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Como o mundo azedou o IPO da Copersucar

Para os especialistas, a estratégia da empresa é boa; a má fase da economia global é que atrapalha

Copersucar: investir em infraestrutura e logística está nos planos da companhia (Divulgação)

Copersucar: investir em infraestrutura e logística está nos planos da companhia (Divulgação)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 20 de julho de 2011 às 18h33.

São Paulo – Tudo caminhava para o que seria a maior abertura de capital do ano no Brasil. A Copersucar, empresa comercializadora de açúcar e álcool, se preparava para captar 2,7 bilhões de reais na bolsa brasileira. Para os especialistas, a estratégia da empresa era boa, e a distribuição de recursos prevista era adequada. Mas um mundo, literalmente, cheio de problemas atravessou o caminho. E ontem (19/7), a Copersucar suspendeu temporariamente seu IPO.

“A Copersucar foi infeliz em escolher este momento”, afirmou José Carlos Hauscknet, diretor da consultoria MB Agro. E, como é bastante difícil brigar contra o mundo inteiro, recuar foi bem-visto pelos analistas. “Foi a estratégia mais acertada para a companhia”, disse Hauscknet.

Com a crise da dívida americana e a crise financeira europeia, o mercado global vive dias de frio na barriga que, inevitavelmente,  dão cólica nos investidores do Brasil e do exterior.

Segundo ele, o recuo da Copersucar comprova que a empresa não está desesperada para levantar recursos. E cautela, hoje, é uma boa atitude corporativa. “Se a empresa estivesse tão apertada, faria o IPO a qualquer custo, mesmo diante das inseguranças do mercado”, disse Hauscknet.

Quem compartilha da mesma opinião é o consultor de açúcar e álcool, Júlio Maria Borges, diretor da JOB. “A Copersucar é uma companhia com um histórico positivo e boa parte de seus associados possui uma saúde financeira saudável”, disse. “O adiamento do IPO tem mais a ver com deficiências do mercado, do que da própria companhia”, afirmou o especialista.

Recursos

Com a operação, a Copersucar poderia levantar até 2,7 bilhões de reais e ainda figuraria como o maior IPO do ano no país. O ranking hoje é liderado pela Queiroz Galvão Exploração e Produção, que movimentou 1,52 bilhão de reais no início do ano, com a abertura de capital.


Boa parte do valor, aproximadamente 65%, de acordo com o prospecto preliminar na empresa, vai para reforçar o caixa da companhia. A estratégia é vista como adequada, uma vez que a Copersucar necessita de capital de giro para operar. “Trata-se de uma trading.  Ela compra, vende e até financia seus parceiros”, afirmou Borges.

O restante do recurso, a companhia vai investir em melhorias de infraestrutura e logística. Dentre as prioridades, a Copersucar vai focar a construção de um sistema de distribuição integrado de etanol. “A empresa está pensando no longo prazo e já prevendo que a demanda deve crescer no país nos próximos anos. Por isso, é correta essa preocupação”, disse Guilherme Nastari, diretor da Data Agro.

O IPO da Copersucar só deve ser retomado em dois meses. Isto, se o mundo não atravessar seus planos novamente.

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