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Como o Rio conseguiu ser sede da Olimpíada de 2016

As estratégias que levaram o Brasil ganhar a medalha de ouro para sediar os jogos

Presidente Lula, presidente do Comitê Rio 2016 Carlos Arthur Nuzman e Pelé na comemoração após anúncio do Rio como sede da Olimpíada de 2016 (Getty Images)

Presidente Lula, presidente do Comitê Rio 2016 Carlos Arthur Nuzman e Pelé na comemoração após anúncio do Rio como sede da Olimpíada de 2016 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2010 às 19h23.

Em 2 de outubro de 2009, depois de perder as eleições anteriores, o Rio de Janeiro - segunda maior cidade do Brasil - conquistou a aprovação do Comitê Olímpico Internacional para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Segundo Carlos Roberto Osório, secretário-geral do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), dessa vez o Rio aprendeu com suas fracassadas candidaturas anteriores e contava com o sucesso de ter sediado os Jogos Pan-Americanos de 2007 no seu cinturão. Isso, combinado com as "circunstâncias especiais" da estabilidade econômica do Brasil em meio à recessão global, ajudou o país a superar as cidades concorrentes. Numa entrevista concedida a Felipe Monteiro, professor de administração, e Ken Shopshire, professor de ética nos negócios e de estudos legais da Wharton, Osório discutiu a proposta vitoriosa e os desafios que tem pela frente.

Uma transcrição editada da conversa aparece a seguir.

Knowledge@Wharton: Obrigado pela presença de vocês.Iniciarei a conversa colocando uma questão geral. Depois de disputar no passado, o Rio conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos em 2016. Por que o Rio saiu vencedor dessa vez? Qual foi a proposta vencedora?

Carlos Roberto Osório: Trazer os Jogos Olímpicos pela primeira vez para o Rio - e para o Brasil e a América do Sul - foi uma longa jornada. As candidaturas anteriores foram parte de um processo de aprendizado. Quando primeiro tentamos trazer os Jogos Olímpicos para o ano 2004, tínhamos um projeto bastante básico, e um entendimento não muito profundo do mundo Olímpico e das exigências para sediar os Jogos Olímpicos. Então, creio que dessa vez o Rio de Janeiro encontrou um objetivo. O Rio de Janeiro é uma cidade dos esportes. O Brasil é um país dos esportes. O Rio de Janeiro é uma cidade absolutamente própria para os esportes ao ar livre, e tem uma bela paisagem. O entretenimento, o lazer, os esportes e o turismo fazem parte do negócio principal da cidade. Assim, a organização de grandes eventos sempre esteve no centro do plano de desenvolvimento do Rio de Janeiro.

O que fez a diferença dessa vez foi, em primeiro lugar, a experiência - porque nos candidatamos antes e organizamos competições de larga escala antes. Acrescente a isso as circunstâncias especiais que o país está vivendo agora: É um país economicamente estável e sólido, com grandes perspectivas para o futuro e a massa critica necessária para sediar os jogos. Então, creio que a combinação de experiência adquirida e essas circunstâncias especiais venceram a disputa.

Felipe Monteiro: Em 2007, o Brasil sediou os Jogos Pan-Americanos. Você esteve diretamente envolvido nesses jogos. Quais lições, se puder destacar uma, aprendeu com os Jogos Pan-Americanos que pode aplicar agora nos Jogos Olímpicos?

Osório: Creio que a lição mais importante - e que não foi só uma lição, mas também um exercício que praticamos - é a integração entre a organização de uma competição de larga escala como aquela e o governo. Uma competição como os Jogos Pan-Americanos - que é uma competição de múltiplos esportes, de nível continental com 6 mil atletas - ou uma competição mundial com mais de 11 mil atletas como os Jogos Olímpicos não pode ser organizada sem o apoio do setor público. Não se pode trazer 100 mil ou 200 mil pessoas para nossa cidade sem contar com os serviços públicos adicionais e a infra-estrutura adicional. E para coordenar tudo isso, é preciso ter integração. Então, com os Jogos Pan-Americanos, nós desenvolvemos esse relacionamento - desenvolvemos entendimento com o setor público. E francamente, nós produzimos grandes jogos, considerados por muitos como os melhores Jogos Pan-Americanos de todos os tempos.

