Negócios

Como Apple ajudou um CEO a se recuperar do seu pior erro

Conheça a história da Hi-P International, uma fabricante contratada por clientes como a Apple e a Amazon.com

 (Daniel Acker/Bloomberg)

(Daniel Acker/Bloomberg)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 14h45.

Em 2015, Yao Hsiao Tung tinha 75 anos e queria sossego. Ele tinha começado a buscar alguém para sucedê-lo como CEO da Hi-P International, uma fabricante contratada por clientes como a Apple e a Amazon.com. Mas um prejuízo anual, e o processo por US$ 126 milhões iniciado pela Hi-P por causa desse prejuízo, acabaram com o plano.

O CEO, que diz ser um quebra-galho, atribui o primeiro prejuízo registrado pela empresa desde que entrou na bolsa de Cingapura principalmente a um grande erro que ele não percebeu. A divisão de produtos eletrônicos da empresa assinou um contrato para ajudar a elaborar e produzir um smartphone com duas telas para a Yota Devices sem ter feito suficiente due dilligence. A empresa com sede em Moscou não aceitou os celulares, segundo Yao. Não foi possível entrar em contato com a Yota para pedir comentários.

Após dois anos – e, segundo a Hi-P, cerca de 100 milhões de dólares de Cingapura (US$ 74 milhões) em prejuízos –, a empresa está prestes a registrar o maior lucro anual da sua história, com ajuda de seu trabalho com a Apple. Suas ações mais que triplicaram em 2017, de longe o maior ganho no FTSE Straits Times All Share Index.

“Assumimos riscos desnecessários”, disse Yao, em entrevista, em Cingapura. “Mas acreditei que eu conseguiria reverter essa situação.”

Recuperação

Yao diz que conseguiu financiamento de credores como United Overseas Bank, de Cingapura. Depois, ele alterou a estrutura da empresa e criou quatro unidades de negócios para atender a uma clientela mais diversificada e depender menos de clientes individuais. Ele intensificou o foco da empresa em incentivos aos funcionários e desenvolveu um sistema para avaliar e limitar a exposição ao risco de contrapartes.

Por último, ele entrou com procedimentos de arbitragem contra a Yota para recuperar parte do prejuízo. O processo foi resolvido neste ano por US$ 17 milhões e um acordo que permite que a Hi-P venda o estoque restante do celular que ela fabricou para a empresa russa e conservar o arrecadado.

Essas iniciativas e o relacionamento da Hi-P com a próspera Apple conduziram a uma recuperação. A empresa de Yao registrou um lucro de 54,4 milhões de dólares de Cingapura em 2016 e projeta-se que deve praticamente dobrar essa quantia neste ano, segundo estimativas da DBS Group Holdings. A Hi-P fabrica componentes do iPhone, como a bandeja do cartão SIM e os botões de controle do volume, afirmou a empresa.

Com a companhia estabilizada, Yao começou a planejar a sucessão novamente. Em novembro, ele nomeou Yong Inn Nam como diretor operacional. Yong era responsável pelo desenvolvimento de negócios com clientes, à exceção da Apple, mais um sinal das tentativas de diversificação de Yao. Em uma declaração à bolsa, Yao disse que os líderes da empresa para a próxima geração também estão sendo identificados.

“Não pretendo deixar a empresa a familiares”, disse Yao. “Também não tenho filhos. Mas quero deixar um legado.”

Acompanhe tudo sobre:AppleCEOs

Mais de Negócios

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação