Creamy: "Nosso propósito sempre foi democratizar o acesso à ciência em skincare" (Creamy/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 13h13.
Até pouco tempo atrás, quem precisava de dermocosméticos no Brasil tinha duas opções: desembolsar valores altos em farmácias para fazer toda a rotina de skincare ou apostar em fórmulas manipuladas.
Esse dilema foi o ponto de partida para a criação da Creamy, marca brasileira de skincare fundada em 2019 pelo dermatologista Luiz Romancini e os irmãos Gabriel e Henrique Beleze, de 28 e 23 anos.
A ideia nasceu no consultório. Romancini atendia pacientes no SUS que recebiam prescrições de ácidos como o mandélico e o glicólico, mas não conseguiam manter a rotina porque os produtos eram caros e pouco acessíveis.
Foi quando os irmãos Beleze, que vinham de experiências no empreendedorismo digital, decidiram unir forças ao médico para criar uma marca com fórmulas eficazes, preços abaixo de R$ 100 e comunicação jovem, com embalagens coloridas e linguagem educativa.
“Nosso propósito sempre foi democratizar o acesso à ciência em skincare, com fórmulas inovadoras e resultados reais”, afirma Henrique Beleze, co-CEO do Grupo Skelt Beauty Brands, que controla a Creamy.
A expansão mais recente da Creamy foi a inauguração da sua primeira fábrica própria em Vinhedo, no interior de São Paulo. A verticalização da produção permite não apenas absorver a crescente demanda (hoje há fila de espera de produtos esgotados), mas também acelerar a inovação.
“Ter a fábrica nos dá flexibilidade para lançar novidades com mais agilidade e segurança”, diz Beleze. “O consumidor de skincare é cada vez mais exigente, bem informado e busca resultados consistentes. Não há espaço para fórmulas vazias ou narrativas superficiais.”
Creamy: companhia abre fábrica própria em Vinhedo (SP) (Divulgação/Divulgação)
Além da Creamy, os irmãos Beleze também criaram outras marcas de beleza. Em 2017, lançaram a marca de autobronzeadores Skelt. Depois, veio a The Joy Lab, voltada a produtos de autocuidado e bem-estar. Todas essas iniciativas estão reunidas no grupo Skelt Beauty Brands, holding que centraliza as operações.
O início da Creamy foi modesto: o escritório ficava no espaço da família, em Curitiba, e o time tinha apenas três pessoas. No fim de 2019, a Creamy lançou seus primeiros produtos no e-commerce próprio.
Poucos meses depois, a pandemia acelerou o negócio. "Sem maquiagem e em casa, os brasileiros começaram a investir mais em skincare", diz Beleze.
Com marketing de influência e uma comunidade engajada que compartilhava fotos de “antes e depois”, a marca viralizou nas redes sociais.
A estratégia deu resultado. Em sete anos, a Creamy acumulou R$ 1 bilhão em faturamento e dobrou de tamanho a cada ano. Hoje, o portfólio reúne mais de 25 produtos. Entre os mais vendidos estão:
O avanço da Creamy acontece em um dos setores mais aquecidos da economia. O mercado brasileiro de produtos de higiene e beleza alcançou R$ 173,4 bilhões em 2024, alta de 10,3%, segundo a Euromonitor.
O desempenho ficou bem acima da média global, que cresceu 3,5% e somou US$ 593 bilhões. Com isso, o Brasil manteve a terceira posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
A consultoria aponta que a desaceleração global reflete uma mudança no comportamento dos consumidores, que agora priorizam propostas de bem-estar e custo-benefício, tornando-se mais exigentes quanto ao valor pago. É nesse contexto que marcas como a Creamy encontram espaço para crescer.
Se no começo a marca operava 100% digital, em 2022 a Creamy deu um passo estratégico para ampliar capilaridade: entrou em farmácias como Raia Drogasil e Panvel. O canal físico superou o e-commerce e hoje é o mais relevante. Atualmente, a marca está em 9.000 pontos de venda, com meta de chegar a 20.000 até 2025.
A expansão também passa por quiosques próprios, que dobraram em 2024, e pela primeira loja física, prevista para 2025. A meta é ter 55 unidades próprias até o fim do ano.
Com a inauguração de uma fábrica em Vinhedo, no interior de São Paulo, a capacidade de produção subiu para 5,6 milhões de unidades por mês.
De olho nos próximos anos, a marca prepara novos lançamentos focados em skincare preventivo e produtos multifuncionais, além de expandir a presença nas regiões Norte e Nordeste.
A jornada está só começando. De uma dor observada no consultório para um negócio bilionário, a Creamy quer provar que ciência acessível e design inteligente podem caber no banheiro de milhões de brasileiros.