Negócios

Como eles transformaram uma pequena loja de carros usados num império de R$ 1,4 bilhão

Empresa espera crescer 15% em relação a 2023 com novas lojas e aumento do tíquete médio

Daniel Kelemen, do Grupo Viamar: "A expansão foi estratégica, ampliando nosso portfólio e nos permitindo operar em diferentes segmentos do mercado automotivo" (Divulgação)

Daniel Kelemen, do Grupo Viamar: "A expansão foi estratégica, ampliando nosso portfólio e nos permitindo operar em diferentes segmentos do mercado automotivo" (Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 08h02.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 10h58.

Sabe aquela expressão “estar no lugar certo, na hora certa”? Ela se encaixa bem para o Grupo Viamar, um dos maiores conglomerados de concessionárias de veículos de São Paulo.

Em 1994, os sócios fundadores da empresa mantinham uma pequena loja de carros usados na Avenida Goiás, entre São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, muito próximo à fábrica da General Motors por ali. 

Aos poucos, o ponto começou a ficar badalado. Com as metas batidas todos os meses, a loja chamou a atenção, justamente, da GM, que ficava ali ao lado. 

“Eles viram que estávamos vendendo bastante veículo zero quilômetro e nos convidou para sermos revendedores da Chevrolet. Foi quando começou a trajetória do grupo”.

Prestes a completar 30 anos, o grupo comemora um cenário bem diferente daquela época, quando mantinha apenas uma pequena loja. Hoje, são 20 operações espalhadas por São Paulo e um faturamento que já ultrapassa a marca de 1 bilhão de reais. E com perspectivas de crescimento, mesmo diante do aperto monetário dos últimos anos e da restrição do poder de compra dos consumidores.

A nova aposta, claro, é atrelada à venda de veículos híbridos e elétricos. A Viamar está abrindo as suas primeiras lojas da BYD e da Kia. Só numa casa-estande da montadora chinesa no inverno, investiram 300.000 reais.

“O mercado de automóveis não muda, ele muta. Está em constante mutação, e quando se transforma assim, não tem volta”, diz Daniel Kelemen, sócio do Viamar. “O mercado de carros elétricos é assim também, vejo como algo sem volta, mesmo que ainda demore para dominar o setor”. 

Para este ano, a perspectiva do grupo é faturar 1,4 bilhão de reais, um crescimento de cerca de 15% em relação ao ano passado.

Como foi a expansão do Grupo Viamar

Foram três anos apenas com a loja próxima à GM até começar a expansão. Em 1997, abriram sua segunda concessionária, a Viamar Mega Store, que chegou a ser a maior loja da Chevrolet no Brasil. 

Durante os anos 2000, a empresa continuou a crescer, adquirindo novas revendas e ampliando sua atuação para além da Chevrolet. Em 2005, entrou no mercado de motocicletas com a Yamaha, tornando-se a maior concessionária da marca no Brasil, com cerca de 20 lojas.

O próximo grande salto veio com a entrada no mercado de automóveis Hyundai, onde o grupo se tornou o maior representante da marca no Brasil, excluindo o importador oficial. 

"Nós não paramos por aí. Também expandimos para marcas como Renault, Nissan e Volkswagen. A expansão foi estratégica, ampliando nosso portfólio e nos permitindo operar em diferentes segmentos do mercado automotivo," diz Kelemen.

Hoje em dia, o grupo tem loja das seguintes marcas:po

  • Chevrolet
  • Hyundai
  • Nissan
  • BYD
  • Kia

Além das concessionárias, a empresa também tem negócios na área de corridas. Kelemen criou, em parceria com a Hyundai, a Copa HB20, e conta com 90 carros de corrida próprios, que são locados para os pilotos. 

Como a empresa atravessou a pandemia e qual é a estratégia para crescer

A pandemia de Covid-19 trouxe desafios sem precedentes para o setor automotivo, e o Grupo Viamar não foi uma exceção. 

Com a escassez de semicondutores e a dificuldade de venda de carros novos, a empresa teve que se reinventar rapidamente. 

"Quando a pandemia começou, ficamos sem saber para que lado o mercado ia”, diz o sócio. “Mas agimos rápido e tivemos a sorte de que já estávamos trabalhando para implementar um sistema de vendas online. Esse sistema nos ajudou muito, porque conseguimos manter cerca de 30% da receita”. 

A estratégia de vendas online não foi a única adaptação. 

Durante a pandemia, os preços dos carros subiram devido à falta de veículos, e o Grupo Viamar conseguiu operar com preços de tabela, algo incomum em tempos normais. 

"Trabalhar com preços de tabela nos ajudou a manter a rentabilidade mesmo com a queda no volume de vendas," explica Kelemen. 

Para crescer agora, a empresa mira em estratégias como a entrada de novas marcas no portfólio. 

“Estamos apostando forte nos carros elétricos. A primeira loja BYD está sendo inaugurada em São Bernardo do Campo, com planos para mais uma unidade em breve," diz Kelemen. 

Ele acredita que, apesar da adoção dos carros elétricos ainda estar em seus primeiros passos no Brasil, essa é uma tendência irreversível.

Além da BYD, o grupo continua expandindo seu portfólio de marcas para garantir que, mesmo em tempos de crise, haja sempre uma opção atraente para os consumidores. 

"O mercado de automóveis é uma balança. Quando uma marca perde tração, outra ganha. Por isso, é importante ter um leque diversificado de representações," explica Kelemen.

Acompanhe tudo sobre:CarrosAutomobilismo

Mais de Negócios

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação

A Allos é pioneira em sustentabilidade de shoppings no Brasil

Os segredos da Electrolux para conquistar a preferência dos brasileiros há quase um século

Você já usou algo desta empresa gaúcha que faz R$ 690 milhões — mas nunca ouviu falar dela