Negócios

Como incorporar um propósito à estratégia de negócio da sua empresa

Tema discutido no EXAME Fórum de Sustentabilidade passa por analisar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030, da ONU

Emiliano Graziano, da Basf, Regina Magalhães, da Schneider Electric, Márcia Massotti, da Enel Brasil e André Lahóz, da revista EXAME debatem sobre propósito corporativo (Germano Lüders/Exame)

Emiliano Graziano, da Basf, Regina Magalhães, da Schneider Electric, Márcia Massotti, da Enel Brasil e André Lahóz, da revista EXAME debatem sobre propósito corporativo (Germano Lüders/Exame)

AS

Aline Scherer

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 13h28.

Última atualização em 27 de novembro de 2018 às 10h05.

São Paulo - Qual o propósito da sua empresa, além de gerar riqueza? Como os negócios podem ajudar a erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade? Questões como estas foram discutidas em painel de debates entre empresas na edição 2018 do EXAME Fórum de Sustentabilidade, em São Paulo.

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que compõem a Agenda 2030 definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) têm sido fonte de inspiração para as empresas identificarem seus propósitos. O compromisso assinado por líderes mundiais de países membros da ONU em setembro de 2015, em Nova York, se desdobra em 169 metas.

Prioridades
Para priorizar quais dos 17 ODSs atuar de forma mais intensiva, o comando global da Enel, a maior empresa privada de distribuição de energia elétrica no Brasil, e líder no segmento de energia solar e eólica,  escolheu quatro objetivos mais sensíveis ao seus negócios. São eles: 4, educação de qualidade; 7, energia limpa e acessível; 8, trabalho decente e crescimento econômico; e 13, ação contra a mudança global do clima. O presidente mundial  da Enel, Francesco Starace anunciou o compromisso em evento na sede da ONU.

“Temos um sistema que acompanha o andamento de todos os projetos da empresa, sinalizando de quais ODS fazem parte”, diz Márcia Massotti, diretora de sustentabilidade da geradora e distribuidora de energia Enel no Brasil. “Funcionários da empresa em todo o mundo tem acesso a esse sistema para compartilhar boas práticas. Se algo foi resolvido na Romênia e temos um caso semelhante no Brasil, podemos usar a mesma solução”, conclui Márcia.  A subsidiária brasileira da Enel contribui com 6,5% do EBITDA do grupo e com 65% da meta de energia limpa do grupo, vinculada ao ODS 7.

Inovação
Em 2007, a empresa de eletroeletrônicos Schneider Electric definiu um propósito: fazer com que todos os seus negócios contribuam para a solução do dilema energético. “Mas grande parte da energia elétrica no mundo ainda é gerada com emissões de carbono, então precisamos fazer com que a indústria como um todo seja mais eficiente”, diz Regina Magalhães, diretora de sustentabilidade e inovação da Schneider Electric para a América do Sul. “Em 2017, estabelecemos a meta de reduzir as emissões dos nossos clientes em 100 milhões de toneladas de carbono - o que corresponde a todas as emissões das indústrias no Brasil durante um ano”. A meta vale entre 2018 a 2020, o volume é cerca de 200 vezes superior às emissões da própria operação.

A empresa resolveu unir equipes de três áreas: sustentabilidade, inovação e comercial para responder com excelência ao seu propósito de criar novas tecnologias limpas para a indústria 4.0. A Schneider Electric investe 5% de seu faturamento global no desenvolvimento de novas tecnologias. E tem a meta de treinar um milhão de pessoas para que possam participar do mercado de trabalho e em novas tecnologias.

Otimismo
Numa campanha global de marca, a empresa química Basf tem reforçado a mensagem de otimismo. “As oportunidades de negócios com impacto social positivo estão muito mais óbvias e simples de serem construídas porque a cultura da cooperação, construção coletiva e compartilhamento está muito mais forte”, diz Emiliano Graziano, gerente de sustentabilidade da Basf para a América do Sul. “Sozinhos não conseguimos fazer nada, precisamos de bons parceiros, fornecedores, clientes, e acima de tudo boas mentes”.  

A Basf criou uma metodologia para avaliar todos os seus produtos em indicadores de sustentabilidade. E classificou em três categorias. Em 2017, as vendas líquidas dos produtos mais sustentáveis foi 27% do total do faturamento. “Pela natureza do nosso negócio, a química, influenciamos e estimulamos muitas cadeias de produção de todos os setores”, diz Graziano.

Para as iniciativas sociais que a empresa apoia, a Basf encontrou uma forma de não apenas doar dinheiro, mas ensinar a estruturar um bom projeto para que ONGs sejam bem sucedidas em editais, atendendo aos critérios de elegibilidade. Assim a empresa espera ser vista não como mera financiadora, mas como parceira. “Um problema que afeta as comunidades onde atuamos, afeta também nossos funcionários", diz Graziano.  

Conclusões
Regina Magalhães, diretora de sustentabilidade e inovação da Schneider Electric,  lembrou que 1 bilhão de pessoas no mundo ainda vivem sem energia elétrica - 34 milhões delas na América do Sul, o que prejudica o que prejudica o desenvolvimento de atividades produtivas, o acesso à assistência de saúde e qualidade e acesso a informações, direitos básicos dos seres humanos.

Nesse sentido, a liderança global da Schneider Electric se colocou como meta levar acesso à energia elétrica para 50 milhões de pessoas no mundo que ainda não têm. Assim, amplia seus negócios com novos consumidores, ao mesmo tempo que ajuda a solucionar um problema social.  Numa das fases do projeto, a empresa instalou painéis solares em regiões remotas da Floresta Amazônica onde vivem comunidades, num trabalho em conjunto com empresas e ONGs locais, o que contribui também para o acesso a água por meio do bombeamento elétrico.

“O mundo está cheio de problemas sociais e ambientais, encontrar uma forma de resolver esses problemas é uma grande oportunidade de negócio”, diz Regina.

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