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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h25.
O Grupo WEG, fundado em 1961 por três catarinenses, é um campeão de inovação em motores elétricos. Suas empresas desenvolvem, em média, 60 novos protótipos de motores por mês. Fabricam diariamente 35 000 motores. Têm unidades em 14 países e exportam para outros 80. O grupo é, atualmente, o segundo maior fabricante mundial de motores, e planeja chegar à liderança até o ano de 2007.
Mas nem todas as empresas do grupo atingiram a mesma maturidade que a divisão de motores. "As empresas da WEG estão em momentos diferentes de inovação, até pela idade de cada uma", afirma o engenheiro catarinense Harry Schmelzer Jr., diretor superintendente da WEG Acionamentos.
A empresa comandada por Schmelzer é o mais recente caso no grupo de como se prepara uma empresa para inovar. Criada em 1982, a WEG Acionamentos produz o que seria o equivalente industrial ao interruptor de luz doméstico, aquele botão de liga e desliga, além de disjuntores. Parece coisa simples, mas esses dispositivos, muito mais sofisticados quando empregados em grandes equipamentos, são classificados como de alta tecnologia e envolvem engenharia de precisão e mecatrônica fina. Quando o mercado começou a apontar que queria comprar de um mesmo fabricante não só os motores elétricos, mas outros componentes que são integrados a eles, a WEG se viu compelida a entrar nessa área.
Na primeira fase da WEG Acionamentos, que durou de 1982 a 1994, ela comprava tecnologia do exterior. Os desenhos das peças e o detalhamento do processo de fabricação vinham todos prontos de uma empresa alemã. "Nossa preocupação na época era aprofundar nosso conhecimento do processo de fabricação, buscar competitividade e atuar exclusivamente no mercado nacional", diz Schmelzer. A atualização dos produtos era garantida por meio de renovações periódicas dos acordos de transferência de tecnologia. Mas essa receita estava com os dias contados. "A cada ano, foi se tornando mais difícil ter acesso à tecnologia de ponta", diz o executivo. O avanço da globalização fez com que os detentores de tecnologia estrangeiros voltassem seus olhos para a formação de associações ou acordos comerciais, não mais a simples venda de tecnologia.
A saída era criar tecnologia própria. Mas como fazer isso num país onde não havia nenhum especialista em acionamentos -- uma vez que as empresas que atuam nesse mercado são multinacionais, como a alemã Siemens e a francesa Schneider, que desenvolvem sua tecnologia nas matrizes? Schmelzer convocou 16 pesquisadores do grupo WEG para a sua unidade, seis deles pós-graduados em engenharia. Essa turma tinha experiência em pesquisa, mas precisava aprender sobre acionamentos. O passo seguinte foi estabelecer parcerias com universidades estrangeiras, que tivessem competência nessa área. Isso foi feito com as Universidades Técnicas de Dresden e de Braunschweig, ambas na Alemanha.
Os pesquisadores brasileiros foram mandados para lá, por temporadas que chegaram a durar oito meses. Ao mesmo tempo, a WEG Acionamentos passou a receber dois estagiários alemães por ano, de Dresden, para desenvolverem na empresa seus trabalhos de conclusão de curso de engenharia, equivalente a um mestrado no Brasil. "Foi uma fase em que estávamos adquirindo todo o conhecimento que existe nessa área", diz Schmelzer. A WEG também contratou um consultor alemão permanente, Thomas Roschke, professor da universidade de Dresden, para acompanhar as novidades que aconteciam na Europa e dar cursos para os pesquisadores da WEG. "Ele é o nosso olheiro lá, tem trânsito em todos os principais centros de pesquisa do país", diz Schmelzer. Cientistas aposentados das grandes multinacionais do setor também são contratados periodicamente para consultorias específicas.
A fase de estruturação do departamento de P&D foi considerada concluída em 2000. Hoje, a WEG Acionamentos, que já tem uma patente concedida e mais três em processo de registro, só usa tecnologia própria. Se alguma multinacional lança um produto com uma determinada função, ela tem condições para fabricar um produto similar sem ferir as patentes dos concorrentes. "Estamos prontos para inovar, embora ainda não estejamos usando a inovação como vantagem competitiva", diz Schmelzer. "Antes, queremos ampliar nossa participação no mercado externo e aprofundar a relação com os clientes de diversos países, para podermos investir em inovações que sejam bem recebidas."
A WEG Acionamentos acabou de concluir a implantação de sua operação nos Estados Unidos, apoiada pelo escritório do grupo no país, que tem mais de 100 funcionários, e está fazendo a mesma coisa na Europa. Os executivos escolheram a Alemanha, casa de seu grande rival, a Siemens, para começar a briga. Schmelzer acredita que dentro de seis anos começarão a fabricar produtos sem similar no mercado. "O crescimento de nossa empresa está seguindo os mesmos passos das outras empresas do grupo."