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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
São Paulo - A decisão da Vale de comprar os ativos de fertilizantes da Bunge no Brasil deve ser bem vista pelo governo e pode até melhorar a relação entre a mineradora e a cúpula de Brasília, de acordo com os analistas da corretora Brascan. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito sucessivas cobranças públicas de maior investimentos da mineradora no país. O governo também não esconde que gostaria de reduzir a dependência das importações de insumos de fertilizantes. Após a operação, a Vale sinalizou que toda a produção do segmento será prioritariamente destinada ao Brasil e que deve fazer novos investimentos na área.
Para os analistas da Brascan, a compra realizada pela Vale não deve ser uma ação isolada. Um possível alvo apontado pela corretora para ampliar a atuação da mineradora no segmento de fertilizantes é a inglesa Anglo American, que está à procura de compradores para sua unidade de fertilizantes no Brasil, a Copebrás.
Operação cara
A aquisição dos ativos da Bunge foi considerada cara pela corretora. De acordo com as estimativas dos analistas, a Vale pagou um prêmio de aproximadamente 3% sobre a cotação de fechamento do dia 26/01 das ações da Fosfértil (25,00 reais por ação ordinária e 18,99 reais por ação preferencial) e de pouco menos de 25% em relação ao patamar anterior ao anúncio das negociações, no dia 15/01.
A corretora também diz que a Vale pagou pela Fosfértil um múltiplo EV/EBITDA (Valor da empresa/Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) de 12,1 vezes para 2010, "muito acima dos 8,4 vezes que projetamos para a Vale, indicando uma operação cara para a mineradora", diz o relatório da Brascan. Os analistas destacam, entretanto, que o nível de investimentos na companhia deve ser forte, proporcionando alto crescimento.
Às 15h23, as ações da Vale (VALE5) registravam queda de 1,14%, negociadas a 41,48 reais. O Ibovespa operava em queda de 0,59%, aos 64.687 pontos.