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Como foi a reabertura do maior shopping do Brasil, o Parque Dom Pedro

O shopping em Campinas pode abrir por apenas 4 horas por dia, com capacidade limitada de 20%, e manterá restaurantes, cinemas e outras operações fechadas

Praça de alimentação do Shopping Parque Dom Pedro: operações de alimentação devem se manter fechadas (foto tirada em 2019, antes da pandemia) (Karin Salomão/Exame)

Praça de alimentação do Shopping Parque Dom Pedro: operações de alimentação devem se manter fechadas (foto tirada em 2019, antes da pandemia) (Karin Salomão/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 3 de agosto de 2020 às 08h00.

Última atualização em 3 de agosto de 2020 às 10h39.

Com mais de 400 lojas e 8.000 de vagas de estacionamento, o shopping Parque Dom Pedro, em Campinas, SP, passou mais de três meses fechado e precisou rever toda sua situação financeira. Agora que prepara a reabertura gradual, enfrenta novos obstáculos, como garantir receitas mesmo com restrições de horários e operações.

Desde a reabertura, no dia 27 de julho, a limpeza e higiene foram o foco da empresa, que faz parte do grupo de shoppings Aliansce Sonae. Seguindo recomendações de saúde, há mais de 200 pontos de álcool em gel espalhados pelo empreendimento. Há também espaço de sanitização dos calçados nas entradas. Nas oito entradas, foram instaladas câmeras termosensíveis que conseguem medir a temperatura de diversas pessoas ao mesmo tempo - e até identificar quem não está usando máscara.

A empresa reforçou a limpeza do ambiente e, se antes parte dessa manutenção era feita de madrugada, hoje é feita também durante o dia. "Precisamos passar a sensação real de limpeza aos consumidores. Muitos precisam ver que o ambiente está sendo limpo para se sentir seguros", diz Rodrigo Galo, superintendente do shopping.

As lojas mais procuradas pelos consumidores nesse primeiro momento de abertura são as de telefonia. Muitos estão aproveitando o atendimento presencial para resolver problemas que não conseguiram pelos meios digitais. 

Com 127 mil metros quadrados, é o maior shopping da América Latina em área contínua. São 33 lojas âncora e 270 satélites, além de 15 salas de cinema. Há um hipermercado e um parque de diversões, o T-Rex Park, entre outras atrações. A circulação mensal normal, antes da pandemia, era de quase 1,5 milhão de pessoas e em média 18,7 milhões de pessoas visitam o local todos os anos. 

Restrições e operações essenciais

O shopping pode abrir por apenas 4 horas por dia, com capacidade limitada de 20%. Nem todas as lojas foram autorizadas a reabrir: restaurantes devem continuar fechados para atendimento presencial, apenas oferecendo vendas por delivery. O shopping tem 40 operações na praça de alimentação e mais de 20 restaurantes, fora quiosques.

Salas de cinema, salões de beleza e negócios de estética, academias e opções de lazer também devem se manter de portas fechadas nessa primeira fase de reabertura.

Durante a quarentena, o shopping manteve 10 operações abertas, consideradas como essenciais. Entre elas, está o supermercado Big, a petshop Petz, a empresa de material de construção Telha Norte, além de clínicas, farmácias e laboratórios.

Com uma operação gigantesca como é o caso do Parque Dom Pedro, com mais de 300 lojas, o desafio era o equilíbrio entre o custo de uma manutenção extensa e a queda nas receitas, com a não cobrança dos aluguéis. "O shopping foi feito para não fechar nunca. Estávamos abertos das 10h às 22h, sete dias na semana, Natal e Ano Novo. É uma situação delicada", diz Galo.

O empreendimento também investiu em comércio eletrônico. No site do shopping, há uma relação de todas as lojas disponíveis, com redirecionamento para o ecommerce ou whatsapp próprio de cada uma. Criou também o drive-thru, entrega das compras feitas pela internet através do estacionamento, praticamente deserto - são 8.000 vagas para carros.

Vista aérea do Parque Dom Pedro, shopping em Campinas, SP

Vista aérea do Parque Dom Pedro, shopping em Campinas, SP, tirada antes da pandemia: hoje o estacionamento está praticamente vazio (Shopping Parque Dom Pedro/Divulgação)

Desafios

Aos poucos, os empreendimentos do grupo Aliansce Sonae estão reabrindo pelo Brasil. Cada unidade tem regras diferentes, de acordo com a situação de saúde, como número de casos e ocupação de leitos, e as medidas adotadas pelas prefeituras e governos locais.

Um dos obstáculos na reabertura do Parque Dom Pedro foi a mudança no plano municipal. A partir de março e com o início da quarentena, o shopping passou três meses fechado e chegou a reabrir no dia 8 de junho. Porém, depois de duas semanas aberto, voltou a fechar, com o aumento dos casos de coronavírus na região. A nova reabertura ocorreu no dia 27 de julho. Essa inconstância prejudicou os lojistas, diz o superintendente, que precisaram tirar os funcionários da licença e logo em seguida voltaram a fechar.

Outro desafio foi manter o balanço financeiro durante o fechamento. Durante o período de fechamento, a Aliansce não recolheu aluguel e cobrou metade da taxa de condomínio, tanto do shopping Parque Dom Pedro quanto de outros empreendimentos do grupo. Segundo Galo, não houve demissões, nem da equipe própria da administração nem das empresas terceirizadas que prestam serviço. Na equipe própria, a empresa adotou as medidas de suspensão ou redução de salário. 

O empreendimento se prepara agora para a inauguração de novas lojas, que haviam entrado em obras antes da quarentena e não puderam abrir. É o caso de uma loja de cosméticos, uma ótica e um restaurante. O executivo diz que algumas lojas deixaram o shopping durante o período de quarentena, mas o fechamento das lojas está dentro da média normal de renovação.

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