Geração de valor de uma empresa: uma das medidas mais utilizadas é o Economic Value Added (EVA) ou Valor Econômico Adicionado, calculado pelo lucro operacional deduzido do custo de oportunidade financeiro do capital investido em uma organização (Marcos Santos/USP Imagens)
Redação Exame
Publicado em 23 de março de 2024 às 09h02.
No ambiente corporativo é comum que se busquem medidas para sinalizar a criação de valor em uma organização.
Contudo, a ideia de criação de valor não se refere somente ao lucro contábil, uma vez que a geração de valor só ocorre quando o lucro contábil supera a expectativa do patrocinador do negócio, podendo ser: o acionista, instituição financeira ou ambos.
Neste contexto, uma das medidas mais utilizadas é o Economic Value Added (EVA) ou Valor Econômico Adicionado, calculado pelo lucro operacional deduzido do custo de oportunidade financeiro do capital investido em uma organização.
Por trás do conceito de EVA, percebe-se que qualquer investimento só faz sentido, uma vez que gere o maior retorno possível em relação ao capital aportado.
Ou seja, para que uma empresa se torne atraente para os investidores, faz-se necessário que ofereça uma taxa de retorno acima do custo de capital esperado pelos patrocinadores do negócio.
No início dos anos 90, o EVA foi amplamente divulgado pela consultoria Stern Stewart & Co, de New York, com o objetivo de fornecer informações, que, até então, não eram facilmente mensuráveis pelos investidores.
Para que uma empresa possa ser avaliada quanto às suas operações, e assim agir estrategicamente, é relevante a análise de indicadores de desempenho econômico-financeiros, normalmente compostos por métricas contábeis, como o Lucro Operacional, o EBITDA e o NOPAT (Net Operating Profit After Taxes).
Apesar da importância destes indicadores, eles não traduzem a geração de riqueza para o(s) patrocinador(es) do negócio, uma vez que são contábeis e não de geração de valor econômico. Desta forma, o EVA vem suprir essa lacuna, uma vez que compara o retorno operacional com a remuneração mínima esperada em determinado período.
Existem várias empresas que incorporaram a definição do EVA, desdobrando-o para todas as áreas/departamentos da organização. Assim, o cálculo do Valor Econômico Agregado é definido pela seguinte expressão:
Onde:
Um EVA positivo, evidencia a existência de um retorno operacional superior à expectativa financeira dos patrocinadores.
Tal fato pode, em especial nas empresas de capital aberto, potencializar o valor de mercado da empresa, uma vez que impactará na percepção de ganho de mercado da empresa à perpetuidade, o que tenderá a atrair novos investidores.
O EVA, entretanto, apresenta algumas limitações, uma vez que o indicador pode ser aplicado apenas dentro do período mensurado.
Desta forma, não pode ser utilizado como preditivo de desempenho futuro, especialmente para empresas em processos de reorganização ou prestes a fazer grandes aportes de investimentos.
Ao mesmo tempo, por depender muito do capital investido, o uso do EVA faz mais sentido para atividades de produção intensiva, que transformam insumos em produtos e bens de consumo.
Dessa forma, o Economic Value Added é mais útil para fabricantes de produtos industriais do que para empresas intensivas em ativos intangíveis.
Outro tema, de grande discussão no mercado, relaciona-se às metodologias de avaliação de empresas ou “valuation” disponíveis no mercado, as quais destacam-se:
É um dos mais tradicionais na avaliação de empresas e investimentos. Ele se baseia na ideia de que o valor de um negócio é igual ao valor presente de seus futuros fluxos de caixa. Este método é particularmente útil quando você tem projeções financeiras confiáveis e que considere o valor do dinheiro no tempo.
Este método compara a empresa em questão com outras similares no mercado. Os “múltiplos” são, geralmente, indicadores financeiros como P/L (Preço/Lucro), EBITDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ou até faturamento. Este método é bem mais rápido de aplicar, sendo útil quando você não tem acesso a projeções financeiras detalhadas, e precisa de uma estimativa geral do valor do negócio.
O método baseia-se na avaliação dos ativos líquidos da empresa (ativo menos passivo). Tem maior aplicabilidade em empresas mais antigas com maior participação de ativos tangíveis, como imóveis ou maquinários. É menos utilizado em empresas cujo valor está mais atrelado a ativos intangíveis, como marca e tecnologia.
Considera a flexibilidade e as escolhas futuras que a empresa poderá ter. Esse método é especialmente útil para avaliar empresas que têm projetos de longo prazo com incertezas significativas, como no setor de pesquisa e desenvolvimento ou no mercado de commodities e permite que você avalie opções como expandir, contrair ou até mesmo abandonar um projeto, conforme as condições do mercado mudam.
Avalia quanto custaria para criar uma empresa semelhante à que está sendo avaliada. É particularmente útil para setores em que os ativos tangíveis, como equipamentos e instalações são os principais contribuintes para o valor da empresa. Tem maior aplicabilidade em indústrias de infraestrutura e energia.
Em suma, o valuation é uma ferramenta que desempenha um papel relevante em diversas áreas, desde investimentos e planejamento estratégico até fusões e aquisições.
A escolha da metodologia está alinhada com a característica/tipo de empresa, provendo informações valiosas para a tomada de decisão em negócios e no direcionamento de investimentos no mercado de capitais.