* Publicado originalmente em 03 de março de 2010.  Reproduzido com a permissão de Knowledge@Wharton.


Esse resultado, essa realização, pavimentou nosso caminho para a vitória na disputa para sediar a Olimpíada...Quando nos candidatamos para sediar a Olimpíada de 2004, e perdemos, algumas pessoas disseram, "Agora, vamos partir para os Jogos Olímpicos de 2008". E nós do comitê esportivo dissemos, "Não - um passo de cada vez. Vamos realizar primeiro essa competição ampla e continental, ganhar a experiência necessária, e depois partir para a grande competição".

Ken Shrospshire: Carlos, vocês tiveram sucesso na sua proposta, e uma das cidades que venceram foi Chicago. Eu o ouvi dizer que Chicago nos deu Obama, deu Oprah, mas mesmo assim eles não ganharam a eleição. O que eles poderiam ter feito para terem melhores chances contra a proposta do Rio de Janeiro?

Osório: Nós reconhecemos Chicago desde o início como uma concorrente muito dura. Chicago é uma grande cidade. É uma cidade dos esportes também, com grande tradição nos esportes. É uma cidade americana muito importante. E a eleição de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos deu a Chicago, internacionalmente, mais influência, porque Chicago é a base política de Obama, se poderia dizer. Além disso, Barack Obama colocou os Estados Unidos numa posição melhor, internacionalmente, depois dos anos Bush, que não eram percebidos como favoráveis por muitas pessoas em muitas partes do mundo. Assim, no início da corrida, Chicago era percebida como favorita pela maior parte dos observadores políticos do mundo.

Quanto ao Rio de Janeiro, tentamos nos diferenciar de Chicago, e também de Madri e de Tóquio, desde os primeiros estágios. Nossa proposta, basicamente, era essa: Os Estados Unidos organizaram - entre os jogos de verão e de inverno - oito edições dos Jogos Olímpicos. A de 2016 seria a nona. Para Tóquio, seria a quinta. Para a Espanha, a segunda - e se levarmos a União Européia como um todo, seria a trigésima. Mas para o Rio, Brasil e América do Sul, essa será a primeira vez - e numa época em que estamos nos saindo muito bem.

Creio que a diferença que tivemos com relação aos concorrentes foi, primeiro, esse posicionamento. E segundo, que nossa proposta foi encabeçada por esportistas brasileiros. Não éramos homens de negócios. Não éramos políticos. Éramos esportistas falando para esportistas. E esse canal de comunicação do nosso lado funcionou melhor do que com os outros. Chicago tinha dificuldades com o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc), que experimentou diversas mudanças de gestão nos anos recentes. Isso reduziu a capacidade dos EUA de se protegerem na arena internacional, no lado dos esportes. E para uma futura candidatura dos EUA, é muito importante ter o Usoc estável e a bordo.

Monteiro: Uma das maiores dificuldades dos gerentes é ter acesso às informações que não têm internamente, de forma que eles não tenham de reinventar a roda. Creio que os Jogos Olímpicos são um bom exemplo disso. Como você fez para procurar e encontrar as informações que necessitava para organizar os Jogos Olímpicos fora do Brasil - além daquelas de que já dispunha?

Osório: Desde o início, reconhecemos que por nunca termos organizado os Jogos Olímpicos, nos faltava experiência, e faltavam informações. A Olimpíada é o maior e mais complexo evento que existe no nosso planeta durante os tempos de paz. É um imenso empreendimento para qualquer país ou cidade.

* Publicado originalmente em 03 de março de 2010.  Reproduzido com a permissão de Knowledge@Wharton.


Primeiro, recebemos do governo brasileiro e da sociedade brasileira os melhores conselhos possíveis e as melhores pessoas possíveis envolvidas na candidatura. Conseguimos isso porque havia uma clara percepção do valor de realizar os Jogos Olímpicos no Brasil. Segundo, nós saímos e olhamos para o mundo. E por termos participado desse processo muitas vezes, éramos bastante competentes em relação a encontrar pessoas de fora, trazer a especialização necessária para agregar valor para nosso projeto. Então, não tivemos a pretensão de saber de tudo. Sabíamos que tínhamos muito a aprender, e contratamos pessoas muito boas da Austrália, dos Estados Unidos e da Europa, que somaram seus talentos à nossa equipe, para desenvolver uma candidatura muito forte. E isso, creio, foi um dos motivos para nosso sucesso. Estamos muito orgulhosos de dizer que definitivamente tínhamos a melhor equipe de consultores no processo de candidatura.

