NBA House, lançada para acompanhar as finais da temporada, deve ter público recorde neste ano (NBA Brasil/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de junho de 2023 às 08h40.
Última atualização em 3 de junho de 2023 às 11h25.
A temporada de 2022 e 2023 da NBA entrou na reta final na última quinta-feira, 1º, com a vitória do Denver Nuggets sobre o Miami Heats por 104 a 93. Bem distante das arenas nos Estados Unidos, a série de partidas conhecidas como “melhor de sete” deve empolgar um público que não para de aumentar por aqui.
Entre os esportes mais praticados pelos brasileiros, o basquete aparece como a última opção, de acordo com levantamento do Google. Apenas 4% se reúnem em quadras espalhadas pelo país para bater bola, correr em direção ao aro e arremessa a bola às cestas - o percentual se resumia a 2% antes da pandemia.
O número de fãs do esporte e da NBA, no entanto, explodiu e quase triplicou nos últimos 10 anos. A quantidade de interessados no país pelo esporte de lendas como Michael Jordan, Stephen Curry e LeBron James pulou de 20 milhões em 2013 para 58 milhões em 2022, apontam dados da Kantar Ibope Media. Segundo a consultoria Sports Value, com a inclusão de crianças e adolescentes, esse número poderia chegar a mais de 70 milhões de brasileiros.
O movimento é alimentado por uma forte estratégia de mídia e investimentos. Não à toa, as transmissões dos jogos da competição americana batem recordes Brasil afora e se espalham por diferentes plataformas de mídia. Na temporada de 2022/2023, os jogos passam na TV aberta, fechada, YouTube e ainda na Twitch e três streamings.
“A NBA foi decisiva nisso embora o Brasil tenha tradição do basquete. A maior parte dos fãs da NBA nunca jogou basquete na vida”, afirma Amir Sommoggi, managing director da Sports Value. “A nossa projeção é de que com esse alto número de fãs vai ter um aumento significativo [de novos jogadores], podendo chegar a 8% dos brasileiros”.
Para aproveitar o momento, expandir os pontos de contato e o tempo de conexão com os fãs, a liga americana tem colocado cada vez mais dinheiro pelo Brasil. Em 2016, começou a estratégia de abrir lojas oficiais, processo que reúne atualmente 24 unidades, distribuídas por sete estados.
No ano passado, os espaços receberam mais de 2,5 milhões de visitantes e cresceram três dígitos em faturamento – o valor total não foi revelado. Nas unidades, são comercializadas mais de 3 mil itens, desde as camisetas das franquias a uma série de outros produtos próprios e licenciados, como o famoso Air Jordan, da Nike. Na segunda metade desta temporada, as camisetas de LeBron James e os produtos relacionados aos Los Angeles Lakers, clube do atleta, dominaram as vendas.
O último movimento da liga foi a inauguração do NBA Park, na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, o maior parque temático da liga no mundo. Em um espaço de mais de 4 mil metros quadrados, a empresa conta com um cardápio com 22 atrações, entre elas um museu, loja e quadra oficial e ações interativas.
Hoje, o país está entre os três maiores mercados para a NBA, em termos de acesso ao league pass, o sistema de streaming próprio da liga, em número de lojas e faz “números bem expressivos” em termos de receita, de acordo com Rodrigo Vicentini, chefe da operação da NBA no Brasil. Globalmente, a liga movimentou em torno de 10 bilhões de dólares na temporada anterior.
“Eu falo que a gente ainda está no começo por aqui. Tem muito espaço para crescer neste país que é um continente. Nós conseguimos seguir em frente e avançar em várias verticais de negócio que tem aqui no mercado nacional”, afirma.
A análise faz referência a oportunidades em:
Segundo o executivo, o crescimento da competição em solo nacional, além de todo o esforço e investimentos recentes, está associado também a algumas peculiaridades:
“O brasileiro abraçou a NBA de uma maneira muito única e a NBA sabe tratar muito bem os seus fãs. Quando mistura essas isso tudo, você coloca o Brasil numa posição extremamente importante e estamos em um momento muito bom”, diz Vicentini.
Um dos exemplos do momento é a NBA House, uma ativação que a liga desenvolve nos seus maiores mercados nas finais de cada temporada. Em sua quinta edição no Brasil, o espaço, aberto ao público desde o dia 1º, em São Paulo, deve receber mais de 44 mil pessoas, 4 mil a mais do que na edição passada. A casa temporária funciona como um canal de aproximação tanto com fãs do esporte quanto para curiosos e tem crescido ano a ano.