DJ DeeDee Beatz, da 8Beats: DJ criado por inteligência artificial (8Beats/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 4 de novembro de 2023 às 09h15.
O jovem empreendedor Fernando Silva, de 21 anos, resolveu criar seu negócio numa caminhada que fazia. Ele estava andando e ouvindo música no seu fone de ouvido, mas sem gostar muito do que escutava. Foi quando começou a pensar que o mercado fonográfico tinha um desafio iminente: como criar músicas para atender a uma demanda cada vez mais personalizada das pessoas? “Eu entendi que era humanamente impossível o mercado atender aos gostos específicos de cada pessoa”, diz Silva. “Quis estudar como poderia usar tecnologia para melhorar isso”.
Bem na época, no final do ano passado, as discussões sobre inteligência artificial começavam a ganhar escala. Era quando o Chat GPT, tecnologia de IA generativa do OpenAI, surgia com força para o mundo. “Eu comecei a ir mais a fundo, fazer estudos mais profundos no mercado. Contratei um CTO que era da área de IA e entendia de música”, afirma Silva. “E começamos a desenhar a 8Beats”.
Na prática, a 8Beats é uma gravadora em que todas as batidas e DJs são gerados por inteligência artificial. Da parte humana, entra o cantor ou a cantora, que grava em cima do “beat” gerado pelo robô. “Queremos ser aliados da criatividade humana”, afirma Silva. “Não temos intenção de criar voz, somente a batida. A parte vocal, faremos várias parcerias”.
A primeira parceria é com o funkeiro Kevin, o Chris. Trata-se de uma nova versão da música Se entrega e vem sem medo. A batida foi feita pela DJ-IA da 8Beats, a DJ DeeDee Beatz. “Nosso grande sonho é poder chegar nas paradas de sucesso com o DJ DeeDee Beatz e continuar expandindo o nosso negócio de forma sustentável e que auxilie cada vez mais músicos que desejam produzir novos hits”.
Hoje apenas para uso interno, a inteligência artificial da 8Beats responde a parâmetros escolhidos pela equipe da empresa. É possível selecionar, por exemplo, o gênero e a quantidade de batidas por minuto e de instrumentos. Depois, o som vai sendo gerado por etapas, e a pessoa da equipe vai aprovando uma por uma. “O cliente escuta como fica com a guitarra, e aprova ou não”, diz. “Depois, aprova a bateria, depois, o teclado, e assim vai. Se não gostou, é só trocar de instrumento”.
O DJ gerado por inteligência artificial, DeeDee Beatz, também recebeu um “avatar” para chamar de seu. O desenho foi feito por uma equipe terceirizada, e a ideia é replicar isso para os próximos DJs, de outros gêneros musicais, que serão feitos pela empresa.
No futuro, também pretendem comercializar esses beats e a ferramenta para criá-los ao público em geral. “Queremos desenvolver uma plataforma para quem é artista, mas ainda não tem conhecimento de produção musical ou não sabe mexer num software de geração de música”, diz.
A 8Beats já traçou um plano de crescimento para os próximos anos, em termos de entrada de receitas. A meta é que, em três anos, já estejam faturando 10 milhões de reais anuais. A expectativa de crescimento é a seguinte:
Hoje, a receita está toda na entrada de royalties das músicas. Para o futuro, o crescimento do faturamento também está atrelado a uma estratégia de transformar esses DJs de inteligência artificial em influencers. “Estamos criando artistas, igual a um artista comum”, afirma. “Hoje, o cantor ganha dinheiro com publicidade e merchandising também. Por isso, vamos criar nossa própria loja e tentar fechar publicidades para as redes sociais do DJ”.
Apesar de novo, Silva já estuda sobre empreendedorismo há alguns anos, focado sempre em serviços digitais. Nascido no Rio de Janeiro, se considera itinerante. Já morou em 14 casas e hoje fica em Madri, na Espanha. Em 2022, passou a fazer parte da Global Honor Entrepreneurship Society, um grupo de empreendedores de toda América Latina que busca fomentar o mercado empreendedor mundial e paralelamente alcançar os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável traçados pela ONU.