Negócios

Como a Rossi quer mais do que dobrar de tamanho em dois anos

Vice-presidente financeiro da construtora, Cássio Audi, explica como a empresa quer aumentar em 125% o volume de lançamentos nesse período

Cássio Audi e o mantra da Rossi: "Queremos estar presente em diversas cidades do país com produtos para todas as faixas de renda" (.)

Cássio Audi e o mantra da Rossi: "Queremos estar presente em diversas cidades do país com produtos para todas as faixas de renda" (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

São Paulo - Os brasileiros nunca compraram tantos imóveis como hoje. A facilidade de crédito, os juros baixos e programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida são os grandes responsáveis por manter aquecido o consumo no setor. Tanto movimento faz com que as construtoras e incorporadoras brasileiras também se mexam para atender a alta demanda. A paulista Rossi, por exemplo, já colhe os resultados desse crescimento. Só no primeiro trimestre do ano, a empresa lançou 22 empreendimentos no primeiro trimestre que representam vendas potenciais de 722 milhões de reais, um salto de 350% em relação ao mesmo período do ano anterior.

"Queremos crescer 125% em lançamentos nos próximos dois anos", disse à EXAME.com o vice-presidente financeiro da Rossi Cássio Audi. Para alcançar essa meta, a construtora e incorporadora investirá em parcerias com empresas menores. Nesta semana, a Rossi anunciou uma joint-venture com a mato-grossense GMS, que marca a estreia da empresa paulista na região. A estratégia visa fortalecer a posição da Rossi no mercado frente a gigantes como PDG Agre e Cyrela. "Queremos estar presente em diversas cidades do país com produtos para todas as faixas de renda", repetiu Audi, diversas vezes, como um mantra. Os detalhes, é claro, são mantidos em segredo, mas nesta entrevista ele indica as direções dos negócios da Rossi para os próximos anos.

EXAME - Há 880,8 milhões de reais no caixa da Rossi, 316% acima do valor registrado no primeiro trimestre. Como isso será investido?
Audi -
A maior parte dos recursos será utilizada para aquisição de terrenos. Cerca de 55% do capital que conseguimos com a oferta de ações do ano passado será direcionada para isso. A localização dos terrenos ainda será avaliada. Pode ser através de parcerias ou não. Estamos analisando.

EXAME - A fusão entre a PDG e a Agre altera a estratégia da construtora?
Audi -
Não. É um setor que cresce bastante e cada empresa tem uma estratégia para fazer frente a essa demanda. O anúncio de nossa mais recente joint-venture com a GMS reforça que manteremos nossa estratégia de parcerias e de diversificação de cidades e renda.

EXAME - Por que a Rossi resolveu fazer a parceria com a imobiliária mato-grossense GMS?
Audi -
Nossa estratégia é diversificar as cidades onde estamos presentes. A joint-venture com a GMS marca nossa entrada no mercado do Mato Grosso. Seria muito arriscado entrar numa região que não conhecemos muito bem, por isso firmamos a parceria com a GMS. Ela traz 500 milhões de reais em vendas nos próximos dois anos. Foi boa oportunidade, por ter um ótimo banco de terrenos na região e também contribuir com a mão-de-obra. No ano passado, também firmamos uma parceria com a Capital Construtora, de Manaus. De lá, esperamos vendas de até 2 bilhões de reais nos próximos dois anos.

EXAME - A participação fica dividida em 30% para a GMS e 70% para a Rossi. Pretendem aumentar esse valor?
Audi -
Ele pode crescer, mas não está em nossos planos agora. Se tudo correr dentro do esperado, pretendemos explorar outras alternativas com a companhia.


EXAME - Haverá mais parcerias com construtoras menores?
Audi -
Nós temos conversado com alguns construtores médios e pequenos que, eventualmente, podem se associar a nós. As joint-ventures nos tomam pouco caixa, por isso são interessantes também. Nós somos parceiros de 83 construtores no Brasil, e esse número pode aumentar. Temos uma cultura colaborativa. Mas também podemos entrar sozinhos em algum mercado que acharmos que valha a pena.

EXAME - A diversificação regional da Rossi é também uma resposta ao mercado competitivo de São Paulo?
Audi -
A diversificação geográfica é uma estratégia para diminuir riscos. Na nossa visão, a centralização em grandes cidades é problemática por conta da competição. Estamos presentes em 73 cidades e queremos chegar a até 123. Há muito onde crescer.

EXAME - Onde, por exemplo?
Audi -
Projetos em novas cidades ainda estão em estudo.

EXAME - O que faz uma cidade ser interessante para a Rossi investir?
Audi -
Não posso dar detalhes, mas um fator que levamos em consideração é o número de habitantes. As cidades têm de ter, no mínimo, 200.000 pessoas.

EXAME - O segmento de baixa renda é prioridade para a construtora?
Audi -
Por conta das boas condições de mercado e com o projeto Minha Casa Minha Vida, temos aumentado a exposição em baixa renda. No ano passado, por exemplo, 48% dos lançamentos foram para esse segmento – a maioria para o programa do governo. Há uma demanda muito forte há vários anos, então vamos continuar investindo nisso. Do nosso plano, os lançamentos de baixa renda devem representar entre 50% e 55% neste ano e em 2011. Temos também o Vila Flora, em Sumaré, Votorantim e Hortolândia (cidades próximas à Campinas, em São Paulo, que é um novo pólo imobiliário). Cada conjunto tem cerca de 3.500 unidades. O de Sumaré está 100% entregue, e as vendas dos outros estão indo muito bem. A outra metade vai estar bem distribuída nas outras faixas de renda.

EXAME - A Rossi lançou, no ano passado, o Central Parque, um bairro planejado de alto padrão no Rio Grande do Sul. Esse tipo de empreendimento poderá ser feito em outras cidades?
Audi -
Identificamos que existe mercado para projetos como esse no sul. Por enquanto, não sabemos de outros. Lançamos a parte de casas e vendemos praticamente tudo do Central Parque.

EXAME - O investidor americano Sam Zell anunciou recentemente que deseja aumentar sua participação no mercado imobiliário do país. Seria uma associação interessante para a Rossi?
Audi -
É algo positivo. Se ele julgar interessante se associar a uma empresa com esses planos, será ótimo. Como empresa de capital aberto, não temos preferência por um investidor ou outro.

EXAME - A Tecnisa e a Cury passaram a aceitar pagamento parcelado dos imóveis em cartões. A Rossi estuda essa possibilidade?
Audi -
Estamos avaliando. Sempre estudamos diversas formas de pagamento. Para os imóveis do segmento econômico, talvez não seja tão interessante, porque está ligado ao financiamento da Caixa. Mas se houver a necessidade de investir nessa tecnologia para as outras faixas de renda, não haverá problema.


Acompanhe tudo sobre:Construção civilEmpresasInvestimentos de empresasRossi

Mais de Negócios

Ford aposta em talentos para impulsionar inovação no Brasil

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem