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Como irmãos de 23 e 28 anos e um dermatologista criaram marca de skincare que já faturou R$ 1 bilhão

A Creamy viralizou nas redes sociais com preços abaixo de R$ 100 e formulações novas no mercado. Agora, inaugura sua primeira fábrica própria

Creamy: "Nosso propósito sempre foi democratizar o acesso à ciência em skincare" (Creamy/Divulgação)

Creamy: "Nosso propósito sempre foi democratizar o acesso à ciência em skincare" (Creamy/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 13h13.

Até pouco tempo atrás, quem precisava de dermocosméticos no Brasil tinha duas opções: desembolsar valores altos em farmácias para fazer toda a rotina de skincare ou apostar em fórmulas manipuladas.

Esse dilema foi o ponto de partida para a criação da Creamy, marca brasileira de skincare fundada em 2019 pelo dermatologista Luiz Romancini e os irmãos Gabriel e Henrique Beleze, de 28 e 23 anos.

A ideia nasceu no consultório. Romancini atendia pacientes no SUS que recebiam prescrições de ácidos como o mandélico e o glicólico, mas não conseguiam manter a rotina porque os produtos eram caros e pouco acessíveis.

Foi quando os irmãos Beleze, que vinham de experiências no empreendedorismo digital, decidiram unir forças ao médico para criar uma marca com fórmulas eficazes, preços abaixo de R$ 100 e comunicação jovem, com embalagens coloridas e linguagem educativa.

“Nosso propósito sempre foi democratizar o acesso à ciência em skincare, com fórmulas inovadoras e resultados reais”, afirma Henrique Beleze, co-CEO do Grupo Skelt Beauty Brands, que controla a Creamy.

A expansão mais recente da Creamy foi a inauguração da sua primeira fábrica própria em Vinhedo, no interior de São Paulo. A verticalização da produção permite não apenas absorver a crescente demanda (hoje há fila de espera de produtos esgotados), mas também acelerar a inovação.

“Ter a fábrica nos dá flexibilidade para lançar novidades com mais agilidade e segurança”, diz Beleze. “O consumidor de skincare é cada vez mais exigente, bem informado e busca resultados consistentes. Não há espaço para fórmulas vazias ou narrativas superficiais.”

Como a Creamy começou

Creamy: companhia abre fábrica própria em Vinhedo (SP) (Divulgação/Divulgação)

Além da Creamy, os irmãos Beleze também criaram outras marcas de beleza. Em 2017, lançaram a marca de autobronzeadores Skelt. Depois, veio a The Joy Lab, voltada a produtos de autocuidado e bem-estar. Todas essas iniciativas estão reunidas no grupo Skelt Beauty Brands, holding que centraliza as operações.

O início da Creamy foi modesto: o escritório ficava no espaço da família, em Curitiba, e o time tinha apenas três pessoas. No fim de 2019, a Creamy lançou seus primeiros produtos no e-commerce próprio.

Poucos meses depois, a pandemia acelerou o negócio. "Sem maquiagem e em casa, os brasileiros começaram a investir mais em skincare", diz Beleze.

Com marketing de influência e uma comunidade engajada que compartilhava fotos de “antes e depois”, a marca viralizou nas redes sociais.

A estratégia deu resultado. Em sete anos, a Creamy acumulou R$ 1 bilhão em faturamento e dobrou de tamanho a cada ano. Hoje, o portfólio reúne mais de 25 produtos. Entre os mais vendidos estão:

  • Calming Cream (gel-creme hidratante calmante, R$ 49,90)
  • Ácido Glicólico 10% (textura e poros, R$ 73,90)
  • Ácido Mandélico 7% (clareador antiacne, R$ 79,90)
  • Sérum Facial Retinal (anti-aging, R$ 119,90)

O avanço da Creamy acontece em um dos setores mais aquecidos da economia. O mercado brasileiro de produtos de higiene e beleza alcançou R$ 173,4 bilhões em 2024, alta de 10,3%, segundo a Euromonitor.

O desempenho ficou bem acima da média global, que cresceu 3,5% e somou US$ 593 bilhões. Com isso, o Brasil manteve a terceira posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

A consultoria aponta que a desaceleração global reflete uma mudança no comportamento dos consumidores, que agora priorizam propostas de bem-estar e custo-benefício, tornando-se mais exigentes quanto ao valor pago. É nesse contexto que marcas como a Creamy encontram espaço para crescer.

A virada para o offline

Se no começo a marca operava 100% digital, em 2022 a Creamy deu um passo estratégico para ampliar capilaridade: entrou em farmácias como Raia Drogasil e Panvel. O canal físico superou o e-commerce e hoje é o mais relevante. Atualmente, a marca está em 9.000 pontos de venda, com meta de chegar a 20.000 até 2025.

A expansão também passa por quiosques próprios, que dobraram em 2024, e pela primeira loja física, prevista para 2025. A meta é ter 55 unidades próprias até o fim do ano.

Com a inauguração de uma fábrica em Vinhedo, no interior de São Paulo, a capacidade de produção subiu para 5,6 milhões de unidades por mês.

De olho nos próximos anos, a marca prepara novos lançamentos focados em skincare preventivo e produtos multifuncionais, além de expandir a presença nas regiões Norte e Nordeste.

A jornada está só começando. De uma dor observada no consultório para um negócio bilionário, a Creamy quer provar que ciência acessível e design inteligente podem caber no banheiro de milhões de brasileiros.

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