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Como essa rede vai faturar R$ 65 milhões vendendo suco

Com 32 unidades e presença em 12 estados, marca quer abrir 300 lojas até 2030

Renato Muniz, da Juistreet: “Não é só sobre suco. É sobre construir algo que faça sentido para quem está ali. A marca representa um jeito de viver” (Juistreet/Divulgação)

Renato Muniz, da Juistreet: “Não é só sobre suco. É sobre construir algo que faça sentido para quem está ali. A marca representa um jeito de viver” (Juistreet/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de julho de 2025 às 13h42.

Última atualização em 3 de julho de 2025 às 18h39.

Suco, na teoria, é um produto simples. Fruta no liquidificador, copo na mão, consumo imediato. Não parece o tipo de negócio que rende dezenas de milhões de reais por ano. Mas a Juistreet, uma rede de juice bars nascida em Santa Catarina, quer provar que dá para escalar até os 65 milhões de reais — só em 2025.

Fundada em Balneário Camboriú, a marca aposta no setor de bem-estar  para crescer — um mercado em pleno crescimento e que empresas como  Oakberry surfam.

No cardápio, há de smoothies com frango de acompanhamento a  sucos sem água nem açúcar. A estética jovem também é importante — e em partes,  virou linguagem entre quem consome bem-estar no Brasil.

Com 32 unidades em operação, a empresa já está em 12 estados e se prepara para abrir 300 novas lojas até o fim da década.

O momento é de inflexão. A Juistreet começou a franquear em 2024 e, em vez das habituais seis ou oito unidades vendidas no primeiro ano, emplacou 24.

A performance atraiu investidores e puxou a meta para cima: o plano agora é dobrar de tamanho ainda este ano e fechar 2025 com faturamento de 65 milhões de reais.

"Normalmente, uma rede vende quatro ou seis franquias no primeiro ano. A gente vendeu 24", diz o CEO Renato Muniz, que já trabalhou em outras redes de franquias antes. "Agora, com apoio de investidores, nosso foco está na consolidação da estrutura e na padronização da operação para escalar sem perder identidade."

A estratégia envolve tecnologia nas lojas, suporte contínuo aos franqueados e um posicionamento que vai além do produto. A marca se apresenta como ecossistema de lifestyle — e não apenas uma opção de alimentação saudável.

Qual é a história da Juistreet

A Juistreet começou pequena, com uma ideia simples: trazer para o Brasil o conceito dos juice bars, bares de suco focados em saúde, comuns na Austrália.

O fundador Thiago Weizenmann passou dez anos fora do país, onde se conectou com a cultura do bem-estar, da alimentação funcional e de consumo consciente. Quando decidiu voltar, trouxe o conceito na mala, e resolveu montar uma loja em Balneário Camboriú.

O processo foi lento. A primeira loja levou quase um ano para sair do papel. Faltavam fornecedores, padrão de equipamentos, estrutura de produção. Mas a unidade deu certo e abriu caminho para uma segunda loja, na Avenida Brasil, uma das principais da cidade. Foi ali que Thiago conheceu os irmãos Igor e Sharles Nezello, empreendedores do varejo de moda com loja vizinha à sua.

Os três se tornaram sócios depois de um pacto informal: os irmãos só topariam entrar na sociedade se conseguissem dobrar o faturamento da loja em pouco tempo. Missão dada, missão cumprida.

“Eles mais do que dobraram a receita em poucos meses”, lembra Muniz. “A partir daí, a marca começou a se organizar como negócio.”

O passo seguinte foi o Complexo Juistreet, um espaço na Praia Brava, em Itajaí, que mistura gastronomia, arte, música e moda. A loja virou experiência, e não apenas ponto de venda. “A Juistreet sempre teve essa conexão com lifestyle, com comunidade, com cultura urbana”, afirma Muniz.

A história da marca ganhou força em eventos e parcerias com marcas como Red Bull, GoPro e Caffeine Army. Aos poucos, a estética da Juistreet virou uma linguagem própria. As lojas começaram a atrair influenciadores, creators e jovens empreendedores com desejo de fazer parte do negócio.

