Natalie Ardrizzo, presidente da Termolar: “Queremos crescer de forma sustentável e fortalecer nossa posição como especialistas em soluções térmicas nos mercados em que já somos fortes, como Argentina, Paraguai e Uruguai” (Termolar/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 09h41.
Gaúcho gosta de térmica. No chimarrão, na água ou até na cerveja, uma boa solução térmica é praticamente item de sobrevivência no Sul. Mas esse costume, que já é tradição no Rio Grande do Sul, se espalhou pelo Brasil nos últimos anos. O que ajudou? Marcas virais, como Stanley, e o calor. E o mercado explodiu.
No meio dessa febre, uma empresa gaúcha já estava bem posicionada no mercado.
A Termolar, criada em 1958 por dois uruguaios, é uma das marcas mais tradicionais do setor no país, e está presente na casa de milhões de consumidores – inclusive em mãos de famosos como os jogadores Lionel Messi e Luis Suárez e da modelo Gisele Bündchen.
Hoje, a Termolar é a maior exportadora brasileira de garrafas térmicas e soluções isotérmicas. Com sede em Porto Alegre, a empresa emprega cerca de 700 pessoas e fatura 320 milhões de reais por ano. Sua produção anual chega a 11 milhões de produtos, incluindo garrafas térmicas, coolers, cuias e outros itens para casa e lazer. Cerca de 10% a 15% das vendas vêm das exportações.
Agora, a empresa porto-alegrense vai apostar ainda mais forte na internacionalização para crescer. Atualmente, a Termolar exporta para mais de 15 países, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Noruega e Emirados Árabes. Em 2025, quer aumentar a receita internacional em 20%. Para isso, mira na diversificação de mercados e em novos produtos.
“Queremos crescer de forma sustentável e fortalecer nossa posição como especialistas em soluções térmicas nos mercados em que já somos fortes, como Argentina, Paraguai e Uruguai”, afirma Natalie Ardrizzo, presidente da Termolar.
A Termolar nasceu em 1958, em Porto Alegre, pelas mãos dos uruguaios Jorge Ardrizzo e Leon Spalter.
Os dois amigos, grandes apreciadores de chimarrão, decidiram criar produtos que facilitassem o consumo da bebida no dia a dia. A primeira garrafa térmica da marca, chamada “Brasília”, foi lançada no mesmo ano.
A empresa começou pequena, mas desde o início focou na inovação. Nos anos 1970, a Termolar lançou o Supertermo, um garrafão isotérmico que virou sucesso. Depois vieram outros clássicos, como a Chimarrita, que estampava um gaúcho montado a cavalo, e a Magic Pump, com tecnologia que impedia vazamentos.
Em 2012, a gestão da empresa passou para as mãos da segunda geração da família Ardrizzo. Natalie Ardrizzo, atual presidente, assumiu o comando em 2021. Segundo ela, a transição não foi planejada, mas trouxe mudanças importantes.
“Durante minha gestão, focamos em resgatar a cultura de inovação e nos aproximar das novas gerações, sem deixar de lado o consumidor tradicional”, diz Natalie.
Com uma linha que vai de garrafas térmicas a caixas isotérmicas, a Termolar conseguiu atravessar crises como a pandemia e se manter relevante. Em 2023, registrou o melhor resultado de sua história, e segue crescendo.
Nos últimos anos, a Termolar passou por uma transformação. A empresa ampliou o portfólio, renovou a cultura organizacional e profissionalizou a gestão comercial. Tudo isso impulsionou o crescimento.
Um dos diferenciais da empresa é a capacidade de inovar no design e na funcionalidade dos produtos. Exemplos? O copo de café T0311, desenvolvido em parceria com especialistas, e a SUV, uma linha de caixas isotérmicas pequenas e práticas.
“Quando lançamos um produto, pensamos em como ele pode resolver um problema real do consumidor", diz Natalie. "É isso que nos diferencia”.
Apesar de os produtos tradicionais, como o Supertermo e as garrafas térmicas de bomba, ainda serem os mais vendidos, a Termolar tem apostado em itens mais modernos e de nicho.
As coleções são renovadas a cada dois anos, com novas cores e decorações baseadas em tendências globais. “Nosso olhar está sempre na moda, e isso reflete nos produtos. Queremos inovar não só na funcionalidade, mas no estilo”, afirma a executiva.
Outra estratégia foi fortalecer a presença no e-commerce e nas redes sociais. Além disso, a empresa investe em inteligência comercial, com novos dados e ferramentas para identificar oportunidades em regiões pouco exploradas.
A internacionalização é a grande aposta da Termolar para 2025. A empresa já tem forte presença em mercados da América Latina, como Argentina, Uruguai e Paraguai, mas quer expandir para outros continentes.
Neste ano, a Termolar participa da Feira Ambiente, em Frankfurt, para prospectar clientes na Europa e na África. “Esse evento é uma oportunidade para avançarmos no processo de internacionalização e expandirmos nossa presença em mercados estratégicos”, afirma Elias Kerpen, gerente de exportação da empresa.
Além disso, a Termolar quer equilibrar a balança comercial. Atualmente, importa mais componentes do que exporta produtos. Com o crescimento das vendas internacionais, a empresa busca mitigar os impactos do câmbio nos resultados.
Outro foco é reforçar o relacionamento com distribuidores estratégicos. No Paraguai, por exemplo, a Termolar mantém o mesmo parceiro há 60 anos. “Construímos relações de confiança que nos permitem crescer de forma sustentável em mercados-chave”, afirma Natalie.
Para Natalie, 2025 será um ano de olhar para dentro para melhorar a estrutura. A meta é aumentar a eficiência logística, atender os clientes com mais rapidez e continuar inovando.
“Queremos crescer, mas crescer melhor. É sobre encontrar caminhos onde não precisamos competir só por preço, mas por valor”, diz.