Nessas últimas décadas o empoderamento feminino e paridade de gênero ganharam presença nos debates nos diversos fóruns mundiais de liderança e diversidade. Tratar a diversidade de gênero está na pauta no mundo dos negócios, sobretudo na responsabilidade social das empresas como pilar importante do ESG (Flashpop/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de julho de 2022 às 08h00.
Sabemos que o tema desigualdade de gênero é um desafio social importante em diversos lugares do mundo e no Brasil.
Apesar de, segundo dados mais recentes da ONU, as mulheres corresponderem a aproximadamente metade da população mundial, ainda existe grande desigualdade, uma delas sendo a baixa presença feminina em cargos de liderança nas organizações.
A presença feminina nos cargos mais altos das organizações ainda permanece tímida. No Brasil, a representatividade de mulheres em cargos gerenciais caiu em 2019, comparado a 2018. Na pesquisa Estatística de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgada pelo IBGE de 2019, 62,6% dos cargos gerenciais eram ocupados por homens e 37,4% pelas mulheres.
Na edição anterior, elas ocupavam 39,1% dessas posições. Muito embora as mulheres sejam mais instruídas e dediquem um tempo maior de estudo do que os homens, elas recebem apenas 77,7% do rendimento, quando comparado a eles.
Quando olhamos a participação das mulheres em cargos de conselho, segundo recente pesquisa realizada em 51 países pela Deloitte, 19,7% das vagas são ocupadas por mulheres — um crescimento de apenas 2,8 pontos percentuais quando comparado a 2018. Ocupando a 39ª posição do ranking dos países, nesta mesma pesquisa, o Brasil é representado por apenas 10,4% das vagas.
Com responsabilidade quase duas vezes maior, as mulheres somam as suas atividades do trabalho aos cuidados com a casa e a família, fatores esses que acabam desmotivando as empresas em disponibilizar vagas de liderança e tomada de decisão.
As mulheres precisam muitas vezes se desdobrarem para conciliar a agenda pessoal e profissional, obrigando-se a tomar decisões complexas, como as relacionadas à maternidade, sem perder de vista os impactos destas escolhas sobre suas carreiras. Até que ponto é justo transformar em um paradoxo a relação carreira-maternidade?
Tratar de pautas como essa traz desconforto, evidencia conflitos que ainda são pouco explorados e que estão longe de serem tratados com a devida importância. Quando falamos de pequenas e médias empresas, as lacunas são ainda maiores, afinal faltam informações e conhecimento das partes em como lidar com o tema e há ausência de pessoas dispostas a liderar este debate.
Nessas últimas décadas o empoderamento feminino e paridade de gênero ganharam presença nos debates nos diversos fóruns mundiais de liderança e diversidade. Tratar a diversidade de gênero está na pauta no mundo dos negócios, sobretudo na responsabilidade social das empresas como pilar importante do ESG.
Um conjunto de estudos e pesquisas científicas apontam benefícios com o equilíbrio de gênero na alta gestão, demonstrando que a diversidade é mais eficaz para a governança e gera impacto social representado por melhores resultados financeiros dentro das organizações.
Além disso, alcançar a igualdade de gênero e empoderar mulheres e meninas é um dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), um pacto global que visa tratar e superar os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo, promovendo o crescimento sustentável global até 2030.
Mulheres líderes conseguem colocar pensamentos e perspectivais diferentes na tratativa de resolução de problemas, criando frentes que ajudam no processo de tomada de decisão sobre os desafios enfrentados pelos negócios, afinal, elas são grandes influenciadoras e compradoras de produtos de consumo e agregam renda no sustento de suas famílias.
As mulheres conseguem acelerar o tema da diversidade nas empresas nos diferentes níveis e patamares, criando iniciativas colaborativas, integração entre profissionais multidisciplinares no fomento a inclusão e equidade.
Outro impacto positivo está na construção e reforço da marca, consolidação de uma imagem positiva, ética e inclusiva perante os stakeholders, abre portas para negociações com organizações de maior porte que atualmente direcionam suas escolhas por empresas parceiras que estejam com o tema bem encaminhado.
Por último, a competitividade da empresa aumenta, elevando os resultados de lucratividade, produtividade, inovação, talentos, satisfação do cliente, impacto na sociedade e na construção da reputação da empresa, apontado no Relatório “Women in Business and Management: The business case for change” de 2019 feita pela OIT que pesquisou 13.000 empresas em 70 países.
As mais eficientes lideranças femininas apontam algumas características muito interessantes. Elas têm foco em apresentar resultados, são multitarefas sem perder a qualidade, investem de forma contínua no seu autodesenvolvimento, agem com resiliência e tem maior capacidade de estimular a inovação, sendo assertivas no engajamento, motivação e capacitação do seu time.
Por fim, uma vez apresentados as motivações e os benefícios no desenvolvimento das lideranças femininas, apresento 10 passos importantes para criação deste espaço de debates em sua empresa para que você possa explorar as oportunidades acerca do tema.
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