“Não é só sobre suco. É sobre construir algo que faça sentido para quem está ali. A marca representa um jeito de viver”, diz o CEO. Essa mentalidade se tornaria peça-chave para o modelo de franquia que viria a seguir.

Como foi a virada pelo modelo de franquia

A entrada no franchising aconteceu em 2024. Até então, a Juistreet operava com lojas próprias. A mudança exigiu uma reestruturação completa da operação. Para liderar essa transição, a empresa trouxe Renato Muniz, um nome experiente no setor. Muniz havia participado da expansão de marcas como DNA Natural, Barbearia VIP e Guacamole.

“O desafio era transformar uma operação pensada para uma loja em um modelo replicável em qualquer lugar do Brasil”, diz. Isso envolveu desde a padronização dos processos e o relacionamento com fornecedores até o suporte ao franqueado. “Franquia é uma empresa de educação. A gente ensina o franqueado a operar com excelência.”

O modelo começou com força. Em vez das quatro ou seis unidades comuns no primeiro ano de uma franquia, a Juistreet vendeu 24. “A aceitação foi imediata, porque a proposta é clara: produto de qualidade, estética forte e identidade jovem”, afirma Muniz. Segundo ele, o ritmo atual é de duas novas franquias por mês.

Essa velocidade, no entanto, traz riscos. O principal deles é a diluição da proposta original.

“Quando você cresce rápido demais, corre o risco de perder identidade, cultura, padrão de entrega”, afirma o CEO. Para contornar isso, a empresa investe em tecnologia embarcada, treinamento digital e acompanhamento diário das operações.

As lojas operam com equipamentos de ponta e poucos funcionários. O foco está na simplicidade da operação. “Qualquer pessoa, mesmo sem experiência, consegue tocar uma loja Juistreet”, afirma Muniz. A ideia é combinar alta padronização com baixo custo de entrada.

O investimento inicial é a partir de 200 mil reais, e o payback previsto é de até 24 meses. Segundo a empresa, o retorno rápido e o apelo da marca têm atraído perfis variados de franqueados — de influenciadores a investidores tradicionais. Mas o modelo só se sustenta se o produto mantiver consistência.

O suco como refeição

O diferencial da Juistreet não está só na estética. O cardápio é pensado como refeição líquida, e não como bebida complementar. Os sucos são feitos sem água, sem açúcar e com até 1 quilo de fruta por copo. “Não existe outro lugar que entregue um suco assim”, diz Muniz. “É praticamente uma refeição no copo.”

Os smoothies são os produtos mais vendidos. As receitas incluem ingredientes como banana, abacate, açaí, frango, abóbora e beterraba. A ideia é oferecer uma alternativa saudável que também sustente. “Lançamos smoothies que substituem o almoço. Tem proteína, vegetais, tudo num copo só.”

Esse posicionamento ajuda a elevar o ticket médio e justificar o valor da franquia. Também cria espaço para fidelização — já que muitos consumidores usam o produto como parte da rotina alimentar. “Nosso público não é só quem quer algo refrescante. É quem se preocupa com nutrição e bem-estar”, afirma o CEO.

Quais são os planos futuros

A Juistreet já tem um plano claro: abrir mais de 300 novas unidades até 2030 e ultrapassar a marca de 480 milhões de reais em faturamento anual. Para isso, a empresa quer manter o ritmo acelerado de expansão — sem perder o controle da operação.

O ano de 2025 será chave. A meta é dobrar a base atual e chegar a 68 lojas, com receita projetada em 65 milhões de reais. “Já estamos com negociações avançadas para atingir esse número”, afirma Muniz. O crescimento virá tanto de lojas de rua quanto de formatos menores, como quiosques e operações em eventos.

A internacionalização ainda não está no radar imediato, mas o modelo foi pensado desde o início para ser global. “A marca é cosmopolita, moderna e conversa com públicos diversos. A gente já nasceu com cara de mundo”, diz o CEO.

Enquanto isso, a estrutura interna está sendo reforçada. A empresa investe em tecnologia de gestão, padronização de processos, CRM para franqueados e dashboards com dados em tempo real. “Queremos que o franqueado foque no cliente — e a gente cuida do resto.”

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