A discussão participativa dos valores ajuda as empresas a definirem regras que estabeleçam um consenso do que pode e do que não é admissível dentro da organização, uma etapa fundamental para construção de relacionamentos de longo prazo nas organizações (Richard Drury/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2022 às 07h55.
“As pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas, mas são demitidas pelos seus comportamentos”.
Esta é uma frase do autor Peter Drucker. Estariam estes comportamentos associados às dificuldades na administração das emoções?
Todas as empresas valorizam bastante o selecionar, desenvolver e reter as competências técnicas — as chamadas hard skills —, mas dificilmente colocam no mesmo grau de importância as habilidades comportamentais — as soft skills —, não criando ferramentas e mecanismos necessários para esta visão integral do ser humano.
A frase de Drucker reflete o hiato deste comportamento empresarial, conduzindo a rupturas nas relações de confiança e consequentes desligamentos, longe da ambidestria que nosso cérebro trabalha com tanta facilidade entre razão e emoção.
O próprio trabalho em equipe acaba comprometido, com desajustes entre os colaboradores que passam a agir defendendo seus próprios feudos, assumindo comportamentos emocionais completamente fora dos padrões esperados.
E tudo isto vem sendo agravado desde o advento da pandemia. Se você gestor, também enxerga estas dificuldades na sua empresa, continue lendo este artigo e encontrará importantes dicas para fortalecer esta cultura colaborativa nas equipes.
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No livro “O Pequeno Príncipe”, a Raposa, símbolo da astúcia, finalmente revela seu grande segredo: “É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”.
Esta famosa frase do autor Antoine de Saint-Exupéry, mostra a importância do uso da emoção, muitas vezes ofuscada pelo uso indiscriminado da parte visível aos olhos, de domínio da razão.
Realmente não conseguimos imaginar uma relação familiar saudável sem a expressão genuína e verdadeira da emoção. Mas e nas empresas? Gostaríamos que os colaboradores exteriorizassem este lado submerso do iceberg, ou ao contrário, estabeleceríamos que o nosso relacionamento deve se pautar apenas no lado visível racional?
Daniel Goleman no seu livro Inteligência Emocional, reforça bem a necessidade desta ambidestria. “Os sentimentos são essenciais para o pensamento e vice-versa”. Porém, alerta na sequência.
“Mas, quando surgem as paixões, esse equilíbrio se desfaz: é a mente emocional que assume o comando, inundando a mente racional”. Poderíamos neste ponto concluir então que razão e emoção são fundamentais no mundo corporativo, mas as paixões é que seriam o problema?
Costumamos dizer que uma empresa de alta performance é aquela em que seus funcionários são apaixonados pelo que fazem.
As corporações trabalham insistentemente o fator motivacional, com discussões abrangentes sobre o propósito da empresa, incentivando a formação de squads empoderados, com mecanismos de delegação, tudo para enxergamos o brilho nos olhos dos colaboradores, para que eles descubram esta paixão e se deixem levar por ela.
Mas e se o corcel fica não só veloz, mas também desgovernado? Pune-se de forma exemplar? Estaríamos neste caso dando uma mensagem ambígua e conflituosa para todos os colaboradores? Mas se não fizermos, estaríamos declarando que indisciplina é permitida? Ou seria melhor evitarmos estas expressões de emoção exacerbada dentro das empresas?
O progresso nos trouxe a tecnologia, com um grande salto durante o período de lockdown na pandemia, rompendo a barreira do receio que a maioria das organizações tinha do home-office.
Porém, curiosamente, Simon Sinek, em entrevista sobre a geração Millennials no trabalho, demonstra preocupação com a ausência dos “quebra-gelos” nas reuniões por videoconferência.
No passado esse hábito era símbolo de improdutividade nas reuniões presenciais, percebendo que as relações de confiança são firmadas neste espaço emocional, onde as pessoas passam a se conhecer melhor, firmando “contratos” colaborativos de longo prazo.
A impessoalidade não cria laços sustentáveis, é preciso conhecer melhor as pessoas e sem emoções, seremos sempre colegas temporários de trabalho apenas.
Nos parece pelo exposto acima, que emoções seriam até mesmo essenciais para conseguirmos equipes de alta performance e firmarmos um ambiente de cooperação duradouro, mas seria possível criar mecanismos empresariais para administrar estas emoções, mantendo-as dentro de certos limites?
Controlar emoções foi e sempre será um grande desafio pessoal e profissional, mas a chave mestra para esta administração das emoções se chama feedback.
Aqui vão algumas dicas que podem auxiliar as empresas na implantação de mecanismos eficazes para administrar emoções e construir relações perenes.
Empresas de grande porte acabam tendo grandes dificuldades com a administração das emoções e na construção de relações duradouras e saudáveis. Pode-se dizer que devido à distância entre as áreas e à própria hierarquia. Por outro lado, possuem recursos e áreas específicas responsáveis pelo monitoramento e controle.
Já nas empresas menores, na maioria das vezes, se tem um grupo reduzido de gerentes, não raro o próprio dono, que acaba tendo que tratar os problemas das relações internas.
Por isso, a lista acima é bem simples e não tem a pretensão de esgotar o assunto, nem as ferramentas que são sempre vastas, mas sim mostrar a estes empreendedores, que é possível agir com simplicidade usando ferramentas e recursos já disponíveis, para construir uma equipe apaixonada, integrada, autêntica, respeitosa e de alta performance.
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