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Como fica a Gafisa sem o controle da Alphaville

Companhia anunciou a venda de 70% do seu braço de loteamento de alto padrão para os fundos Blackstone e Pátria


	Gafisa: venda da Alphaville vai diminuir relação entre dívida e patrimônio do grupo
 (CLAUDIO ROSSI/VOCÊ S/A)

Gafisa: venda da Alphaville vai diminuir relação entre dívida e patrimônio do grupo (CLAUDIO ROSSI/VOCÊ S/A)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 7 de junho de 2013 às 11h26.

São Paulo – Depois de muitos rumores sobre o que a Gafisa iria fazer com a Alphaville – seu braço de loteamento de alta renda -, a incorporadora optou por vender o controle do negócio aos fundos de private equity  Blackstone e Pátria. A aquisição, anunciada nesta sexta-feira, foi fechada por 1,4 bilhão de reais e dará fôlego financeiro para a companhia – pelo menos neste primeiro momento.  A Gafisa perde, no entanto, parte da única operação lucrativa de seus negócios.

Embora tenha desacelerado os lançamentos dos empreendimentos da Alphaville em mais de 50%, a operação foi a única a fechar no azul o primeiro trimestre do ano. A companhia somou no período prejuízo total de 55 milhões de reais, decorrentes das perdas apresentadas pelo segmento Gafisa, de 40,4 milhões de reais, e da Tenda, de 43,8 milhões de reais. A Alphaville, por sua vez, somou lucro de 28,8 milhões de reais, 34% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado.   

Para a companhia, há vantagens na operação e a primeira delas seria a redução da dívida da companhia. Se o negócio fosse fechado no primeiro trimestre, por exemplo, a relação entre dívida e patrimônio cairia de 94% para 53%. O endividamento de 2,4 bilhões de reais para 1,5 bilhão de reais.  “Trata-se de uma excelente oportunidade. Os recursos reforçarão o balanço da empresa por meio da redução da alavancagem e permitirão gerar valor ao acionista no longo prazo por meio do crescimento das marcas Gafisa e Tenda”, afirmou Duilio Calciolari, presidente do grupo Gafisa, em comunicado.

Problema

Desde 2011, a Gafisa enfrenta uma série de dificuldades financeiras e boa parte delas é creditada à Tenda, braço de baixa renda da companhia. A compra da construtora foi fechada em 2008, mas o negócio acabou se tornando um problema para a Gafisa. Tanto que em 2012, a empresa optou por colocar a operação da Tenda na geladeira a fim de reduzir as perdas e nenhum lançamento foi anunciado, mesmo assim, a operação gerou prejuízo de 122,8 milhões de reais no período.


A marca Gafisa também encerrou 2012 no vermelho, com prejuízo de quase 160 milhões de reais e mais uma vez a Alphaville conseguiu amenizar as perdas totais do grupo, com lucro de 157,2 milhões de reais no ano passado.  Os lançamentos dessa parte do negócio também foram os únicos que cresceram. Enquanto as novidades da Tenda estavam congeladas, as da Gafisa reduziram em 25%, a Alphaville aumentou em 38% os lançamentos no período.

Como fica agora

Os fundos Blackstone e Pátria vão ficar com 70% da Alphavilla, já a Gafisa ficará com os 30% de participação restante, isso porque, com a operação, a incorporadora conseguiu chegar a um acordo com os sócios fundadores da Alphaville e comprar por 367 milhões de reais os 20% das ações remanescentes da construtora de alto padrão. Em 2006, a Gafisa comprou 60% da Alphaville e se comprometeu a adquirir os 40% restantes em duas etapas, sendo uma concluída em 2010. A última parte do negócio deveria ter sido concluída no ano passado, mas não foi finalizado na ocasião por divergências.

A compra da fatia inicial da Alphaville foi fechada por 383 milhões reais, sendo 20 milhões de reais pagos em dinheiro e o restante em ações da própria Gafisa. A segunda parcela, de 20%, na ocasião, foi avaliada em 126,4 milhões de reais. E agora, comprou o resto por 367 milhões de reais.

Do ponto de vista do que investiu, a venda de parte do negócio para os fundos de private equity não foi tão ruim para a Gafisa, uma vez que a companhia investiu menos de 1 bilhão de reais em 100% da Alphaville e vendeu 70%  por 1,4 bilhão de reais.  Pode ser um mau negócio apenas no longo prazo, uma vez que nos últimos anos apenas a Alphaville era lucrativa para a companhia.

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