Shropshire: Entre os consultores, um dos temas importantes para esses Jogos - ou para A Copa do Mundo, ou para qualquer evento global agora - parece ser o nível de impacto social e os legados. Você pode combinar os dois. Tive a sorte de trabalhar na Olimpíada de 1984 em Los Angeles, e os elementos que queríamos deixar para trás eram dinheiro; que Los Angeles fosse vista como um player na orla do Pacífico; e então há um estádio de natação e um velódromo. Esses foram os principais elementos que tínhamos a intenção de deixar para trás. Como isso se aplica ao Rio de Janeiro, à medida que seu planejamento avança?

Osório: Bem, acho que você chegou ao ponto mais importante de nosso desejo. Nossa motivação em participar nesse processo é tirar vantagem de uma competição como os Jogos Olímpicos para fazer uma verdadeira diferença na cidade e no país, de várias maneiras. Primeiro, em termos da própria cidade do Rio de Janeiro, é a soma de investimentos em infra-estrutura que a Olimpíada vai trazer para a cidade. Na verdade, o Rio de Janeiro não pediu dinheiro para o Brasil para fazer muitas obras; nós estamos acelerando os processos existentes. Por causa do cronograma para os Jogos, obras que seriam realizadas em 20 anos serão construídas em sete anos. Estamos falando de expansão do sistema de metrô, estradas, renovação dos aeroportos. Então, a infra-estrutura da cidade será transformada - e com ela, a qualidade de vida. Igualmente, a capacidade de atrair investimentos adicionais.

Mas, esse é o resultado tangível da história - e, em nossa opinião, a parte menor da história. Não temos medo de dizer que o Brasil é um país que tem problemas sociais. Um dos maiores problemas que temos é a desigualdade dentro de nossa sociedade. Nós vemos os esportes, e os Jogos Olímpicos em particular, como uma excelente ferramenta para promover a integração social, de promover e motivar os jovens a praticarem esportes, e de tornar os valores olímpicos parte de suas vidas futuras. Assim, o legado social dos Jogos será uma parte muito importante de nosso projeto. Tudo que será feito no Rio de Janeiro está relacionado à visão de legado físico - isso é muito importante. Mas mais importante é essa grande oportunidade de reforçar os programas sociais já existentes, de promover a integração dentro da sociedade, e elevar a geração mais jovem para um melhor padrão de vida. E o esporte é uma excelente ferramenta para promover a educação e produzir esse legado.

Dessa forma, estamos bastante animados pelo potencial do legado. E creio que esse é um dos motivos pelo qual o Rio de Janeiro foi escolhido. Nós mostramos claramente para o Comitê Olímpico Internacional (COI) que o impacto no Brasil será muito maior do que nas sociedades desenvolvidas ou estabelecidas como as dos EUA, Japão e Espanha. Nós somos uma sociedade em transformação - ainda em formação. E uma competição como a Olímpica exercerá um impacto tremendo, não só no Brasil, mas em toda América do Sul.

* Publicado originalmente em 03 de março de 2010.  Reproduzido com a permissão de Knowledge@Wharton.


Monteiro: Imagino que muitas pessoas também estão interessadas nas oportunidades de negócios que a Olimpíada vai gerar, não só para os negócios locais, mas também para os investidores estrangeiros dispostos a investir no Brasil. Você pode partilhar conosco suas idéias preliminares nessas áreas?

Osório: Claro. E desenvolvendo seu argumento, que é muito importante - o Brasil reconhece que um dos objetivos para a realização dos Jogos Olímpicos é projetar a "Marca Brasil", e projetar os produtos, os serviços e as empresas brasileiras internacionalmente. Estamos vivendo um período de rápido crescimento econômico. O Brasil está econômica e politicamente estável há quase duas décadas, e tem a massa critica agora para saltar para o próximo nível. Nós vemos os Jogos Olímpicos como uma parte estratégica do crescimento da economia brasileira, e como uma festa reveladora para o país, para apresentar sua nova face para o mundo. Como ocorreu na Coréia em 1988, na Espanha em 1992 e mais recentemente em Pequim em 2008, os Jogos Olímpicos são um trampolim muito poderoso para elevar um país, elevar uma cultura e um povo - para fornecer o impulso necessário para alcançar um nível mais elevado.

