Negócios

Como a Localiza continuará a ver os concorrentes pelo retrovisor

Para o Banco Fator, estratégia da locadora de veículos se baseia em três pontos

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 17 de janeiro de 2012 às 17h24.

São Paulo – Mais turismo, mais estrangeiro no país, mais aluguel de carros. A conta é fácil e mostra por que a Localiza e demais empresas de locação de veículos estão animadas com o negócio a longo prazo, mesmo com a desaceleração do setor no ano passado.

No caso da empresa mineira, a receita líquida total, até setembro de 2011, cresceu 26,1% - resultado do aumento de vendas tanto aluguéis de carro quanto de frota, crescimento de 37,9% e 27,9%, respectivamente. A empresa, dona de 37,5% do setor de aluguel de veículos, pretende continuar a frente do segmento em disparada com uma estratégia calcada em três pilares, segundo análise do Banco Fator. São eles:

Renovação da frota

Um dos maiores desafios da Localiza, que tem sido bem cumprido até agora, é reduzir a depreciação de seus carros. E a fórmula que a empresa usa para fazer isso é simples: a venda dos veículos que precisam ser renovados financia a compra de modelos novo. Assim, a empresa ainda garante seguro mais baixo e uma frota sempre nova, que estimula os aluguéis de veículos ou frotas pelos clientes.

Em 2011, a companhia anunciou investimento de 2,7 bilhões de reais na renovação e aumento da frota com um pedido de compra de 100 mil carros – o equivalente a 2,8% das vendas internas das três maiores montadoras do país, GM, Ford e Volskwagen. O aporte é 17,6% maior em relação ao investimento feito para o mesmo fim no ano passado, iniciativa que deu certo porque acompanhou a taxa de uso da frota de 70% em 2010.

Ampliação das lojas

Se aumentou o número de passageiros de vôos domésticos no ano passado, aumentou também o número de aluguéis de carros feitos nos aeroportos, certo? Sim, certo. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, não é nos aeroportos que a companhia quer abrir mais pontos comerciais, e sim fora deles.


A aposta da companhia é que, assim, ela aumentará a visibilidade da marca e capilaridade da empresa nas capitais brasileiras. Até junho , das 424 lojas Localiza no país, apenas 98 estavam em aeroportos. As demais eram lojas de rua ou ficavam nos shoppings. A estratégia é oposta àquela seguida pela Avis, que possui quase metade de suas 64 lojas em aeroportos, e a mesma seguida pela Hertz e Unidas, com o detalhe que as concorrentes possuem um número muito menor que esse ( no total elas possuem 103 e 85 lojas, respectivamente). 

O número de pontos comerciais da Localiza pretende ser ainda maior este ano. Até setembro, a empresa atingiu 481 agências de aluguel e 61 lojas de revendas de seminovos, seis delas abertas no período.

Concorrência lá atrás

Depois de amargar dificuldades financeiras por um longo período, mais precisamente desde a crise de 2008, a Unidas, do grupo português SAG, recebeu um aporte capaz de fazer o mercado a encarar como uma futura consolidadora do mercado de aluguel e frota, segundo o Banco Fator. O investimento de 300 milhões de reais foi feito pelos fundos de investimento Gávea, Vinci e Kinea, que passaram a ter 47,2% da companhia.

A entrada de capital fez com que a dívida líquida da Unidas caísse de 520 milhões de reais para 220 milhões de reais. Mas, ainda sim, a empresa ainda tem muito que arrumar em casa antes de fazer frente à maior concorrente. A começar pelo custo de financiamento de sua operação ainda mais elevado que ao da Localiza – por sua dívida alta de curto prazo. Enquanto a Localiza paga CDI mais 2% ao ano pelos recursos, a Unidas arca com CDI mais 5% no mesmo período.

A desconfiança dos investidores com a empresa também um obstáculo para seu crescimento. Em novembro, a Unidas captou 500 milhões de reais em emissão pública de debêntures com prazo de cinco anos, mas 76% do valor ficou com os bancos coordenadores da operação por conta da fraca demanda pelos títulos no mercado.

O cenário faz com que o desempenho da Localiza em 2012 seja ainda mais promissor, estimam os analistas da corretora. O valor da ação da companhia hoje, de 26,84 reais, está bem abaixo do preço alvo estimado de 47,97 reais.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasFranquiasVendasInvestimentos de empresasLocalizaServiços diversosConcorrência

Mais de Negócios

Floripa é um destino global de nômades digitais — e já tem até 'concierge' para gringos

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente