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Como a Toyota se prepara para o futuro sem carros

Maior montadora da Ásia, a Toyota se prepara para um futuro no qual carros autônomos e economia compartilhada ameaçam modelo de propriedade de veículos.

Logo da Toyota em Feira do Automóvel de Los Angeles, Estados Unidos
30/11/2017 REUTERS/Mike Blake (Mike Blake/Reuters)

Logo da Toyota em Feira do Automóvel de Los Angeles, Estados Unidos 30/11/2017 REUTERS/Mike Blake (Mike Blake/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 29 de setembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 29 de setembro de 2018 às 07h00.

Maior montadora da Ásia, a Toyota Motor se prepara para um futuro no qual as pessoas não comprarão carros.

É este o raciocínio por trás dos enormes investimentos da companhia japonesa em serviços de transporte individual, em especial a aposta de US$ 1 bilhão na Grab, líder do segmento no Sudeste Asiático. Para a Toyota, a parceria é uma oportunidade para fazer com que a Grab compre mais automóveis da marca e para oferecer serviços como seguro e manutenção de veículos, explicou Shigeki Tomoyama, responsável global pela divisão de carros conectados da Toyota, em entrevista realizada em Nagoia.

O pacto com a Grab, sediada em Cingapura, é o pilar na Ásia da estratégia da Toyota de se aliar às maiores empresas de transporte individual de cada região e então integrar seu hardware e software em seus serviços. A Toyota tenta ficar à frente de montadoras rivais diante de um futuro incerto, no qual carros autônomos e economia compartilhada ameaçam o modelo tradicional de propriedade de veículos.

“Reconhecemos que os que atuam com mobilidade como serviço controlam grandes números de motoristas e usuários e estão ganhando supremacia sobre seus sistemas de transporte locais”, disse Tomoyama, que agora tem um assento no conselho de administração da Grab. “Não é realista para nós tentar montar um serviço de aluguel de automóveis ou transporte individual do zero em um mercado como os EUA ou a Ásia.”

Tomoyama quer que a Grab passe a alugar a seus motoristas quase exclusivamente veículos Toyota, disse ele. Atualmente, são três da marca a cada cinco locados. A montadora também pretende instalar aparelhos que gravam dados em todos os 7.000 carros da frota de locação da divisão GrabRentals em Cingapura até o fim de março e então expandir a iniciativa para o resto da região. Isso ajudará a Toyota a oferecer serviços como seguro e manutenção aos motoristas por meio do sistema de veículo conectado.

Na Uber Technologies, a Toyota despejou meio bilhão de dólares no mês passado e está desenhando uma minivan para o projeto robô-táxi da empresa. Na China, Tomoyama discute com a Didi Chuxing o tipo de automóvel ideal para uma possível colaboração, mas ainda não chegou a ponto de considerar um investimento.

A Toyota não está sozinha. A Hyundai Motor também investiu uma quantia não revelada na Grab como parte de um acordo para colocar carros menos nocivos ao meio ambiente na frota da GrabRentals. A Honda Motor também investiu na companhia.

Fora da Ásia, a General Motors injetou meio bilhão de dólares na Lyft em 2016 e trabalha em um projeto de robô-táxi com a divisão de automação. Daimler e BMW fizeram a fusão de suas operações de carros compartilhados neste ano, após montarem diversos empreendimentos de transporte individual.

Para o presidente da Toyota, Akio Toyoda, a mudança ameaça a própria sobrevivência da companhia que seu avô fundou em 1937 e o plano é transformá-la em provedora de serviços de mobilidade.

Tomoyama entende que a área de tecnologias avançadas da Uber – que faz as pesquisas com carros autônomos – é essencial para o valor da empresa e que as duas parceiras têm expectativas elevadas uma da outra.

Ele conta que a Toyota acelerou o processo decisório ao adotar outra abordagem hierárquica. Ele e seus seis diretores executivos mantêm contato constate via rede social, o que Tomoyama considera uma enorme mudança.

“Todas as questões centrais são decididas por mensagem instantânea”, ele disse.

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