Com respeito à sua pergunta, o que estamos fazendo - e o governo brasileiro está fazendo - é estabelecer uma série de programas para usar os Jogos Olímpicos para atrair negócios e atrair investidores para o Brasil. Estamos juntando a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e outras oportunidades - e os investimentos que são associados a esses grandes eventos - para atrair novas pessoas, mais investimentos, e para projetar nossas empresas no exterior. Essa será uma linha sistemática - uma linha essencial dentro de nossa estratégia para os próximos seis a dez anos.

Shropshire: Então, depois de o mundo ver o grande sucesso do Rio de Janeiro, qual será o próximo local no planeta que pode usar os Jogos Olímpicos - capturar os Jogos da mesma forma que você disse?

Osório: Essa é uma boa pergunta - e agradeço por tê-la feito, porque essa era parte de nossa mensagem. Sentimos que com o Rio, Brasil e a América do Sul, estávamos abrindo a porta para novos territórios, e para novas regiões do mundo que também aspiram a sediar os Jogos. Francamente, até agora, só as partes mais desenvolvidas do hemisfério norte tiveram a oportunidade de organizar os jogos - América do Norte, Europa e certas partes da Ásia. Com a vitória do Rio de Janeiro e do Brasil, e com a realização bem sucedida do evento, estamos certos de que a porta será aberta para a África, Oriente Médio e sudeste da Ásia, que conta com economias fortes como a Índia. Sentimos que o Brasil está ajudando o movimento olímpico a se tronar realmente universal. Se esse for um fenômeno universal, então pertence a todas as regiões do mundo.

Naturalmente, temos de entender que a realização é bastante complexa, e exige muito dinheiro e investimentos. É preciso ter massa critica para organizar os Jogos Olímpicos. Dessa forma, a Indonésia, a Índia, a África do Sul, talvez o Egito no futuro. Certamente esses países devem e deverão sediar os Jogos.

Monteiro: O Rio de Janeiro é conhecido como a "Cidade Maravilhosa". Os cariocas são conhecidos pela sua alegria, e pelo carnaval. Como acredita que o Rio de Janeiro será lembrado?

* Publicado originalmente em 03 de março de 2010.  Reproduzido com a permissão de Knowledge@Wharton.


Osório: A promessa que fizemos para o COI é que vamos organizar os Jogos Olímpicos Brasileiros do Rio de Janeiro ... com nossos próprios atributos e características. E o COI respondeu, “Sim”. Se voltarmos para o passado, o movimento olímpico sempre ficou mais forte quando se conectava com novos povos e novas culturas. Isso agrega valor para a marca olímpica, e para os ideais olímpicos. Nós vemos os Jogos do Rio como sendo exuberantes, jovens, tropicais - entusiasmo impregnado de paixão, que são as características de nossa cidade - mas proporcionados com uma qualidade de serviços profissional e de alta qualidade. Os Jogos do Rio serão, em suma, muita diversão.

Knowledge@Wharton: Outra pergunta para você - quando pensa no trabalho que tem pela frente, o que o mantém acordado à noite? O que mais o tem preocupado?

Osório: Bem, agora estamos iniciando a organização dos Jogos. Estamos assentando a base para a organização. Creio que qualquer pessoa encarregada de organizar um grande evento se preocupa quando não controla os pontos principais de um dos ingredientes responsáveis pela materialização do evento. Por exemplo, dependemos de vários fornecedores e pessoas influentes ou parceiras. E de muita importância, dependemos do governo e também da mídia, que começa a criar a imagem do evento.

Creio que a principal prioridade no momento é iniciar os investimentos de capital necessários para os Jogos - tudo o que foi prometido que é responsabilidade do governo - tocar os projetos programados dentro do orçamento. E com isso, passaremos para a próxima fase. Então por agora, a principal preocupação é que as obras capitais sejam iniciadas conforme o planejado.

Knowledge@Wharton: Você tem preocupações relacionadas à segurança para esses Jogos Olímpicos?

