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Como o PayPal Brasil se tornou referência em igualdade de gênero

Depois que a inclusão passou a fazer parte dos valores da companhia, houve crescimento de 20% no número de mulheres em cargos de liderança no PayPal

Paula Paschoal diretora geral do PayPal no Brasil (PayPal/Divulgação)

Paula Paschoal diretora geral do PayPal no Brasil (PayPal/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança de grandes empresas, ainda mais no setor de tecnologia. Para romper essa tendência, a plataforma de pagamentos PayPal criou diversas políticas de inclusão e diversidade. A divisão brasileira da alcançou resultados tão surpreendentes que virou referência global na companhia.

Atualmente, dos mais de 18 mil funcionários espalhados em 31 países, 44% são mulheres. A companhia aumentou, em 2017, em 20% o número de mulheres nos postos de liderança da companhia. No Brasil, os números são ainda maiores. Nos cargos de liderança, elas são 55% por aqui.

Em 2017, o PayPal teve receita de 13,06 bilhões de dólares, contra 10,84 bilhões de dólares no ano anterior. Foi usado por seus clientes como forma de pagamento para mais de 456 bilhões de dólares em produtos e serviços.

O cenário na companhia é exceção entre as grandes multinacionais. Apenas 25 das 500 maiores empresas do mundo, segundo a Forbes, são lideradas por mulheres.

De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey, realizada com quase 280 empresas, as mulheres representam 48% dos funcionários nos primeiros níveis de uma empresa, mas apenas 25% da diretoria. Para cada 100 homens promovidos para o cargo de gerente, apenas 79 recebem a promoção.

Ao levar em consideração outros grupos, a situação é ainda mais complicada: mulheres não brancas são apenas 4% nos cargos de diretoria.

Os números de diversidade do Paypal são resultado dos últimos anos de políticas de inclusão. "A diversidade é um fato, mas a inclusão é uma escolha", diz Paula Paschoal, diretora geral da companhia no Brasil.

A diretora acredita que não há uma única fórmula mágica para aumentar a diversidade. "Acredito que esses resultados não se alcançam com ações pontuais, mas sim com transformar a inclusão em um dos principais pilares da empresa", afirma.

A inclusão passou a fazer parte dos valores da companhia em 2015, ao lado de bem-estar, inovação e colaboração. Por conta disso, entre 2016 e 2017 houve crescimento de 20% no número de mulheres em cargos de liderança no PayPal em nível global.

Mas apenas acrescentar a inclusão aos valores não foi o suficiente. A empresa criou procedimentos para os processos seletivos: a seleção dos candidatos finalistas precisa apresentar diversidade, seja de gênero, racial, idade ou formação.

Cada diretor é incentivado a montar uma equipe diversa. "Não faz sentido ter um time de produtos, por exemplo, formado apenas por engenheiros homens, brancos e com 30 anos, mesmo que eles sejam formados nas melhores faculdades", diz Paschoal.

Ela afirma que a diversidade não é importante apenas do ponto de vista social, mas sim para o andamento da companhia. "O mercado muda muito rápido e é mais fácil acompanhar as transformações quando a equipe é formada por pessoas diferentes", diz.

Ao pensar em um novo produto, é importante levar em consideração as dificuldades de pessoas mais velhas ou de certas camadas sociais, por exemplo, para alcançar o maior público possível.

Ter um ambiente de trabalho mais adaptável, com horários flexíveis e política de home office, também ajudou o PayPal. “A empresa sempre trabalhou, aqui e lá fora, respeitando o timing de seus funcionários. A companhia sabe que flexibilidade é uma característica fundamental para a boa administração”, diz a diretora.

O exemplo da liderança é outro fator que impulsiona a diversidade, afirma. "Uma empresa não precisa ser liderada por uma mulher para pensar sobre esse assunto, mas ter mulheres na diretoria é importante para inspirar os funcionários", diz Paschoal. Para ela, as funcionárias se sentem mais motivadas a buscar cargos mais altos quando há mulheres no topo.  

A representatividade no tipo não é importante apenas para mulheres, mas também outros grupos. Em 2017, o conselho de diretores da empresa ganhou duas mulheres e, mais recentemente, um diretor afro-americano. Assim, 45% do conselho é composto por mulheres e grupos étnicos.

A executiva participa ainda de iniciativas com outras empresas para melhorar a diversidade, como a CEO Legacy, da Fundação Dom Cabral"Ainda há um caminho longo pela frente, para igualar salários em todas as companhias, mas vamos continuar nos esforçando para isso", afirma.

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