(evergrande group/divulgação)
Redatora
Publicado em 23 de julho de 2025 às 16h04.
Por muitos anos, a Evergrande foi o rosto do boom imobiliário chinês. Criada em 1996, a incorporadora cresceu em ritmo impressionante, com centenas de projetos espalhados pelo país, milhões de apartamentos vendidos e presença até em setores como veículos elétricos, bancos e parques temáticos.
Mas por trás da expansão estava uma engrenagem financeira arriscada: a empresa se endividou para comprar terrenos, vendia imóveis antes mesmo de construí-los e usava esse dinheiro para pagar dívidas antigas.
Um ciclo de alavancagem que só funcionava enquanto o mercado aquecia e a confiança se mantinha.
Em 2020, o governo chinês implementou uma nova política para frear o endividamento excessivo das incorporadoras, chamada de “três linhas vermelhas”. Essas regras impunham limites de alavancagem e exigiam maior controle sobre liquidez e passivos.
Sem acesso a novos financiamentos, a empresa começou a atrasar obras, perder compradores e preocupar credores. Rapidamente, a situação saiu do controle.
Segundo dados da Bloomberg, estima-se que no auge a empresa acumulava mais de US$ 300 bilhões em dívidas, tornando-se a empresa mais endividada do setor imobiliário global.
A tentativa de reestruturação envolveu venda de ativos, promessas a credores internacionais e até mudanças na liderança. Mas nada disso foi suficiente. Em 2024, depois de anos em colapso, a Justiça de Hong Kong aprovou a liquidação oficial da empresa.
Mais do que uma falência, a Evergrande virou um caso de estudo sobre o que acontece quando o crescimento vem antes do controle e quando a pressão por resultado atropela a solidez financeira.
A história da Evergrande mostra que gestão de dívida é tão estratégica quanto expansão de mercado. A empresa não caiu por falta de demanda ou produto, mas por insistir em um modelo que dependia de financiamento contínuo e otimismo permanente.
Ela também expôs os riscos de depender do Estado como salvador final. Mesmo em uma economia controlada como a da China, a Evergrande precisava cair, como sinal de que nem todo gigante é grande demais para falir.
Casos como esse não dizem respeito apenas ao mercado chinês. Ele revela o custo real da má gestão financeira, mesmo quando se tem bilhões em ativos.
A Evergrande mostra que sem estrutura, o crescimento vira risco. E sem liquidez, nenhum império se sustenta.
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