Osório: Desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, a segurança está no topo da lista de qualquer evento mundial em grande escala e de grande destaque. Os organizadores dos Jogos Olímpicos se preocupam muito - e com muita razão - com a segurança. Então, nós apresentamos um plano de segurança para o COI, que é, em nossa opinião, muito profissional, e com muitos investimentos. Nós reconhecemos que o Rio tem problemas em termos de segurança, e não escondemos isso do COI. Nós apresentamos, abertamente, a situação no Rio.

Mas também mostramos nosso histórico. O Rio é uma cidade acostumada a organizar espetáculos de grande escala, anualmente, e sem qualquer problema. Por exemplo, os Jogos Pan-Americanos que organizamos em 2007 tiveram 6 mil atletas, com 700 atletas só dos Estados Unidos. Tivemos mais atletas americanos no Rio em 2007 do que no ano seguinte em Pequim...E não tivemos qualquer incidente, grande ou pequeno. Foram tomadas precauções adicionais. Trouxemos força policial de diferentes regiões do país, como ocorre em todos os eventos. E os jogos transcorreram de forma pacífica.

* Publicado originalmente em 03 de março de 2010.  Reproduzido com a permissão de Knowledge@Wharton.


Mas nosso desafio não é garantir a segurança do Rio durante os Jogos no ano distante de 2016; nosso desafio é seguir melhorando, elevar o nível de segurança de forma que a segurança possa ser um dos grandes legados dos Jogos. Não só para os visitantes e participantes, mas para nossa população depois dos Jogos. Esse é um programa de US$ 1,2 bilhão que está sendo implantado com sucesso. Nós realmente esperamos que, para os Jogos, não teremos grandes preocupações com a segurança. Nossa preocupação é aproveitar essa oportunidade de realizar o trabalho, e ter níveis de segurança melhores para a população.

Monteiro: Eu posso ver o presidente Lula chorando quando o Rio venceu... Qual é a disposição da população? As pessoas estão animadas com a Olimpíada?

Osório: As pessoas estão empolgadas com a possibilidade de organizar os Jogos Olímpicos. Essa foi uma grande conquista para nosso país, e uma grande conquista de fato. O processo de candidatura para sediar os Jogos Olímpicos é considerado o mais complexo, maior e mais sofisticado do mundo. E o prêmio é o maior. Em média, em dois anos, as propostas exigem gastos de 60 milhões a 100 milhões de dólares. E é uma campanha mundial, com candidatos bastante consistentes. Você concorre com os melhores do mundo.

E para o Brasil e o Rio vencerem, trouxe orgulho, auto-estima para nosso povo. E isso por si é muito importante. Creio que o legado da candidatura por si mesmo é tão poderoso, que o investimento foi bem gasto. Se você for para o Rio agora, verá pessoas com amplos sorrisos, ansiosas para receber o mundo, orgulhosas de sua cidade, e dispostas a trabalhar duro - entendendo que, “Certo, nós ganhamos o direito de sediar. Agora temos de cumprir a promessa. Agora temos de honrar nosso compromisso diante do mundo”. E as pessoas estão preparadas e comprometidas a trabalhar com muito empenho para certificar que os Jogos serão um sucesso.

Knowledge@Wharton: Tendo passado por esse sucesso, como você o descreveu, qual lição de liderança você aprendeu que provavelmente levará para qualquer empreendimento que assumir no futuro?

Osório: Primeiro, é preciso sonhar grande - porque quando se sonha grande, você se empenhará mais. O que dissemos é: sonhar grande e sonhar pequeno exigem o mesmo empenho. Mas quando se sonha grande, os obstáculos parecem menores, e isso faz você seguir em frente... E para trazer os Jogos Olímpicos para a América do Sul pela primeira vez foi um sonho muito grande.

Segundo, para alcançar o sucesso, é preciso ter uma equipe muito boa. Tem de estar cercado pelo restante - por pessoas melhores do que você, com todos trabalhando na mesma direção. Então essas são bem simples... mensagens para liderar ou administrar. Sonhar grande, ter as melhores pessoas à sua volta, e fazer todos trabalharem na mesma direção. Assim terá uma equipe poderosa, e poderá executar a tarefa.

* Publicado originalmente em 03 de março de 2010.  Reproduzido com a permissão de Knowledge@Wharton.


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