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Como fica a nova dinâmica entre EUA e China com acordo climático

O que significa este acordo para Pequim e como estes compromissos adotados nos últimos dias da conferência mundial da ONU sobre o clima em Glasgow, na Escócia, devem ser interpretados?

Os presidentes dos EUA, Joe Biden (E), e da China, Xi Jinping (D). (AFP/AFP)

Os presidentes dos EUA, Joe Biden (E), e da China, Xi Jinping (D). (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 11 de novembro de 2021 às 21h09.

Última atualização em 12 de novembro de 2021 às 07h18.

Foi a surpresa da reta final da COP26. Chineses e americanos anunciaram um acordo que confirma a cooperação entre os dois países diante da mudança climática, apesar de suas divergências políticas.

O que significa este acordo para Pequim e como estes compromissos adotados nos últimos dias da conferência mundial da ONU sobre o clima em Glasgow, na Escócia, devem ser interpretados?

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Quais são os objetivos climáticos da China?

A China é, em termos absolutos, o país que mais emite gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, mas o gigante asiático não é o recordista de emissões per capita.

No ano passado, a China prometeu atingir seu pico nas emissões de dióxido de carbono (CO2) em 2030 e alcançar a "neutralidade de carbono" até 2060, ou seja, produzir e absorver igualmente.

Também planeja reduzir sua intensidade de carbono (emissões de CO2 vinculadas ao PIB) em mais de 65% até 2030 em comparação com 2005.

A China ainda não detalhou como planeja atingir essas metas e um dos temores dos ativistas ambientais é que o pico de emissões de 2030 seja alto demais.

Nos últimos anos, a China fechou várias usinas movidas a carvão (altamente poluentes). Seu presidente, Xi Jinping, prometeu que seu país também não financiará outras no exterior. Essas usinas, porém, segue sendo construídas no país, uma vez que não existem fontes alternativas no momento.

Sobre o que os EUA e a China concordam?

A principal promessa é o lançamento de um grupo de trabalho bilateral dedicado à luta contra as mudanças climáticas. A reunião deve ser realizada no primeiro trimestre de 2022.

China e Estados Unidos, principais emissores de gases de efeito estufa, afirmam neste acordo que "reconhecem a gravidade e urgência da crise climática", em particular nesta "década crítica".

Mas o pacto bilateral não tem muitos objetivos específicos e seu valor principal é, sem dúvida, político.
Para Li Shuo, diretor do Greenpeace China, o acordo mostra a "vontade política de separar um pouco a questão climática" das questões que geram tensões entre chineses e americanos. "Isso permite evitar a desvinculação da China e dos Estados Unidos nas questões climáticas", disse ele à AFP.

Qual é o progresso na questão do metano? 

Cem países se comprometeram em Glasgow a reduzir suas emissões de metano em pelo menos 30% até 2030, mas a China não faz parte desse grupo.

"O metano é um dos gases que podemos reduzir mais rapidamente", sublinhou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Isso "diminuiria imediatamente o aquecimento", acrescentou.

O acordo entre os dois países inclui um ponto sobre o metano, o segundo gás de efeito estufa presente na atmosfera, depois do CO2.

Os dois países vão conversar sobre como diminuir as emissões de metano da indústria, agricultura ou os resíduos, a fim de reduzi-las.

A China prevê um plano de ação para reduzir e controlar significativamente as emissões de metano, mas, de acordo com especialistas, o país carece de experiência sobre a origem e extensão das emissões de metano em seu território.

Adiantar os prazos? 

Os Estados Unidos tentaram convencer a China a antecipar o pico de emissões para antes de 2030, sem sucesso.

Os chineses não quiseram dar a impressão de ceder ao grande rival americano e, além disso, devido aos problemas no fornecimento de energia elétrica, a China teve que aumentar sua produção de carvão nestes meses.

O acordo prevê que os dois países possam rever suas estratégias de longo prazo e dar continuidade ao diálogo sobre questões climáticas.

Shiran Victoria Shen, especialista em política ambiental da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, destacou com otimismo que a China tende a "prometer menos, mas fazer mais do que o acordado em seus compromissos internacionais".

Isso leva à esperança de que "uma promessa pouco ambiciosa será finalmente acompanhada pelas mudanças necessárias", confidenciou.

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