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Como nasceu o nome da Petrobras, a empresa mais famosa do Brasil?

Criada em 1953 no governo Vargas, a Petrobras tem um papel central em vários setores da economia brasileira, incluindo energia elétrica, transporte e, mais recentemente, na produção de energias renováveis

Petrobras: a criação da empresa foi vista como um marco de independência econômica, algo decisivo para o futuro do Brasil (Stephen McCarthy/Sportsfile for Web Summit Rio via Getty Images)

Petrobras: a criação da empresa foi vista como um marco de independência econômica, algo decisivo para o futuro do Brasil (Stephen McCarthy/Sportsfile for Web Summit Rio via Getty Images)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 5 de junho de 2025 às 09h25.

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A Petrobras não é apenas a maior empresa do Brasil, mas também a mais famosa, sendo o maior símbolo nacional no setor energético. Com um valor de mercado entre R$ 473 bilhões e R$ 541 bilhões, ocupa a liderança em diversos setores da economia e continua sendo uma das maiores produtoras de petróleo do mundo.

A Petrobras é, sem dúvida, uma das maiores empresas do Brasil. Não apenas domina o setor energético, mas também é uma gigante em termos de infraestrutura e inovação tecnológica. A empresa está presente em 14 países e continua a desempenhar um papel central na economia do Brasil, liderando o mercado de petróleo e gás e sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo.

A presença da empresa vai além da produção de petróleo. A Petrobras tem um papel central em vários setores da economia brasileira, incluindo energia elétrica, transporte e, mais recentemente, na produção de energias renováveis, com foco no desenvolvimento de projetos em energia eólica e solar.

Plataforma da Petrobras na Bacia de Santos (Petrobras/Divulgação)

O significado por trás do nome "Petrobras"

O nome "Petrobras" surgiu em um momento decisivo da história do Brasil, na década de 1950, quando o país estava debatendo quem deveria controlar a exploração de petróleo.

A junção de petróleo e brasileiro no nome foi uma forma de mostrar que o Brasil desejava ter o controle sobre seus recursos naturais, sem depender de grandes empresas estrangeiras, como a Standard Oil (Esso), Shell e Texaco. Esse movimento ficou conhecido pela campanha "O petróleo é nosso!".

Antes da criação da Petrobras, o governo brasileiro já tentava controlar a exploração de petróleo por meio do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), criado em 1938. Porém, a participação do Brasil era pequena, e o domínio do setor estava majoritariamente nas mãos de empresas estrangeiras.

A criação da Petrobras e o nome escolhido foram uma resposta a esse cenário, representando a busca do Brasil por mais autonomia na exploração de petróleo. Quando a Petrobras foi oficialmente fundada em 1953, ela não só deu início à exploração de petróleo em larga escala, como também simbolizou a tentativa de o país assumir um papel de liderança no aproveitamento de seus próprios recursos. A estatal se consolidou ao longo dos anos como a maior produtora de petróleo do Brasil, cumprindo a missão de garantir que os lucros e os benefícios da indústria ficassem dentro do território nacional.

A criação e os primeiros desafios da Petrobras

A Petrobras foi fundada oficialmente em 3 de outubro de 1953, durante o governo de Getúlio Vargas. O movimento popular "O petróleo é nosso!", iniciado nos anos 1940, foi a base para a criação da empresa, simbolizando a luta pela soberania energética do Brasil.

O governo Vargas, com sua política nacionalista, buscava consolidar um modelo de desenvolvimento industrial autossustentável, no qual o controle das riquezas naturais, como o petróleo, fosse uma das prioridades. Assim, a criação da empresa foi vista como um marco de independência econômica, algo decisivo para o futuro do país.

Nos primeiros anos de operação, entre 1955 e 1961, a Petrobras enfrentou uma série de desafios. As primeiras perfurações no interior do Brasil, em regiões como a Amazônia e o Maranhão, não trouxeram os resultados esperados. As dificuldades geológicas e a falta de tecnologias adequadas tornaram a exploração de petróleo no Brasil um grande desafio.

Esses anos iniciais, portanto, foram marcados por altos custos e resultados insatisfatórios, o que gerou uma crise interna dentro da empresa. Além disso, a Petrobras enfrentava um grande desafio financeiro, já que a exploração de petróleo em áreas distantes e pouco conhecidas aumentava significativamente os custos operacionais, sem garantir retornos imediatos.

Posto de gasolina Texaco em frente aos correios (Agência dos Correios e Telégrafos) em Manaus, Brasil, por volta de 1960 (Harvey Meston/Archive Photos/Getty Images)

Esse cenário de dificuldades foi superado quando o geólogo Walter Link, um dos especialistas contratados pela empresa, elaborou o famoso Relatório Link em 1960. Ele recomendava que a Petrobras abandonasse as explorações em áreas do interior do Brasil e se concentrasse nas regiões costeiras, onde a possibilidade de encontrar reservas comerciais de petróleo era mais promissora. A mudança de foco para a exploração em regiões litorâneas foi um divisor de águas para a empresa, que, a partir disso, começou a apresentar resultados mais satisfatórios.

A partir de 1967, a Petrobras começou a perfurar de maneira mais eficiente na Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, um dos maiores campos de petróleo do Brasil. Este movimento marcou o início da consolidação da empresa como uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. Além disso, foi durante este período que a Petrobras passou a investir em novas tecnologias, como as plataformas de perfuração offshore, estabelecendo-se como pioneira em exploração de petróleo em águas profundas.

O futuro da Petrobras

Atualmente, a Petrobras se destaca como líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, com destaque para o pré-sal. O campo do pré-sal, descoberto em 2006, é uma camada geológica situada a mais de 7.000 metros abaixo da superfície do mar, onde a Petrobras foi pioneira em desenvolver tecnologias para a extração do petróleo, revolucionando a exploração global.

Apesar dos escândalos como a Operação Lava Jato e crises econômicas internas, a Petrobras continua sendo um pilar essencial da economia brasileira. A empresa se mantém como líder no setor energético, não só com a produção de petróleo, mas também com investimentos significativos em energias renováveis, como a energia eólica e solar, com um projeto de US$ 2,5 bilhões até 2025.

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Em 2024, a Petrobras teve um ano desafiador. A receita líquida caiu 4,1%, totalizando R$ 490,8 bilhões, devido à queda no preço do petróleo e margens menores no refino. A produção também foi afetada por manutenções e declínio de campos maduros, resultando em uma redução significativa nos volumes extraídos.

O lucro líquido da Petrobras caiu 70,6%, totalizando R$ 36,6 bilhões, comparado com R$ 124,8 bilhões em 2023. Além disso, o valor de mercado da companhia variou ao longo do ano, atingindo um pico de R$ 541,1 bilhões em agosto, mas depois caindo para R$ 473,6 bilhões em março de 2025, refletindo a insatisfação do mercado com os resultados financeiros e os dividendos menores.

Esses números refletem um ano complicado para a Petrobras, que enfrentou uma combinação de fatores internos e externos, incluindo a variação cambial negativa e custos operacionais elevados. Apesar disso, a empresa segue mantendo uma posição relevante no mercado nacional e internacional, ainda com uma forte capacidade operacional, mas precisando se adaptar ao cenário global volátil.

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