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A JBS Foods arrumou a casa para atrair investimentos

Braço de aves, suínos e processados do grupo JBS anunciou nesta semana sua intenção de abrir o IPO. Veja como ela chegou até aqui


	Fábrica da Seara: compra da marca pela JBS foi o estopim para a criação da JBS Foods
 (Divulgação/Seara)

Fábrica da Seara: compra da marca pela JBS foi o estopim para a criação da JBS Foods (Divulgação/Seara)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 23h23.

São Paulo - Até 5 bilhões de reais. Este é o valor que analistas estimam que a JBS vá arrecadar com o possível IPO da JBS Foods. A companhia foi fundada há menos de oito meses, mas os planos para torná-la forte o suficiente para a bolsa surgiram bem antes disso.

Tudo começou em junho de 2013, quando a JBS passou a estudar uma nova aquisição: a Seara, divisão de aves, suínos e processados da Marfrig.

A companhia era um atrativo para a JBS por ter marcas fortes no segmento de aves, em que compete à unha com a BRF, mas tinha dívidas que chegavam a 5,85 bilhões de reais. Por conta disso, um plano de reestruturação da marca começou a ser elaborado já no início das sondagens de uma possível compra.

Em setembro, quando o negócio foi oficializado, a JBS já tinha tudo pronto para arrumar a nova casa, que acabara de comprar.

Logo de início, foi criada a JBS Foods, para administrar a nova aquisição e englobar outras marcas que não tivessem relação direta com a carne bovina. As marcas Bertin e Friboi, pelas quais o grupo é mais conhecido, continuam pertencendo à JBS Carnes.

Entre outras, passaram a fazer parte da nova divisão a Doriana, a Confiança, a Excelsior, a Pena Branca, a Rezende e a LeBon.

Depois, foi a vez das mudanças mais drásticas. A Seara, que foi comprada por 6 bilhões de reais, foi reestruturada e apenas as grandes marcas, como a própria e a Rezende, permaneceram.

A JBS Foods, então, estabeleceu novos padrões de produção nas linhas de fábrica, alterou as rotas e todo o projeto de logística, reduziu fretes e cortou centros de distribuição desnecessários. A empresa estima que as mudanças tragam economias de até 1,2 bilhões de reais todos os anos.

Resultado: já no primeiro trimestre de operação, a JBS Foods conseguiu realizar o turn around e desfazer-se de boa parte das dívidas que vieram com a Seara.

O foco, a partir daí, passou a ser o reposicionamento da marca no mercado. Para isso, a empresa contratou Washington Olivetto para que ele estrelasse ninguém menos que Fátima Bernardes em sua campanha publicitária sobre a marca.

Foi a primeira propaganda da jornalista, o que por si só já rendeu grande visibilidade. Os valores dos contratos, obviamente, não foram divulgados.

Agora, a JBS Foods diz estar preparada para dar mais um passo além: realizar a oferta de ações na bolsa. Com valor de mercado estimado em 20 bilhões de reais, espera-se que ela arrecade de 3 a 5 bilhões de reais, dizem analistas.

Com os aportes, a nova empresa espera terminar de pagar suas dívidas e investir nas mudanças que podem trazer ainda mais eficiência. Para a companhia, o IPO não é o objetivo final, e sim mais um passo no fortalecimento do novo braço da JBS.

Caso ocorra, o IPO da JBS Foods será o primeiro do ano entre as empresas brasileiras, que estão receosas ante o clima de incertezas da economia. A Azul, a Votorantim e a Fras-Le foram algumas das companhias que desistiram de fazer ofertas neste ano.

"O mercado de capitais não está de vento em popa. Estamos acompanhando. Vamos fazer o IPO da JBS Foods quando o momento foi propício", disse Wesley Batista, presidente do grupo JBS. 

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