta de 31% em relação ao mesmo período de 2018, ainda segundo a Compre&Confie. Os consumidores fizeram 6,11 milhões de pedidos, alta de 28%. Foram cerca de 35 pedidos por segundo feitos online, com picos de até 75 pedidos por segundo. O ticket médio foi de 634 reais, e a maior parte dos pedidos (65%) foram feitos no Sudeste.
Em uma parte das compras online no Brasil, os prazos foram menos longos do que 18 dias. As entregas mais rápidas costumam vir das compras feitas em grandes varejistas, que vêm se estruturando com malhas próprias ou parcerias com empresas de entrega privadas para fazer entregas cada vez mais velozes.
O Magazine Luiza afirma que, dos mais de 2 milhões de pedidos recebidos na Black Friday, metade foi entregue até o fim da tarde de segunda-feira 1 na Grande São Paulo e 35% foi entregue neste prazo no resto do país, o que totalizaria um prazo de apenas um ou dois dias úteis. A Via Varejo, dona das Casas Bahia, aponta que aumentou o quadro de sua área logística em mais de 1.000 pessoas para entregar os produtos no máximo entre sete e dez dias -- a empresa, que acaba de mudar de gestão com a voltada de Michael Klein, da família fundadora, diz que bateu o recorde em vendas no mesmo dia, com 1,1 bilhão de reais em vendas na sexta-feira 29.
Segundo Dias, da Compre&Confie, o que mais aumenta os prazos são os marketplaces -- quando lojistas parceiros usam as plataformas de outras varejistas para vender seus produtos. O site de grandes varejistas como Magazine Luiza, B2W (dona de Americanas.com e Submarino) e Via Varejo são repletos de produtos de parceiros.
Neste caso, o prazo de entrega pode variar a depender do serviço que o lojista escolheu para fazer a entrega. Muitos clientes não notam a diferença, mas, ao comprar o produto, os sites costumam especificar se o produto é da própria varejista ou de um parceiro com os dizeres "vendido e entregue por". Já sites como o Mercado Livre, líder em vendas no Brasil, só vendem produtos de parceiros, sem estoque próprio.
Uma tendência para os próximos anos é que o tempo de entrega diminua justamente à medida em que as grandes empresas passem a oferecer suas malhas próprias para entregar mesmo os produtos do marketplace. O Mercado Livre tem o Mercado Envios, a B2W o B2W Entregas e o Magalu o Malha Luiza, para citar alguns exemplos.
Além disso, empresas focadas em entregas, como Loggi, Mandaê e Pegaki também devem passar a atuar em mais cidades brasileiras e expandir as entregas rápidas no comércio eletrônico, fazendo parcerias com varejistas grandes e pequenos. Por fim, os sites também vêm ficando mais transparentes, oferecendo um "menu de frete", com vários preços e prazos de entrega para o mesmo produto, segundo Dias. "O cliente pode escolher pagar mais caro para ter o produto mais rápido", diz.